- Para Heitor de Nicola, assessor de renda variável da Acqua Vero Investimentos, o mercado não se assustou tanto com a nova troca na Petrobras, já que este é o terceiro movimento no comando da estatal no ano
- A aprovação na Câmara de Deputados do projeto que reduz o ICMS sobre combustíveis e energia pode ajudar o setor petrolífero, tendo em vista que a alta dos preços é uma das principais insatisfações que levaram o governo a realizar as trocas no comando da Petrobras
As ações da Petrobras estão conseguindo ensaiar uma ligeira recuperação depois da volatilidade vista na terça-feira (24), após a demissão de José Mauro Ferreira Coelho do comando da estatal. Caio Paes de Andrade foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para o posto.
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As incertezas sobre o futuro da companhia e o receio de uma possível interferência por parte do governo fizeram os papéis abrirem o primeiro pregão após a notícia da saída de Coelho em queda de 4%. De lá para cá, porém, as ações vêm em uma trajetória de alta.
Depois de fechar a quarta-feira (25) no positivo, às 12h56 desta quinta-feira (26) PETR3 subia 1,11%, a R$ 35,46, enquanto PETR4 tinha alta de 1,15% a R$ 32,42.
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Para Heitor de Nicola, assessor de renda variável da Acqua Vero Investimentos, o mercado não se assustou tanto com a nova troca na Petrobras, já que este é o terceiro movimento no comando da estatal no ano. Por isso, os papéis conseguiram se descolar da incerteza com maior facilidade. “Apesar de trazer volatilidade, essas trocas não impactaram tanto em termos de resultados da companhia, que continuam fortes e com boa remuneração de dividendos”, diz.
Em paralelo, outros fatores podem estar jogando a favor da recuperação da companhia.
De um lado, o cenário para as petrolíferas está mais favorável dada a alta no preço do petróleo no mercado internacional, atualmente perto dos US$ 115 o Brent. “As petrolíferas do Brasil estão em alta, impulsionadas pela alta do petróleo hoje. A Petrobras sobe até menos que os pares, impactada por essa questão da interferência do governo na empresa”, diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
De outro, a aprovação na Câmara de Deputados do projeto que reduz o ICMS sobre combustíveis e energia pode ajudar o setor petrolífero, tendo em vista que a alta dos preços é uma das principais insatisfações que levaram o governo a realizar as trocas no comando da Petrobras.
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A decisão ainda precisa ser aprovada pelo Senado, mas poderia trazer algum alívio para os preços dos combustíveis na bomba em alguns estados.
“Se isso de fato gerar uma redução dos preços, acaba reduzindo a pressão em relação à Petrobras. Os combustíveis estão muito caros, têm pesado sobre a inflação e há um certo questionamento em relação à política de preços da estatal. Mas se houver alguma alternativa para a redução dos preços dos combustíveis sem que haja uma interferência do governo, o mercado entende como um alívio no risco”, explica Ricardo França, analista da Ágora Investimentos.
Para o analista, ainda vai ser importante acompanhar o andamento do projeto do ICMS e se o nome de Caio Paes de Andrade será aprovado em assembleia para comandar a Petrobras. Apesar disso, a relação de risco-retorno segue positiva. “Há uma boa expectativa em relação à distribuição de dividendos da companhia, a empresa gera muito caixa e está com a alavancagem baixa. Ainda que seja um papel com potencial de volatilidade para o ano, principalmente à medida em que formos nos aproximando do período eleitoral, o risco-retorno parece favorável”, afirma França.
Essa também é a visão de Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos. “O único motivo que faz a Petrobras não ter deslanchado ainda são essas questões de política de preço. Mas continua como uma das empresas mais baratas do mercado e deve continuar subindo independente do cenário político”.
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