Roberto Campos Neto: conheça o presidente do Banco Central

Economista e Lula divergem sobre juros, inflação e política econômica brasileira

Se setores da direita elegeram o ministro do STF Alexandre de Moraes como seu arqui-inimigo, parece que parte da esquerda, inclusive o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apontam o Banco Central e especificamente seu presidente, o economista Roberto Campos Neto, como um entrave ao desenvolvimento econômico.

Campos Neto assumiu o cargo no BC em 2019 no governo de Jair Bolsonaro, substituindo Ilan Goldfajn, sob indicação do então ministro Paulo Guedes. Lula veladamente acusa o executivo com um alinhamento mais liberal e à direita.

O ex-executivo do mercado financeiro estudou finanças na Universidade da Califórnia (UCLA) e fez carreira no banco Santander. Ele é neto do também economista, diplomata e ex-ministro do planejamento Roberto Campos, um dos idealizadores do BNDES.

"Não é possível que a gente queira que este país volta a crescer com taxa de 13,75%. Nós não temos inflação de demanda. É só isso. É isso que eu acho que esse cidadão, indicado pelo Senado, tenha possibilidade de maturar, de pensar e de saber como vai cuidar deste país. Ele tem muita responsabilidade".

- Presidente Lula, no começo de fevereiro, sobre Campos Neto

Sob pressão, é possível que Campos Neto preste explicações no Congresso Nacional sobre a condução da política econômica do Banco Central e os atuais níveis da Selic fixados pelo Comitê de Política Monetária, o Copom.

Enquanto a sabatina frente aos parlamentares faz parte do jogo político e democrático – e esclarecimentos são sempre bem vindos – o atual patamar da Selic de 13,75% é o mesmo desde junho de 2022 e está em dois dígitos desde fevereiro passado, quando a pressão inflacionária já se fazia presente.

Foi na gestão de Campos Neto que a taxa básica de juros chegou aos 2%, em agosto de 2020, em um período de forte corrida à Bolsa de Valores.

Campos Neto também é acusado por sua proximidade com o bolsonarismo, fazendo parte de grupos de WhatsApp ligados ao ex-presidente e inclusive sendo acusado de ter votado nas últimas eleições usando uma camisa amarela da seleção.

Além de criticar os juros altos e seu possível alinhamento com seu antecessor, Lula faz críticas fortes quanto às metas de inflação e à independência do Banco Central.

Vale lembrar que as metas de inflação são definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) – formado não só pelo presidente do Bacen, mas também pelos ministros da Fazenda (o petista Fernando Haddad) e Planejamento (Simone Tebet). A primeira reunião da nova composição do CMN será realizada agora em fevereiro.

As metas da inflação – no caso, o IPCA, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – são definidas com até três anos de antecedência, cabendo ao Banco Central (e ao Copom) tentar atingir esse alvo com os instrumentos que lhe cabem, como os juros.

Lula já classificou a independência do Banco Central de “bobagem” e que o Brasil precisa voltar a crescer (e que os atuais juros estariam impedindo esse ímpeto).

Confira as repercussões da entrevista do presidente do Banco Central, o economista Roberto Campos Neto, no programa Roda Viva.

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