Proventos: fim do JCP pode fazer valor de mercado de maiores pagadoras recuar quase uma Ambev. Entenda

Tal como os dividendos, os juros sobre capital próprio (JCP) são um tipo de provento que atraem os investidores que buscam uma renda extra.

No entanto, o ministro Fernando Haddad critica o JCP, argumentando que ele estaria sendo utilizado pelas empresas para pagar menos tributos.

Contabilmente, o JCP é tratado como despesa, diminuindo a base do lucro tributável e, consequentemente, os impostos devidos, o que acaba por melhorar o resultado final do balanço.

Já o investidor que recebe JCP deve pagar um imposto de renda com alíquota de 15%, uma carga consideravelmente menor que os 34% do IRPJ e CSLL.

Além de resolver esta ‘distorção’, o fim do JCP aumentaria a arrecadação da União em R$ 15 bi já em 2024 dentro do escopo da reforma tributária.

O governo Lula encaminhou assim um projeto de lei para extinguir o JCP que agora está sob apreciação do Congresso Nacional.

Caso aprovado, o impacto para as ações das empresas que distribuem JCP pode ser considerável, com um eventual recuo de cerca de R$ 170 bilhões somente entre as 6 maiores pagadoras.

Isso é quase o equivalente ao valor de mercado de uma empresa do porte da Ambev, cujo valor atual de mercado gira em torno de R$ 200 bilhões.

Entre as campeãs dos JCP estão a própria Ambev (ABEV3), Petrobras (PETR4), Cemig (CMIG4), Copel (CPLE6), Banco do Brasil (BBAS3) e Itaú Unibanco (ITUB4).

Seriam exatamente os dois grandes bancos os maiores prejudicados, com expectativa de recuo de 26,5% para o Itaú e 31,5% para a estatal.