Vídeo: como o Banco Master chegou ao colapso e o que acontece agora com os investidores
Banco Central decreta liquidação do Master após anos de captação agressiva, ativos ilíquidos e suspeitas de desequilíbrio financeiro; controlador é preso ao tentar deixar o país
A liquidação extrajudicial do Banco Master, decretada nesta terça-feira (18), pelo Banco Central (BC), encerra um ciclo de seis anos marcado por crescimento acelerado, captação agressiva e sinais crescentes de desequilíbrio financeiro. O controlador do banco, Daniel Vorcaro, foi preso pela Polícia Federal na manhã de hoje ao tentar deixar o país.
A trajetória que levou ao desfecho começou em 2019, quando o Master passou a se destacar entre os bancos médios ao oferecer Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com juros muito acima da média do mercado, chegando a 140% do CDI. A estratégia atraiu dezenas de milhares de investidores em busca de rentabilidade superior e permitiu que a instituição acumulasse cerca de R$ 58 bilhões em captações – valor equivalente a quase metade da liquidez total do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), entidade responsável por ressarcir investidores em caso de quebra bancária.
Apesar da expansão, o modelo de negócios carregava fragilidades. Os recursos captados a taxas elevadas eram aplicados em ativos considerados de baixa liquidez, dificultando o resgate rápido em momentos de estresse. Na prática, o banco arcava com um custo de captação alto, assumia riscos adicionais na carteira de crédito e mantinha aplicações difíceis de converter em caixa, uma combinação que analistas apontavam como insustentável no longo prazo.
Em 2025, os primeiros sinais de deterioração começaram a ganhar força. Mesmo com lucros crescentes nos balanços, o mercado passou a questionar a governança do banco e a qualidade dos ativos. A situação se agravou em março, quando o Banco de Brasília (BRB) tentou adquirir o Master, mas teve a operação vetada pelo Banco Central. O impedimento foi interpretado por analistas como um alerta de que havia problemas estruturais na instituição.
A partir desse momento, a liquidação extrajudicial passou a ser tratada como possibilidade concreta. Na segunda-feira (17), o grupo privado Fictor chegou a apresentar uma proposta de compra, mas o BC considerou que o banco já estava em condição financeira inviável. No dia seguinte, o órgão regulador determinou a liquidação, classificando o Master como insolvente.
Com a decisão, o Banco Central deve nomear um liquidante, responsável por levantar os ativos da instituição e organizar a ordem de pagamento aos credores. Em processos desse tipo, funcionários e tributos têm prioridade. Investidores ficam no fim da fila, o que aumenta a importância do FGC para quem possui CDBs do banco.
O FGC garante até R$ 250 mil por CPF, incluindo rendimentos. Valores acima desse limite entram na massa falida, mecanismo no qual o investidor depende da venda dos ativos do banco – um processo que pode levar anos e não traz garantia de recuperação total.
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O fundo só inicia os pagamentos após receber do liquidante a lista de credores, etapa que costuma levar cerca de 30 dias. Quando a relação for enviada, o investidor deverá acessar o aplicativo do FGC, realizar o cadastro, confirmar os dados e assinar o termo de recebimento. Segundo o próprio fundo, após essa etapa, o pagamento costuma ser efetuado em até 48 horas úteis.
A liquidação do Banco Master adiciona um novo capítulo à discussão sobre risco, retorno e governança no mercado de crédito privado brasileiro. Enquanto o processo avança, investidores devem acompanhar os comunicados oficiais do FGC e do Banco Central para orientações sobre as próximas etapas.