- Apenas em maio, as ações ordinárias da Eletrobras ON se valorizaram 7,71% e no acumulado de 2022 registram alta de 10,74%. Já no prazo de um ano, o papel subiu 6,39%
- O trabalho de gestão que será realizado após mudanças na diretoria da companhia e outros ajustes que podem ser feitos são pontuados pelos especialistas como motivos para melhorar o valor das ações
Wilian Miron – A concretização da privatização da Eletrobras pode destravar valor nas ações da companhia, que hoje são negociadas na faixa dos R$ 40 por ativo, e no médio prazo podem alcançar o patamar de R$ 70, estimam analistas consultados pelo Broadcast Energia.
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Isso aconteceria devido aos ganhos de eficiência que a empresa terá com a mudança na gestão e nos processos internos, que têm capacidade de reduzir custos a patamares próximos aos de seus principais pares no mercado.
O primeiro degrau, na avaliação dos analistas, seria a própria conclusão do processo e a diminuição da percepção de riscos relacionados à gestão da empresa. “Investidor de utilities quer previsibilidade em investimento de longo prazo”, disse um especialista que aceitou falar sem ter seu nome identificado.
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Já o analista da corretora Ágora, Ricardo França, acredita que no cenário de concretização da privatização a empresa pode valer entre R$ 60 a R$ 70 cada ação, e avalia que a própria expectativa de privatização já tem feito o papel aumentar de preço, e a perspectiva de conclusão da operação pode puxar novas valorizações. “O mercado acabou antecipando, em algum grau, a possibilidade de privatização, e o papel já subiu bem no acumulado do ano com essa expectativa”.
Apenas em maio, as ações ordinárias da Eletrobras ON se valorizaram 7,71% e no acumulado de 2022 registram alta de 10,74%. Já no prazo de um ano, o papel subiu 6,39%.
O trabalho de gestão que será realizado após mudanças na diretoria da companhia e outros ajustes que podem ser feitos também são pontuados pelos especialistas como motivos para melhorar o valor das ações. Para o analista do banco UBS BB, Giuliano Ajeje, há três caminhos que a Eletrobras precisa trilhar após a privatização para gerar valor: estruturar uma área de comercialização, reduzir custos e melhorar a gestão de seu balanço. “As empresas do sistema Eletrobras têm custos duas ou três vezes maiores do que as concorrentes”, disse o analista, que prevê uma valorização das ações até a faixa dos R$ 70 conforme as mudanças forem acontecendo.
Segundo ele, os ajustes na principal empresa de geração do setor elétrico acontecerão de forma semelhante aos realizados na Cesp, vendida pelo Governo do Estado de São Paulo a um consórcio liderado pela Votorantim, em 2018. O analista mencionou, por exemplo, a possibilidade de a nova gestão fazer esforços na gestão de passivos contenciosos, como a dívida da Eletrobras com empréstimos compulsórios. “No momento em que for privatizada, a empresa pode renegociar essa briga jurídica e obter um desconto, por exemplo”.
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Essas ações, na visão dos analistas, têm capacidade de melhorar tanto a previsibilidade da empresa, quanto o custo de capital, se refletindo também em aumento de valor para a própria companhia. “A Cesp ganhou valor quando foi privatizada, e, depois, conforme foram se materializando as coisas [as mudanças] ela foi ganhando mais valor”, concluiu.
Em relatório, os analistas da corretora Ativa, Ilan Arbetman e Tadeu Lourenço, destacam que os ativos da Eletrobras ainda são negociados com desconto frente a seus principais pares privados, o que pode render novas valorizações nas ações. “Embora o papel já tenha evoluído desde que o seu processo de capitalização começou a ganhar forma, ainda enxergamos espaço para o investidor obter ganho de capital com a valorização de ELET3 [ações ordinárias da Eletrobras]”.