Por Matheus Piovesana – Os bancos brasileiros podem estar alguns passos à frente de seus pares da América Latina no ciclo de crédito, avalia o UBS BB. De acordo com os analistas Thiago Batista e Olavo Arthuzo, as instituições do México e dos países andinos começaram a mostrar apenas nos últimos trimestres uma piora na inadimplência, enquanto no Brasil essa tendência começou no final de 2020.
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“Esta tendência (de piora) é mais clara quando avaliamos os dados trimestrais, cujos números para os bancos brasileiros parecem potencialmente indicar que estão à frente de seus pares regionais no ciclo de crédito”, afirmam eles em relatório enviado a clientes.
O UBS calculou a média da inadimplência dos maiores bancos que cobre no Brasil, no México e no Chile e na Colômbia. Os andinos têm a maior taxa, de 3,1%, mas os brasileiros, que vêm logo depois, com 2,9%, observam alta há mais tempo. Do País, foram incluídos Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil. Nos bancos mexicanos, a média de calotes é de 1,8%.
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A instituição destaca que ao longo de 2020 os grandes bancos locais aumentaram consideravelmente seus índices de cobertura contra possíveis calotes, mas os dados de inadimplência caíram. “À parte das diferenças de metodologia entre os bancos que cobrimos, é notável como os bancos brasileiros de varejo tiveram uma melhoria artificial na inadimplência em 2020″, pontua o UBS.
Essa melhoria, ressalta a casa, veio com programas governamentais de crédito, renegociações conduzidas pelos bancos e outras iniciativas, a maior parte delas já encerrada.
A piora na inadimplência é esperada pelos analistas do UBS para toda a América Latina. O banco antevê deterioração gradual, diante de uma combinação entre carteiras de crédito mais arriscadas e inflação alta, que corrói o poder de compra e a renda da população.
Ainda de acordo com o banco, as instituições mexicanas mostraram o maior conservadorismo na constituição de provisões ao longo dos últimos dez anos. À frente, os bancos brasileiros devem ser os mais expostos a risco, dado que no primeiro trimestre deste ano 41% de suas carteiras eram de empréstimos para pessoas físicas, o maior volume em uma década. Os bancos colombianos e chilenos, por essa métrica, são os de carteira menos arriscada.
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