Por Eduardo Rodrigues e Cícero Cotrim – O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Abry Guillen, argumentou há pouco que as diferenças entre as projeções do BC e do mercado para a evolução da inflação em 2023 e 2024 se devem a divergências nas premissas adotadas na hora de calcular o IPCA à frente.
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“Essa divergência de expectativas se deve à incerteza do cenário. A incerteza pode estar nos parâmetros ou premissas, mas no caso acreditamos que está nas premissas. Como já citamos na comunicação do Copom, há diferenças em como se trata hipótese dos preços de gasolina e petróleo. O tratamento dos choques de bens industriais também explica essa diferença. E a taxa neutra – que aumentamos recentemente – é outro aspecto”, afirmou em evento virtual promovido pelo Credit Suisse. “Como os choques são globais e persistentes, as premissas têm mais incertezas”, acrescentou.
Conforme o Relatório de Mercado Focus divulgado hoje, a projeção do mercado para o IPCA de 2022 passou de 7,96% para 7,67%, enquanto a estimativa de 2023 subiu de 5,01% para 5,09%. O documento também mostra uma desancoragem maior na mediana de 2024, que passou de 3,25% para 3,30%.
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No Copom do mês passado, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 8,8% em 2022, 4,0% em 2023 e 2,7% para 2024. O colegiado elevou a Selic em 0,50 ponto porcentual, para 13,25% ao ano.
Guillen admitiu que os modelos do BC e do mercado são diferentes e questionou se esses modelos não estariam mirando o retorno da economia para os padrões pré-pandemia, enquanto pode ter havido mudanças estruturais que demandariam ajustes nos modelos daqui para frente.