Ele é um ressegurador. Simplificando, é o seguro da sua seguradora. Exemplo: você faz o seguro de uma Ferrari, que tem prêmio altíssimo; se tiver um sinistro, é um grande prejuízo, então sua seguradora faz resseguro total ou parcial dessa apólice em empresas como a IRB.
O IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) foi criado por Getúlio Vargas em 1939. Apesar de inúmeras tentativas de desestatização nos anos 1990, o IRB manteve monopólio do mercado de resseguros no país até 2007 e foi privatizado só em 2013.
Depois de muitas idas e vindas, seu tão esperado IPO e estreia na bolsa de valores ocorreram em setembro de 2017, movimentando pouco mais de R$ 2 bilhões.
Os papéis IRBR3 rapidamente se tornaram um dos destaques da B3, valorizando-se fortemente do IPO à janeiro de 2020, quando chegaram a ser cotados a R$ 40,74. Potencial de crescimento e dividendos eram fortes atratores.
No início de 2020, a gestora Squadra publicou uma polêmica carta explicando sua posição de short (“vendida”) sobre o IRB, apostando em uma queda dos papéis da resseguradora, motivada por indícios de problemas contábeis.
Lucros improváveis, falsa notícia de participação da Berkshire Hathaway de Warren Buffett, renúncia de diretores, demissão de chefe de controladoria, investigação da CVM, fraude sobre apropriação milionária de bônus, revisão para baixo dos balanços de 2018 e 2019, pandemia. Foi um nocaute.
Com sérios problemas contábeis, de transparência e governança, a nova gestão trabalhou para virar o jogo com flexibilização do conselho administrativo, liquidez de caixa, mudanças administrativas e até aumento bilionário de capital (através de emissão de novas ações).
Em 2022, o megainvestidor Luiz Barsi e a gestora BlackRock compraram consideráveis participações acionárias no IRB. Louise Barsi hoje integra comitê de auditoria. No entanto, parte do mercado ainda se mantém neutra com relação à resseguradora.
Retomar a confiança dos investidores, mostrar abertamente seus números e voltar ao azul com consistência estão no topo das prioridades. Resolver pendenga judicial com minoritários que buscam reaver prejuízos pela má gestão é outro capítulo. O tamanho da bolada? R$ 500 milhões.