Swatch: como fusão de suíços combalidos deu origem ao maior grupo relojoeiro do mundo

Compra do Credit Suisse pelo UBS espera retornar credibilidade a sistema bancário

A compra do Credit Suisse pelo UBS, formando um banco com US$ 5 trilhões em ativos, foi o mais recente capítulo no hoje questionado sistema bancário da Suíça.

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Mergulhado em problemas de governança, acusações de lavagem de dinheiro e falta de transparência, a compra a toque de caixa – apoiada pelos reguladores locais – foi a medida radical para salvar o sistema financeiro suíço.

Curiosamente, uma mega fusão na Suíça da década de 1980 igualmente ajudou a resgatar sua tradicional indústria de relógios.

Durante a década de 1970, relógios japoneses baratos, acessíveis e precisos, tomaram o mercado antes dominado por aparelhos suíços de corda e eletromecânicos. A chamada crise do quartz foi o auge de marcas asiáticas como Seiko, Citizen e Casio.

Para salvar a indústria de relógios local, as quase falimentares ASUAG e SSIH se fundiram no que mais tarde viria a se tornar o Grupo Swatch.

Fundada em 1930, a SSIH (Société Suisse pour l'Industrie Horlogère), uma fusão entre a Omega e a Tissot, ficou insolvente nos anos 1970 e acabou assumida por seus credores.

Um ano mais jovem, a ASUAG (Allgemeine Gesellschaft der Schweizerischen Uhrenindustrie), a maior fabricante mundial de peças relojoeiras de precisão, também entrou em colapso à mesma época.

A fusão idealizada pelo empresário Nicolas Hayek foi bancada por autoridades reguladoras, investidores externos e, posteriormente, a abertura de capital da empresa (SWX: UHR).

O produto salvador não foi nenhum relógio caríssimo, complexo e exclusivo, mas um produto simples, acessível, estiloso e focado em um público mais jovem, os coloridos e divertidos Swatch.

Hoje o grupo Swatch é o maior do mundo em seu setor e dono de marcas como Certina, Tissot, Longines, Omega e Mido.

A indústria suíça recuperou seu prestígio e ocupou nichos de luxo, com a Richemont, outro grupo do país, conquistando espaço com as linhas premium Piaget, Cartier, IWC e Montblanc.

Na arena global, o mercado tem como outros grandes players a francesa LVMH (Tag Heuer, Bvlgari, Zenith) e as japonesas Citizen e Seiko, além do crescente segmento de smartwatches de Apple, Samsung, Fitbit e Garmin.

Marcas como Hublot, Patek Philippe, Rolex e Parmigiani estão entre as favoritas de políticos brasileiros, jogadores de futebol, autoridades árabes, oficiais da CBF e Fifa e oligarcas russos.

Curiosidade: um relatório do WWF de 2018 indicava que grande parte do ouro explorado anualmente por mineradoras têm como destino a indústria relojoeira e muitos fabricantes não explicavam as origens de seus metais preciosos.

De lá para cá marcas como Omega, Tag Heuer, Richard Mille e IWC Schaffhausen adotaram certificações de origem ética de seus produtos como o do The Responsible Jewellery Council.