O dólar encerrou a primeira sessão desta semana em queda de 1,41%, cotado a R$ 4,8054, menor valor desde 22 de abril. O dia foi marcado por apetite ao risco e enfraquecimento da moeda americana no exterior, sobretudo em relação ao euro. No início da tarde, a divisa chegou a romper o piso de R$ 4,80 e registrou mínima a R$ 4,7857.
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Operadores relataram entrada de fluxo de recursos para a bolsa brasileira, em especial para ações ligadas a commodities, fechamento de câmbio por exportadores e redução de posições cambiais defensivas no mercado futuro. A moeda brasileira e os ativos locais se beneficiam da perspectiva de estímulos econômicos na China, o que diminui os temores de uma desaceleração do PIB global e dá suporte aos preços das commodities.
Além disso, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, acenou com a possibilidade de retirar tarifas a produtos chineses (impostas no governo Donald Trump) justamente em momento de fragilidade do comércio internacional em razão da guerra na Ucrânia.
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Relatos da mídia estatal chinesa dão conta de que Pequim vai fornecer abatimentos de créditos fiscais a mais setores econômicos e elevará o corte de impostos anuais em mais de 140 bilhões de yuans, para 2,64 trilhões de yuans.
Na semana passada, o Banco do Povo da China (PBoC, o BC chinês) cortou a taxa para empréstimos de longo prazo de 4,60% para 4,45%, para amenizar o tombo do setor imobiliário. A China também já iniciou um relaxamento de medidas restritivas prescritas pela política de covid zero que minam o crescimento econômico.
“Estão vindo ventos externos positivos. A China dando estímulos para sustentar a economia significa boa perspectiva para commodities. Isso atrai investidores para a nossa bolsa e aumenta entrada de dólar do lado comercial”, afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, acrescentando que questões domésticas, como a aprovação da privatização da Eletrobras e o projeto de unificação da alíquota do ICSM sobre combustíveis e energia contribuem para alavancar os ativos locais hoje.Com raras exceções, a moeda americana apresentou perdas frente a divisas emergentes e de países exportadores de commodities.
O índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes – trabalhou em queda superior a 0,90% a maior parte do dia e ameaçou romper os 102,000 pontos na mínima (102,040 pontos). Esse movimento teve como principal responsável a forte valorização do euro (acima de 1%), após a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, sinalizar alta de juros em junho e dizer que o cenário de taxas negativas para depósitos na região deve terminar em setembro. No mesmo tom, o presidente do Banco da França e dirigente do BCE, François Villeroy de Galhau, afirmou, no Fórum Econômico Mundial de Davos, que uma alta de juro no curto prazo na região “está praticamente fechada”.
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Para Galhardo, da Treviso, a alta de juros na Europa atenua a tendência recente de fortalecimento da moeda americana no exterior, na esteira do processo de elevação dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano), que divulga a ata do seu último encontro de política monetária na quarta-feira (25).
Se não houver episódios agudos de aversão ao risco no exterior, Galhardo prevê que o real pode seguir se apreciando e até o dólar romper R$ 4,60, dado que o Brasil ainda oferece condições atraentes para o investidor estrangeiro, como taxa de juros elevadas e uma bolsa ligada a commodities.
“O dólar pode continuar em queda nas próximas semanas, mas deve retornar em agosto para um patamar de R$ 5 e pode até alcançar R$ 5,20 com a eleição para presidencial”, diz Galhardo. A última vez que o dólar fechou no patamar de R$ 4,60 foi em 20 de abril, véspera do feriado de Tiradentes. Na volta dos negócios, em 22 de abril, a divisa disparou e encerrou com alta de 4%, a R$ 4,8051, em meio a forte perda de ativos de risco provocada por sinais mais duros emitidos pelo Fed.