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Copom sinalizou curva mais elevada que a do Focus, diz Guillen, do BC

De acordo com Guillen, o aperto monetário atua com uma defasagem próxima de cinco trimestres no Brasil

Copom sinalizou curva mais elevada que a do Focus, diz Guillen, do BC
Foto: André Dusek/Estadão

Por Cícero Cotrim e Eduardo Rodrigues – O diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Diogo Guillen, disse há pouco que a estratégia de política monetária não implica em uma “inconsistência intertemporal”, mesmo que as projeções da autarquia para a inflação no horizonte relevante estejam abaixo das expectativas do mercado.

“Eu não vejo essa inconsistência intertemporal”, disse Guillen, que participa na manhã de hoje de um webinar organizado pelo Credit Suisse. “A estratégia passa por dois aspectos conjugados: o primeiro é uma Selic terminal mais alta do que o Focus e o segundo é um tempo mais prolongado significativamente contracionista. Então, é uma curva mais elevada do que o Focus em todo o horizonte”, completou, acrescentando que a intenção do Copom foi explicar a sua estratégia, sem fornecer um forward guidance.

No último Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o BC previu um IPCA de 4,0% em 2022 e 2,70% em 2023, abaixo das medianas observadas no mais recente relatório Focus para ambos os anos – de 5,09% e 3,30%, respectivamente. De acordo com Guillen, a estratégia do BC envolve reancorar as expectativas de inflação, sobretudo as que aparecem no relatório Focus. “Reancorar aumenta o custo de desinflação. Então, o objetivo é sempre manter as expectativas ancoradas, para reduzir os custos da desinflação futura”, afirmou.

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De acordo com Guillen, o aperto monetário atua com uma defasagem próxima de cinco trimestres no Brasil, o que significa que a maior parte dos impactos defasados serão sentidos ao longo do segundo semestre. O diretor o BC ainda afirmou que, ao sinalizar um juro elevado por mais tempo em 2023, o BC mostra que haverá um impacto sobre a inflação de 2024.

Para ele, o exercício apresentado no último RTI sobre o impacto de uma taxa Selic estável em 13,25% ao longo de 2023 sobre a inflação do ano que vem (-0,3pp) não se trata de um cenário alternativo, mas de uma simulação que mostra o ganho de não reduzir juros ao longo de um ano. “Eu penso mais como um exercício adicional do que como um cenário alternativo, que teria de delinear qual é o juro sobre todo o horizonte de projeção”, disse.