Por que o Ibovespa foi abaixo dos 100 mil pontos? Listamos 10 razões além dos juros

Não é só a Selic: demanda por commodities e rumores por reestatização também não ajudam

O Ibovespa – principal índice da bolsa de valores brasileira e termômetro dos humores do mercado financeiro – ficou abaixo da marca psicológica dos 100 mil pontos após o pregão da quinta-feira (23)

Listamos aqui 10 razões além da Selic alta para que os investidores mantenham aversão ao risco e à distância da renda variável.

Juros altos aqui

Com o Copom mantendo a Selic a 13,75%, as empresas se endividam mais, comprometendo balanços e dividendos, e investem menos em aquisições, tecnologia, novos produtos e crescimento de negócios.

Juros Alto nos EUA

Com o Fed aumentando a faixa dos juros por lá, investidores estrangeiros acabam mantendo seus recursos por ali mesmo, como em bonds do Tesouro norte-americano.

Renda Fixa

Com letras de crédito e títulos do Tesouro pagando retornos próximos ou acima do CDI, investidores têm pouco incentivo para arriscar na ainda muito volátil bolsa de valores.

Turbulência no exterior

A quebra dos bancos Signature e SVB e a novela Credit Suisse-UBS trazem apreensão aos investidores estrangeiros e pôr dinheiro em um mercado encarando seus próprios fantasmas (como é o nosso caso), não é uma alternativa de segurança.

Corrosão do poder de compra

Juros altos, crédito caro, consumidor menos propenso a gastar. Some-se isso a inflação, o aumento de aluguéis e de custos, a crise das Americanas (AMER3) e temos as ações dos setores de varejo e consumo – Assaí (ASAI3), Marisa (AMAR3), GPA (PCAR3) e Ambev (ABEV3), entre outras – todas no vermelho nos últimos meses.

Vale (VALE3)

A Vale é a companhia com maior peso no Ibovespa (15,7%) e qualquer recuo seu já impacta o índice (e ela está operando em queda de quase 12% no acumulado do ano). Preços baixos nos contratos futuros e restrições na China não contribuem para perspectivas de curto prazo (apesar de recomendações de compra).

Frigoríficos

As ações dos grandes exportadores de proteínas andam em baixa após balanços pouco animadores, puxados pela alta de custos – principalmente os relacionados à ração. JBS (JBSS3), Minerva (BEEF3), BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3) estão todas negativas em 2023.

Bancos

Outros pesos-pesados dentro do Ibovespa, as ações dos bancos escorregam neste primeiro trimestre. Exposição ao caso Americanas, risco de inadimplência, novo ciclo de crédito, provisões e redução de previsão de dividendos trazem baixas a Santander (SANB11), Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4).

Petrobras e Eletrobras

Apesar de lucros e dividendos recordes de PETR3 e PETR4 em 2022, a petrolífera traz desconfiança aos investidores com possíveis interferências do governo em sua política de preços e investimentos. O mesmo vale para a tentativa de reestatização da Eletrobras (ELET6), outra ação com forte peso no principal índice da B3.

Commodities

Enquanto as ações de Gerdau (GGBR4) caíram por queda de lucratividade de operações no exterior, Suzano (SUZB3) vê preços baixos da celulose. Ou seja, a demanda por commodities e a recuperação da economia dos compradores ainda passa por uma fase um tanto letárgica.

Arcabouço Fiscal

A clarificação das regras de limites de gastos do governo federal são tanto um fator de dúvida como de alívio para o mercado. Assim que definidas, espera-se que tenhamos um norte mais robusto para a política monetária do BC e a taxa de juros.

Queda do Ibovespa