O que este conteúdo fez por você?
- De acordo com levantamento da Economatica, das 128 small caps listadas no índice Small Caps da B3, apenas nove apresentaram saldo positivo no 2º semestre
- Segundo analistas, o baixo desempenho se deve as características dessa classe de ativos que a torna mais suscetível às turbulências do mercado interno
- Apesar dos baixos retornos, os especialistas apontam que há boas oportunidades de investimentos para retornos de médio e longo prazo
Em períodos de turbulência no mercado interno, as empresas listadas na bolsa de valores consideradas “small caps” são as mais prejudicadas em comparação às outras companhias. A definição para essa classe de ativos é feita a partir do seu valor de mercado na bolsa — companhias com um valor de mercado entre R$ 300 milhões e R$ 2 bilhões podem ser enquadradas como small caps.
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Por apresentarem baixa capitalização de mercado, essas empresas, segundo analistas, estão mais suscetíveis às volatilidades da bolsa de valores e possuem um risco maior de falência. Apesar dessas características, há opções de investimento que podem dar bons retornos a médio e longo prazo para o investidor.
Levantamento da Economatica, feito a pedido do E-Investidor, mostra que os últimos meses foram “agressivos” para o desempenho das ações das small caps. Das 128 empresas que fazem parte do índice Small Caps da B3, apenas nove apresentaram desempenho positivo no acumulado de julho a novembro deste ano. Isso significa que 93% das companhias tiveram perdas nesta reta final de 2021.
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Há uma explicação para esse saldo negativo. Segundo João Gabriel Abdouni, analista da Inversa Publicações, essas companhias sofrem mais com as volatilidades do mercado porque são empresas de baixa liquidez e, geralmente, são as mais endividadas. “Elas possuem negócios mais jovens e sofrem um risco de mortalidade muito maior do que um banco Itaú, por exemplo”, explica.
No entanto, há empresas que conseguiram se destacar. Ainda segundo o levantamento da Economatica, as ações da Alliar e Marfrig lideraram o ranking com saldos superiores a 30% durante o segundo semestre. Segundo Alexsandro Nishimura, economista, head de conteúdo e sócio da BRA, escritório de assessoria em mercado financeiro, as altas possuem razões específicas.
No caso das ações da Alliar, Nishimura associa a forte valorização às discussões da aquisição da empresa pela MAM Asset Management, do empresário Nelson Tanure. “Desde agosto, Tanure vinha aumentando a participação na empresa, alvo do interesse de outras companhias do setor, como Fleury e Rede D’Or”, afirma.
Já em relação em Marfrig, a empresa se beneficiou com o bom momento dos frigoríficos. Além disso, a companhia teve participação expressiva da operação na América do Norte, o que ajudou seus resultados. “Teve também a questão da compra da fatia de 31% na BRF, que inclusive já teve aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)”, diz Nishimura.
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Confira as nove small caps com resultados positivos de julho a novembro
Nome | Código | Acumulado de julho a novembro de 2021 |
Alliar | AALR3 | 57,3% |
Marfrig | MRFG3 | 31,1% |
Energias BR | ENBR3 | 21% |
Abc Brasil | ABCB4 | 9,7% |
Log-In | LOGN3 | 9,4% |
Vulcabras | VULC3 | 7,8% |
Syn Prop Tec | SYNE3 | 4,6% |
Sao Martinho | SMTO3 | 3,5% |
Camil | CAML3 | 1,% |
Fonte: Economatica
Small caps: os cuidados na hora de investir
Embora a maioria das empresas classificadas como small caps estejam em baixa neste momento, os analistas ressaltam que o investidor não pode ignorar essa classe de ativos. O motivo está na rapidez de retorno que as empresas possuem em momentos de alta. “Elas têm uma volatilidade muito maior. Então, se você comparar uma Petro Rio que está subindo cerca de 6% (por exemplo), uma small cap pode subir 10%, 20% e até 30%”, explica Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side Investimentos.
Mas o investidor precisa adotar alguns cuidados antes de investir visando ganhos altos no futuro. Devido ao momento atual, Celso Fonseca, sócio e head de renda variável da Venice Investimentos, orienta ao investidor que analise se as companhias, mesmo que pequenas, possuem fundamentos de negócios considerados “sólidos”. “Atentar as perspectivas futuras dos setores envolvidos e verificar se realmente os ativos estão descontados”, recomenda.
A outra dica que pode garantir uma boa rentabilidade no futuro no médio e longo prazo é destinar um percentual pequeno da sua carteira para as small caps. Abdouni, da Inversa Publicações, recomenda que esse percentual seja de apenas 10% que serão “repartidos” em 1% para 10 empresas da categoria. Desta forma, na avaliação do analista, o investidor aumenta as chances de ter um bom retorno no futuro. “Algumas dessas empresas vão falir, mas outras vão se multiplicar por dez vezes. Algumas você vai perder 100%, enquanto outras você vai ganhar 1.000%”, afirma.
Onde investir?
O BTG Pactual divulgou neste mês de dezembro uma carteira de recomendação de small caps com 10 ativos. De acordo com o banco, as empresas selecionadas possuem um valor de mercado informal de até R$ 15 bilhões. Entre as empresas que incluem a carteira estão a Track & Field (TFCO4) e o Banco ABC ( ABCB4).
De acordo com a avaliação da instituição financeira, a visão positiva para Track & Field é baseada em um modelo de negócios de alta margem, de alto ROIC (retorno sobre capital investido) e asset-light. “Um modelo de negócios asset-light significa que sua expansão sólida não virá à custa dos retornos, posicionando a empresa entre os players com maior ROIC em nossa cobertura”, afirmam Carlos Sequeira, Osni Carfi, Bruno Lima e Luiz Temporini, analistas do BTG Pactual, em relatório.
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Além disso, na avaliação dos analistas, a empresa possui um forte alinhamento com os franqueados, proximidade com a cadeia de fornecedores e abrangência nacional com formato de loja flexível.
Já em relação ao Banco ABC, a avaliação da equipe de Equity Research é que a instituição financeira possui grande credibilidade, financiamento sólido e uma forte franquia. “Esperamos também que o banco acelere sua transformação digital, o que deve ajudar a expandir sua base de clientes e parcerias”, afirma. “O ABCB4 é uma das nossas principais opções dentro de small caps”, acrescentam os analistas.
Investir em ETFs pode ser também uma boa alternativa para o investidor que deseja ter participação nas small caps. Para Max Bohm, head de Small Caps do TC, entre as opções de fundos presentes no mercado, o TRIG11 pode ser a melhor opção para o investidor. “É muito mais focado em small caps e muito mais diversificado”, explica.
O ETF TRIG11 replica o índice de referência Teva Ações Microcaps e é formado por 91 ativos de 16 setores de mercado. O fundo foi lançado no último mês de novembro pela Trígono Capital, gestora especializada em fundos de small caps e pela Teva Indices, empresa especializada na criação de índices.
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Segundo a Teva, o índice cobre as empresas que ficam de fora de quase todos os outros índices da bolsa de valores do Brasil, permitindo ao investidor que tenha exposição às menores empresas do mercado. “Existe potencial de valorização, uma vez que estas empresas costumam apresentar um crescimento maior do que empresas já maduras”, garante a Teva.