- Segundo a Anbima, do saldo de R$ 420,9 bilhões acumulado na indústria de fundos, entre janeiro e outubro deste ano, R$ 255,2 bilhões, ou 60,6%, equivalem à classe de renda fixa. Enquanto isso, os fundos de ações já sofreram resgates por dois meses (setembro e outubro)
- Olhar o retorno do fundo é importante, desde que se tenha em mente uma velha máxima do mercado: rentabilidade passada não representa possibilidade de resultado futuro. O conselho é de Rodrigo Beresca, analista de soluções financeiras da Ativa Investimentos
- Abdalla, da Rio Bravo, cita também os fundos que investem em ativos de infraestrutura. Para ele, a classe de fundos com maior potencial no Brasil no momento, e que estão aparecendo cada vez mais abertos às pessoas físicas no varejo
Os abalos sofridos pelos ativos negociados na B3 provocaram uma forte migração dos recursos alocados em fundos de renda variável para os de renda fixa, que representam mais da metade do saldo líquido de toda a indústria de fundos do Brasil até outubro, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Uma vez que esse movimento tem perspectiva de continuar em 2022, como investidores podem escolher uma boa opção dessa classe de investimento?
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De acordo com a Anbima, do saldo de R$ 420,9 bilhões acumulado na indústria de fundos, entre janeiro e outubro deste ano, R$ 255,2 bilhões, ou 60,6%, equivalem à classe de renda fixa. Enquanto isso, os fundos de ações já sofreram resgates por dois meses consecutivos (setembro e outubro).
“Olhando para frente, é difícil dizer que esse fluxo de migração (de fundos de ações para renda fixa) já acabou. Pelo nosso mapeamento aqui, ainda teria espaço para esse fluxo continuar”, analisa Dan Kawa, sócio da Tag Investimentos e colunista do E-Investidor.
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Do ponto de vista de rentabilidade, a média dos fundos de renda fixa ficou positiva em 0,27%, nos 10 primeiros meses do ano, enquanto todas as categorias de fundos de ações apresentaram rendimento negativo no mesmo período.
Considerando o cenário ainda positivo para 2022, os investidores poderão ver boas performances na renda fixa e, para fazer uma boa escolha, especialistas recomendam atenção em aspectos como retorno, liquidez e custos (taxas).
Definindo os objetivos
Antes de investir, é primordial saber o que se espera desse dinheiro. Isso vale para qualquer investimento, inclusive para os fundos.
“É um dinheiro que está parado e se quer rentabilizar um pouco mais ou quer proteção contra a inflação ou é um dinheiro que para buscar um retorno?”, questiona Leon Abdalla, analista de investimentos da Rio Bravo.
Outro ponto importante para se ter no radar é a urgência de uso do recurso, para saber qual prazo de investimento faz sentido escolher. Alguns fundos podem ter um período de resgate longo. Portanto, em casos de emergência, não seria possível ter acesso ao dinheiro investido.
Olhar o retorno do fundo é importante, desde que se tenha em mente uma velha máxima do mercado: rentabilidade passada não representa possibilidade de resultado futuro. O conselho é de Rodrigo Beresca, analista de soluções financeiras da Ativa Investimentos.
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“Quando faz a análise da performance histórica de um fundo, esse resultado pode dar uma ideia de como o fundo performou em determinado cenário econômico. Mas você não deve esperar que aquele resultado seja garantido para o futuro”, diz Beresca.
O retorno, para o especialista, pode apontar para a qualidade de quem faz a gestão do fundo. “O fundo que vem performando bem nos últimos tempos tende a ter uma qualidade de gestão boa, melhor do que aqueles que não têm apresentado tantos resultados”, completa Beresca.
Os especialistas também chamam atenção paras os custos que os fundos podem ter devido a cobrança de taxas de administração e performance, embora esta última, segundo eles, não seja tão comum em fundos de renda fixa.
O ideal é olhar não só para o tamanho da taxa isoladamente, mas sim avaliar todo o potencial de retorno do fundo. “Às vezes, um fundo que cobra taxa de 2% de administração, entrega um resultado muito melhor do que um que cobra taxa de 1%”, exemplifica o analista da Ativa.
Qual fundo de renda fixa escolher?
Com objetivos, perfil de risco e liquidez definidos, os investidores têm uma gama variada de opções no mercado.
Abdalla diz que, se o objetivo é proteção contra inflação, fundos que têm o IPCA como referência são uma boa alternativa para preservar o poder de compra. Exemplos disso são fundos que investem em debêntures IPCA ou em títulos públicos atrelados à inflação, que são as NTNBs.
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Uma opção para quem busca retornos maiores em fundos de renda fixa são aqueles de crédito privado. Essa classe de fundo investe em títulos de dívidas de empresas. No entanto, por oferecerem rentabilidade mais alta, esses fundos podem requerer um prazo maior de aplicação.
Além disso, o tamanho do retorno pode variar de acordo com a empresa emissora da dívida. No crédito privado, o investidor deve conhecer os papéis que o fundo está investindo, para ver se investe em ativos de empresas high grade ou high yield.
“A primeira (high grade) se refere a companhias que têm selo de investimento, são mais consolidadas no mercado, mais resilientes e pagam uma taxa de rentabilidade da dívida um pouco menor, por terem um risco menor de mercado. A segunda opção (high yield) são empresas que não têm selo de investimento e, por isso, acabam tendo que remunerar um pouco mais pela dívida que é contraída, para se tornar atrativa”, explica o analista da Ativa.
Abdalla, da Rio Bravo, cita também os fundos que investem em ativos de infraestrutura. Para ele, a classe de fundos com maior potencial no Brasil no momento, e que estão aparecendo cada vez mais abertos às pessoas físicas no varejo.
“Nestes fundo, você está investindo diretamente no desenvolvimento estrutural do País, como em saneamento básico, aeroportos, portos de navegação e rodovias. Os ativos do fundo são debêntures incentivadas, isentas de imposto de renda e que dão um retorno bom e são atreladas à inflação, já que se tratam de projetos muito longos”, diz o analista da Rio Bravo.
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