O que está acontecendo com o Grupo Petrópolis, das cervejas Itaipava e Crystal?

Cervejaria com dívida bilionária pede recuperação judicial

A Cervejaria Petrópolis, dona das marcas Itaipava, TNT, Cacildis, Black Princess, Crystal e Petra, entrou com pedido de recuperação judicial após acumular dívidas de cerca de R$ 4,2 bilhões.

A cervejaria da região serrana fluminense tenta assim bloquear a cobrança de dívidas do grupo, além de nomear os administradores judiciais.

Medida cautelar deferida pela 5ª Vara Empresarial da Justiça do Rio nomeou a Preserva-Ação e a Zveiter Advogados como os administradores judiciais responsáveis. Ambas também estão envolvidas no caso Americanas.

O Grupo Petrópolis alega que sua crise de liquidez é resultado direto de quedas de receita ao longo de 2022, além dos altos juros incidentes sobre suas dívidas.

Paralelamente, as ações da Ambev (ABEV3) deram um salto.

No entanto, a alta teria mais a ver com uma correção de preços após alguns investidores enxergarem possíveis correlações com o caso Americanas. As duas empresas têm os mesmos sócios de referência.

Há também um olhar positivo de que o consumidor das cervejas do Grupo Petrópolis eventualmente migrem para os produtos da Ambev – Brahma, Skol e Antarctica.

No começo de fevereiro, a associação CervBrasil (da qual fazem parte o Grupo Petrópolis, Germânia e Lund, entre outros), chegou a pôr em dúvida os balanços financeiros da Ambev, alegando uma possível dívida tributária do braço brasileiro da gigante AB Inbev.

Ambev e CervBrasil

O dono do grupo Petrópolis, Walter Faria, chegou a ser distribuidor da Schincariol (posteriormente vendida à Kirin e hoje em mãos da Heineken) na década de 1990 antes de comprar a Petrópolis anos mais tarde.

Segundo reportagem do Estadão, Faria teve seu nome envolvido no âmbito das investigações da Lava Jato e vive uma contenda milionária com offshores relativas à compra da Incopa, empresa do setor da soja, igualmente em recuperação judicial.

Famosa pelo lacre de alumínio de suas latinhas, a Itaipava ganhou notoriedade nacional ao adquirir os naming rights da Arena Fonte Nova, em Salvador. O estádio da Copa do Mundo de 2014 foi construído pelas empreiteiras baianas OAS e Odebrecht.