O Banco Central afirmou nesta quinta-feira (30) que a atuação do Comitê de Política Monetária (Copom) se deu em linha com o que é esperado em um regime de metas de inflação, em meio a críticas por parte de agentes de mercado de que a autoridade monetária teria ficado atrás da curva, perdendo a habilidade de garantir uma inflação na meta apesar das expectativas de uma Selic mais alta.
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“As decisões (do Copom) foram em boa medida previsíveis e próximas ao que a maior parte dos agentes entendia adequado em cada momento, atestando a credibilidade do Banco Central”, defendeu o BC em box sobre ancoragem das expectativas de inflação e condução da política monetária incluído no Relatório Trimestral de Inflação.
O BC afirmou que as expectativas do mercado dadas pela mediana das projeções do Focus para a inflação acumulada em 12 meses que se realizará 18 meses à frente tiveram maior descolamento para baixo em agosto de 2020, de 0,8 ponto em relação à meta, “ainda sob a nítida influência dos efeitos desinflacionários iniciais da pandemia e logo antes que diversos choques inflacionários se manifestassem”.
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Ainda segundo o BC, essas expectativas desde então subiram e, na ponta, estão 0,4 ponto acima da meta correspondente.
Numa análise da diferença entre a inflação acumulada em 12 meses e a meta de inflação, o BC apontou que, a despeito da inflação corrente alta, as expectativas se mantêm “relativamente próximas à meta, ao contrário do observado entre 2010 e 2015”.
“Portanto, considerando o quão desafiador é o atual ambiente em que se conduz a política monetária – contexto marcado por sucessão atípica de choques, que se revelam mais persistentes que o esperado e que levaram a inflação a patamar elevado – é significativo que as expectativas para um horizonte relativamente próximo continuem próximas à meta, em comparação a desvios observados em anos anteriores”, disse o BC.
De acordo com pesquisa Focus mais recente, as projeções do mercado são de IPCA em 8,45% este ano, 4,12% ano que vem e 3,25% em 2023, contra metas centrais de 3,75%, 3,5% e 3,25%, respectivamente. Já o BC prevê, para os mesmos exercícios, inflação de 8,5%, 3,7% e 3,2%.
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No relatório, o BC lembrou ainda que, analisando as expectativas dos agentes nos questionários pré-Copom desde o início de 2020, quando começaram a surgir os primeiros sinais de pressão inflacionária em setembro de 2020, 10% dos analistas achavam adequado um estímulo monetário adicional.
O BC também ressaltou que, entre outubro de 2020 e janeiro de 2021, menos de 5% consideravam adequado que se iniciasse o processo de aperto na Selic.
O BC começou a elevar os juros básicos em março deste ano, tirando a taxa da mínima histórica de 2% que havia sido alcançada em meio à pandemia de coronavírus. Desde então, os juros já subiram 4,25 pontos, ao patamar atual de 6,25%.
Para a próxima reunião do Copom, em outubro, o BC já sinalizou que deverá adotar outra alta de 1 ponto na Selic.
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Na ata do Copom publicada esta semana, o BC revelou que ponderou subir os juros para além do ajuste de 1 ponto que acabou adotando na semana passada, mas chegou à conclusão que considerando o cenário de incertezas sobre os choques na inflação, era melhor aumentar o ciclo de aperto na Selic para patamar “significativamente contracionista”.