- Mesmo em um período de incertezas econômicas e políticas, quase metade das companhias brasileiras tem apresentado rentabilidade positiva no acumulado do ano
- Segundo Max Bohm, head de small caps do TC, como o Ibovespa vai bem no início deste ano, as empresas que compõem o índice também costumam acompanhar esse movimento de mercado e respondem de forma mais rápida
Os papéis das small caps costumam estar mais suscetíveis às volatilidades do mercado devido aos riscos envolvidos em suas operações e pela baixa liquidez. No entanto, mesmo em um período de incertezas econômicas e políticas, quase metade das companhias brasileiras tem apresentado rentabilidade positiva no acumulado do ano. Algumas com retornos bem acima do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira.
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É o que aponta um estudo realizado pela Economatica sobre o desempenho das small caps neste ano. Segundo analistas, as razões para as altas estão relacionadas ao fluxo de capital estrangeiro na B3 e características favoráveis para o segmento de atuação de cada empresa.
De janeiro até quarta-feira (23), o índice de small caps apresentou uma performance de -1,60%. Para efeito de comparação, a do Ibovespa no mesmo período é de +6,85%. No entanto, 59 das 137 companhias que compõem o índice apresentaram uma rentabilidade positiva.
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A Companhia Brasileira de Alumínio (CBAV3), a Valid (VLID3) e a Enauta Participações (ENAT3) foram as empresas que apresentaram as melhores performances com ganhos de 39,14%; 32,8% e 24,72%, respectivamente.
Segundo Max Bohm, head de small caps do TC, como o Ibovespa vai bem no início deste ano, as empresas que compõem o índice também costumam acompanhar esse movimento de mercado e respondem de forma mais rápida. “Em um cenário em que a bolsa suba 10%, as small caps tendem (geralmente) subir mais de 10%, 30% ou até 50%. O mesmo acontece em ambientes de queda”, explica Bohm.
Confira as cinco small caps com os melhores retornos
Nome | Retorno no acumulado do ano* |
Cba (CBAV3) | 39,14% |
Valid (VLID3) | 32,80% |
Enauta (ENAT3) | 24,72% |
Guarapes (GUAR3) | 24,57% |
Kleper Weber (KEPL3) | 22,61% |
Fonte: Einar Rivero – gerente de relacionamento institucional e comercial da Economatica/Retorno até o pregão do dia 23/02/2022 |
Esse movimento acontece porque as small caps são menores em termos de valores de mercado. Por esse motivo, qualquer negociação financeira tem impactos significativos para as ações das companhias. “A Petrobras, por exemplo, negocia cerca de R$ 23 bilhões por dia. Então, qualquer movimentação de R$ 30 milhões a R$ 50 milhões de reais não afeta a cotação porque tem muita gente comprando e vendendo Petrobras”, ressalta André Zonaro, analista da Nord Research.
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No caso das small caps, o efeito é o contrário. De acordo com Zonaro, as negociações financeiras costumam ter mais impactos devido à baixa liquidez. “Se você tiver um grande volume de compra ou um grande volume de venda, isso altera mais”, acrescenta.
No entanto, em relação às principais altas, a explicação vai além desse movimento de ganhos de bolsa. Há particularidades de cada segmento de mercado que influenciaram de forma positiva no desempenho das ações. No caso da Companhia Brasileira de Alumínio, a alta de 39,14% está relacionada ao aumento do preço do alumínio no mercado internacional. “Há um problema energético na Europa que é um grande produtor de alumínio. Com carvão e gás natural a preços altos, ficou mais difícil produzir alumínio”, explica Bohm.
Recomendações
Apesar dos bons resultados nas primeiras semanas de janeiro, a orientação de analistas é não investir em small caps pensando em retorno para o curto prazo. De acordo com Rafael Bombini, especialista em renda variável da EWZ, o investidor pode se deparar com surpresas nas agendas políticas e econômicas do próximo governo que podem prejudicar o desempenho das ações. “Não sabemos como vai ser a política monetária do próximo presidente. Se presenciarmos alta de juros mais do que o previsto, vamos perder atratividade na bolsa e, se tiver, não será nas small caps”, avalia Bombini.
Por outro lado, há empresas que, mesmo com o cenário de incertezas, podem oferecer retorno positivo aos investidores nos próximos anos. Para Zonaro, da Nord Research, a Panvel (PNVL3) se enquadra nesta perspectiva. Na avaliação dele, a pandemia beneficiou as grandes farmacêuticas que aceleraram o seu processo de digitalização dos serviços.
“As pessoas viram seus remédios chegarem em 2 horas em apenas um clique. Então, a parte tecnológica das farmácias tem se tornado cada vez mais importante”, destaca o analista. “As farmácias de bairro não terão estrutura para atender essa demanda crescente”, afirma.
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Já o BTG Pactual recomenda a compra das ações da Companhia Brasileira de Alumínio (CBAV3). Segundo o Banco, as ações da empresa estão se beneficiando das tendências globais de descarbonização. “Os preços do alumínio estão atualmente perto de US$ 3.100/t, após uma série de interrupções/restrições de fornecimento nos últimos meses (crise energética na China, interrupções de fornecimento de bauxita), enquanto a demanda global permanece sólida”, informou o BTG em relatório.
Além disso, em uma perspectiva de longo prazo, à medida que a China avança sua agenda de reduzir as emissões de gás carbônico e limitando a produção de alumínio, espera-se que os preços continuem crescendo. “A CBA se diferencia por utilizar 100% de fontes renováveis de energia em seu processo produtivo (com baixo nível na curva de emissões globais) – pronta para capitalizar a futura tendência de descarbonização globalmente”, acrescenta.