- Redução no preço de alguns alimentos é positiva e impacta na vida das famílias
- Mas saber escolher os itens é o que vai fazer a diferença no orçamento
Alimentos como cebola, laranja, batata, filé mignon e banana estão entre os dez produtos que tiveram queda no preço em agosto, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A redução no preço traz impacto direto no bolso do consumidor, principalmente para aquele que tem renda de até dois salários mínimos.
“A inflação de alimentos é a mais punitiva porque o orçamento familiar nas classes de menor renda é muito concentrado nesses itens essenciais”, explica Luan Alves, analista chefe da VG Research. De acordo com ele, a alta nos alimentos durante a pandemia, principalmente nos anos de 2020 e 2021, foi a que mais impactou os brasileiros com orçamento nas faixas mais baixas. Ou seja, a redução apresentada agora traz um respiro para as finanças dessas famílias.
“O consumidor de classe baixa tem uma sensação maior de alívio, porque os alimentos respondem por uma parcela maior no orçamento dele do que no orçamento de alguém que pertence a uma classe mais alta, que gasta com outros itens como educação e plano de saúde”, explica Alves.
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Mas diante das reduções, será que vale a pena incrementar o cardápio ou aproveitar a oportunidade para economizar? Na visão de Julian Portillo, professor de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), a redução porcentual é positiva, mas precisa ser encarada com cautela. “A variação é importante, mas o preço, o quanto o consumidor vai pagar pelo produto, é o que de fato vai impactar suas finanças”, explica, ao E-Investidor.
Um exemplo claro é o do filé mignon. O corte nobre ficou em sétimo lugar entre os produtos que tiveram maior redução de preço de janeiro a agosto. Ainda assim, 1 kg da peça gira em torno de R$ 70 a R$ 80. Já o patinho, 28º colocado entre os mais baratos, apresentou um porcentual de queda de 8,82%, mas seu quilo custa em média R$ 40.
Para manter a vida financeira organizada, a palavra de ordem precisa ser “economia”. “Você não tem como saber com precisão como vai ser o preço amanhã”, pondera Portillo.
A declaração do professor da UPM se alinha ao que Alves, da VG Research, diz. “Eventualmente a gente pode ter uma aceleração dos preços mais para frente. Nada indica que isso vá acontecer até o final do ano, mas, por prudência, você pode criar uma reserva e começar a investir para isso te dar uma segurança no futuro”, aconselha.
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“Não faz sentido um consumidor passar a comer filé mignon só porque caiu um pouco esse ano. Tem que ter um controle orçamentário. Mas se ele já consome, é um item que faz parte do seu dia a dia, o impacto passa a ser mais positivo”, completa Alves.
Quais alimentos ficaram mais baratos em agosto?
De acordo com dados da tabela Sidra referente a agosto de 2023, que considera o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais recente, a cebola foi o item com maior queda entre os alimentos consumidos nos lares brasileiros. Confira a seguir os dez alimentos que ficaram mais baratos de janeiro a agosto:
Alimentos que ficaram mais baratos em agosto | |
1- Cebola | -43,71% |
2- Laranja – baía | -36,14% |
3- Óleo de soja | -28,86% |
4- Abacate | -25,79% |
5- Batata-inglesa | -19,33% |
6- Óleos e gorduras | -17,35% |
7- Filé mignon | -16,95% |
8- Banana maçã | -15,13% |
9- Tubérculos, raízes e legumes | -15,00% |
10- Peixe (do tipo peroá) | -14,58% |
E os alimentos que ficaram mais caros?
Por outro lado, alguns itens ficaram mais caros para o consumidor ao longo do ano. No topo da lista está o morango, seguido por cenoura e manga. Nesse caso, a recomendação dada por Alves é para a substituição daqueles que não forem considerados essenciais. “Tem como você se blindar da inflação fazendo substituição de produtos. Com isso, abrimos espaço para economizar”, orienta.
Ainda assim, alguns produtos, mesmo ficando mais caros, ainda se encaixam melhor no orçamento familiar. “Os ovos [12º lugar entre os mais caros] encareceram, por exemplo. Mas comparados ao filé mignon ainda são itens muito mais acessíveis”, observa.
Confira os dez alimentos que ficaram mais caros no acumulado de janeiro a agosto:
Alimentos que ficaram mais caros em agosto | |
1- Morango | 73,09% |
2- Cenoura | 63,02% |
3- Manga | 42,31% |
4- Repolho | 24,38% |
5- Açaí (emulsão) | 17,77% |
6- Batata doce | 17,71% |
7- Abacaxi | 17,57% |
8- Banana da terra | 16,91% |
9- Melão | 15,05% |
10- Alface | 14,18% |
*Nota da redação: O título da reportagem foi alterado às 19h16 do dia 15 de setembro porque o original poderia induzir ao entendimento de que a queda no preço de alguns alimentos teria um efeito negativo para o bolso. A orientação dos especialistas é que o consumidor tome cuidado para que a redução de preços não provoque um aumento exagerado de consumo de alguns itens e gere descontrole no orçamento mensal.