- A elevação da taxa básica de juros de um ponto percentual já era esperada pelo mercado devido o aumento da inflação no País
- No entanto, com a Selic a 11,75% ao ano, o rendimento da poupança não muda e continua sendo de 0,5% ao mês mais taxa referencial (TR)
- Por esse motivo, os investimentos em renda fixa se tornam mais atrativos para quem busca rentabilidade
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira (16) aumentar a Selic pela décima vez consecutiva. Com o novo reajuste, a taxa básica de juros passa de 10,75%* para 11,75%* ao ano. A alta não traz mudanças significativas para o retorno da poupança, mas pode indicar aos brasileiros novas oportunidades de investimentos em renda fixa.
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A elevação já era esperada pelo mercado. Segundo Ricardo Jorge, analista de renda fixa da Quantzed, empresa de tecnologia e educação para investidores, a retomada das atividades presenciais, somada à crise hídrica e energética, mais a guerra entre Rússia e Ucrânia foram as principais causas para o processo inflacionário no Brasil. “O resultado do último IPCA (indicador da inflação) veio muito acima do que o mercado esperava”, afirma Jorge.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro foi de 1,01%. O resultado foi 0,47 ponto porcentual acima da inflação de janeiro (0,54%). Segundo o IBGE, essa foi a maior variação do índice para um mês de fevereiro desde 2015.
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No entanto, a Selic mais alta não traz mudanças para a rentabilidade da poupança. Na prática, quando a Selic está acima de 8,5% a.a, o rendimento da caderneta de poupança passa a ser de 0,5% ao mês mais Taxa Referencial (TR). “O rendimento é equivalente a 6,17% ao ano. Se a gente olhar para a Selic, trata-se de uma diferença de quase 5,6%”, afirma Rodrigo Beresca, analista de soluções financeiras da Ativa Investimentos.
A rentabilidade da poupança só se torna maior quando a Selic está igual ou abaixo de 8,5% ao ano. Nesses casos, o rendimento corresponde a 70% da taxa básica de juros mais a TR que, de acordo com os dados do BC, está de 0,09% para este mês de março.
Onde investir
Os especialistas são categóricos ao afirmar que a poupança não é a melhor alternativa para quem busca rentabilidade. Com a elevação da taxa de juros e a inflação alta no País, as aplicações em renda fixa tornam-se mais atrativas para o investidor.
Como o mercado ainda espera novos aumentos, Beresca acredita que os investidores devem buscar produtos que possam acompanhar o aumento da taxa de juros. Para esses casos, os títulos pós-fixados são as melhores opções. “A projeção atual para o fim do 2022 é que a Selic alcance o patamar de 13,25% ao ano”, ressalta.
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Além disso, como ainda não há informações sobre os possíveis impactos para a economia global no período do conflito entre Rússia e Ucrânia, o analista de investimentos da Ativa afirma que a taxa básica de juros pode encerrar o ano em um patamar mais elevado. Mesmo assim, ele aponta boas opções de investimento para títulos de renda fixa pré-fixados. “É interessante pegar aqueles com vencimentos um pouco mais curto para aproveitar as taxas mais altas”, recomenda.
No entanto, é preciso escolher os produtos de acordo com os seus objetivos e prazos. Para quem busca segurança, liquidez e rentabilidade de curto prazo (cerca de seis meses), Arley Junior, especialista em Investimentos do Santander, recomenda os Certificados de Depósito Bancário (CDBs), os Depósitos Interbancário (DI) e Fundos de DI.
“Os Fundos de DI e DI são atrelados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), taxa que acompanha de perto a Selic. No caso dos CDBs, é preciso avaliar qual percentual do CDI o produto rende”, recomenda Junior.
Mas se o investidor busca retornos a médio prazo (seis meses a um ano), o especialista do Santander recomenda as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). “São isentas de Imposto de Renda para pessoa física, o que torna sua rentabilidade potencialmente mais interessante”, afirma. No entanto, ele alerta que esses produtos não possuem carência e não permitem resgates antes do vencimento.
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Para o longo prazo, Júnior cita os títulos atrelados à inflação que pagam taxa prefixada e Debêntures como uma das alternativas.