- Com inflação atingindo 12,13% em 12 meses, o consumidor se vê forçado a mudar os hábitos, seja comprando menos, alterando os produtos ou experimentando novas marcas
- Levantamento do E-Investidor mostra que, em 80% das comparações, os produtos das marcas das redes de supermercado estavam mais em conta do que a média de preço das cinco marcas mais baratas
- O desconto dos produtos de marca própria em relação à média dos outros quatro produtos mais baratos chega a 12,10%
Basta entrar no supermercado e observar: os preços não param de subir. A recente desorganização das cadeias globais de suprimento e o aumento no preço dos combustíveis, consequência do conflito entre Rússia e Ucrânia, têm provocado uma alta na inflação no mundo inteiro.
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No Brasil, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) atingiu 1,06% no mês de abril e o acumulado do ano já chega a 12,13%. Com o poder de compra reduzido, o consumidor se vê forçado a mudar seus hábitos, seja comprando menos, alterando os produtos ou experimentando novas marcas.
Neste cenário, as marcas próprias de redes de supermercado estão deixando de ser preteridas e começam a entrar com mais frequência no carrinho de compras do brasileiro. Para a planejadora financeira Rosi Ferruzzi, essa pode ser uma forma eficaz de economizar sem fazer grandes substituições nos produtos.
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Um levantamento realizado pelo E-Investidor em sites de duas grandes redes de supermercado (Carrefour e Extra) comparou os preços de alguns alimentos frequentes na cesta básica (arroz, feijão, sal, açúcar refinado, café, macarrão, seleta de legumes, atum ralado e óleo de soja). Foram levados em conta apenas as cinco marcas que ofereciam o produto mais barato de cada alimento, seguindo padrões de tipo e quantidade.
Em 60% das buscas, os produtos de marca própria ofereciam o menor preço. Além disso, em 80% das comparações os produtos das marcas das redes de supermercado estavam mais em conta do que a média de preço das cinco marcas mais baratas.
O desconto dos produtos de marca própria em relação à média dos outros quatro produtos mais baratos chega a 12,10%.
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Ferruzzi reforça que, diante da alta de preços, os consumidores têm ignorado os estigmas carregados pelas marcas próprias e se surpreendido positivamente.
“Neste momento de aumento significativo de preços, a busca por produtos mais baratos acaba sendo uma constante das famílias. Quando elas compram produtos de marca própria e comparam com os outros, se consideram que a qualidade é similar, acabam mudando essa concepção”, diz a planejadora financeira.
Como mostrou reportagem do Estadão, um levantamento da GS Ciência do Consumo revelou que o brasileiro gastou, em média, 22,5% a mais com a compra de itens de marca própria em janeiro deste ano em relação a janeiro de 2019, antes da pandemia.
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Para Ferruzzi, na hora de economizar, é importante que o consumidor dê oportunidade para novas marcas, sejam essas de rede de supermercado ou não. “É importante analisar o seu consumo por determinada marca. O que te leva a utilizar apenas aquela marca? Muitas vezes, é mais uma questão emocional do que racional, vem dos hábitos da família”, afirma.
Os especialistas acreditam que muitas pessoas evitam experimentar outras marcas por considerarem que não são tão boas ou já suporem que não vão gostar do resultado. A recomendação é observar a origem do produto e a sua procedência é uma das formas mais eficazes de analisar a qualidade do produto antes de experimentá-lo.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Marca Própria, Marco Quintarelli, aponta que as marcas próprias conseguem oferecer um produto mais barato por não gastarem tanto com publicidade, como fazem as marcas líderes.
“As marcas próprias — sejam de supermercados ou outras — têm crescido muito. Já houve um estigma no passado, de que eram produtos de baixa qualidade, mas hoje em dia não existe mais. As empresas fazem um trabalho de qualidade", diz Quintarelli. Segundo ele, os principais descontos estão em produtos mais elaborados, como geleias e achocolatados.
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Ferruzzi acrescenta que, na tentativa de driblar a alta dos preços, os consumidores podem mudar outros hábitos. Entre as dicas, a planejadora financeira cita a substituição de alimentos mais caros por aqueles que trazem o mesmo benefício nutricional, mas custam menos. Ela também indica as compras no atacado e as listas antes de sair de casa, que ajudam a priorizar o necessário.
"É pensar na mudança de hábitos de consumo e a pesquisa de preços também é muito importante neste momento", afirma Ferruzzi.