- O Captable Marketplace surge na esteira da Resolução 88 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que entrou em vigor no último dia 1°
- Paulo Deitos, cofundador da Captable, explica que, em linha com o aprovado pela CVM, o ambiente vai oferecer um “mural de anúncios” para quem estiver interessado em comprar ou vender cotas de startups
- Em relação a taxas, a Captable vai cobrar uma taxa de 2% de cada parte nas negociações do marketplace
Por Bruna Camargo – A plataforma de investimentos Captable anuncia nesta segunda-feira (11) o lançamento do “Captable Marketplace”, uma área para o funcionamento do mercado subsequente no setor de equity crowdfunding – espécie de financiamento coletivo. Em outras palavras, o mecanismo permite que clientes da plataforma, classificados como ativos, negociem as participações que têm em suas carteiras. Um investidor considerado ativo é aquele que participou de ofertas primárias dentro da plataforma nos últimos 24 meses
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O Captable Marketplace surge na esteira da Resolução 88 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que entrou em vigor no último dia 1°. Pela nova regra, as plataformas podem hospedar em seu site áreas que facilitem compradores e vendedores a negociarem suas cotas de participação em startups que concluíram rodadas via crowdfunding de investimentos. Trata-se do pontapé para um mercado secundário, amplamente esperado pelo setor.
Em entrevista ao Broadcast, Paulo Deitos, cofundador da Captable, explica que, em linha com o aprovado pela CVM, o ambiente vai oferecer um “mural de anúncios” para quem estiver interessado em comprar ou vender cotas de startups. “Isso quebra o medo da falta de liquidez”, comemora Deitos. “Não é que o investidor vai postar a ordem ali e tudo já vai acontecer, mas ter a ferramenta que possibilita isso tende a quebrar a barreira de entrada que os investidores poderiam ter para investir em startups”, afirma.
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Dos 7 mil investidores da Captable, aproximadamente 5.500 estão aptos a fazer negociações no marketplace, estima Deitos. Ele ainda conta que, neste primeiro momento, 30 startups com rodadas feitas na plataforma estarão no novo ambiente de negociação.
Se no ano passado Deitos disse ao Broadcast que o equity crowdfunding poderia movimentar até R$ 1 bilhão ao ano se o órgão regulador permitisse o mercado secundário. Agora, com a ideia prestes a se tornar realidade, a estimativa é mais conservadora. Não pelo cenário macroeconômico, pois o cofundador da Captable avalia que o capital secou para startups de late stage – conforme apontam dados divulgados pelo Distrito –, mas porque ainda não se sabe como será.
“A gente não acha que vai ser uma super quantidade de transações, principalmente no começo, porque ninguém que investe em startups quer comprar para vender no dia seguinte. Mas não é todo mundo que quer ficar cinco ou dez anos em uma startup, por isso achamos que o mercado vai crescer muito”, afirma Deitos.
Como vai funcionar?
Os investidores ativos têm a possibilidade de criar uma ordem de compra ou de venda das cotas de startups, com o valor de negociação definido pela própria pessoa. As ordens ficam listadas com o nome da startup, quantidade de cotas e valor, mas o nome do investidor fica anônimo – salvo uma sinalização caso a pessoa que vende a cota seja do grupo de controle, investidor líder ou C-level da startup.
Nenhuma ordem de compra e venda é “casada” automaticamente, a transação apenas acontece por iniciativa dos investidores. Mas Deitos, da Captable, acredita que em breve será possível ao menos sinalizar compradores e vendedores sobre ofertas que coincidam e possam interessá-los. “Por enquanto a gente só está indo no que temos certeza do que é permitido pela regulação”, afirma o cofundador da plataforma, acrescentando que, por ser uma resolução muito recente, ainda há pontos a delinear com clareza.
Em relação a taxas, a Captable vai cobrar 2% de cada parte nas negociações do marketplace, afirma Deitos.
Assessores de investimento na mira
A nova regulação da CVM sobre o segmento de equity crowdfunding também “melhorou a divulgação das ofertas”, diz Deitos. Agora, por exemplo, é possível fazer material publicitário. “Isso não quer dizer necessariamente contratar um veículo para fazer um ‘publi’ da oferta, também é a possibilidade de contratar um influenciador ou ter outras pessoas divulgando a oferta. E se esse divulgador for regulado pela CVM, tudo bem”, explica o cofundador da Captable.
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Assim, um assessor de investimentos pode divulgar as ofertas para os clientes de sua carteira. “Abre essa possibilidade de um agente autônomo divulgar e ser remunerado por essa divulgação”, afirma Deitos, acrescentando que isso tem de estar explícito na rodada para detalhar como aconteceria.
O executivo afirma que há um planejamento em relação a divulgadores nesta nova etapa da Captable, mas não revelou detalhes.