O que este conteúdo fez por você?
- O BTG Pactual entregou uma proposta ao preço mínimo, de R$ 360 milhões, que já foi aceita pelo administrador judicial
- Os advogados de Eike consideraram o preço mínimo de R$ 360 milhões uma "depreciação descabida"
- O processo aceitará outras propostas até a próxima segunda-feira (12)
Vinicius Neder, Estadão Conteúdo — A defesa do empresário Eike Batista, no processo de falência da mineradora MMX que corre na 1ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), considerou que a proposta do banco BTG Pactual, de R$ 360 milhões, implica em uma “depreciação descabida” dos ativos. Os advogados ainda classificaram as regras do novo procedimento de venda direta, a quarta tentativa de vender os papéis, de açodadas e pouco transparentes.
Leia também
A reclamação dos advogados de Eike têm como alvo as decisões recentes do administrador judicial da massa falida da companhia, o escritório Bernardo Bicalho Advogados, por aceitar a proposta de R$ 360 milhões do BTG Pactual para vender as debêntures participativas da Anglo American que estão na massa falida.
O TJ-MG autorizou a reabertura do processo de venda às 18 horas da última segunda-feira (05), informando que o administrador judicial estava autorizado a buscar proposta do tipo “stalking horse”, ao preço mínimo de R$ 360 milhões. Essa venda é direta e obedece ao que já estava previsto no edital do leilão anterior, que fracassou.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Conforme documentos entregues ao TJ-MG e revelados pelo Broadcast, o BTG Pactual entregou uma proposta “stalking horse” no dia seguinte, terça-feira (06), ao preço mínimo, a qual já foi aceita pelo administrador judicial.
“O movimento, em tempo recorde, às vésperas de um feriado e sem transparência, é uma afronta ao princípio da isonomia e aos direitos dos demais interessados, que souberam que a Justiça buscaria um stalking horse depois que um banco já estava escolhido”, diz a nota divulgada nesta sexta-feira (9) pela defesa de Eike.
“O valor mínimo de R$ 360 milhões estabelecido como piso implica uma depreciação descabida do ativo. As debêntures deverão render ao comprador R$ 360 milhões ao ano, durante 25 anos. Isso a partir de 2025. Ou seja, o piso da venda direta corresponde apenas a 1/25 avos do rendimento previsto para as debêntures, emitidas pela maior mineradora do mundo”, continua o texto.
A defesa de Eike criticou também os prazos da venda direta. Diante do aceite do administrador judicial, o processo aceitará outras propostas que cubram o mínimo de R$ 360 milhões, mas as ofertas precisam ser entregues até a próxima segunda-feira (12). “O prazo, que abarcou o feriado de 7 de setembro, é excessivamente curto e, na prática, inviabiliza a participação de importantes interessados nas debêntures”, diz a nota dos advogados de Eike.
Publicidade
A XP Asset, junto com o Banco Modal, manifestou interesse em entrar no processo na manhã de quinta-feira (08), como também revelou o Broadcast, mas não informaram ainda qual será o valor da proposta. Na decisão de segunda-feira, a juíza Claudia Helena Batista, titular da 1ª Vara Empresarial de Belo Horizonte, diz que o banco BR Partners, assessor financeiro do leilão malsucedido, informou que propostas das empresas OMRM LLC e Vox Royalty, no valor de R$ 800 milhões.
“As decisões da 1ª Vara Empresarial representam graves prejuízos aos credores da MMX Sudeste, à União (a qual se destinaria parte dos recursos em razão de acordo de colaboração celebrado com a Procuradoria-Geral da República) e, claro, ao empresário Eike Batista, que vê parte de seu patrimônio sob risco de degradação e vilipêndio. É importante lembrar que a Vox Royalty Corp já manifestou interesse por escrito, por meio de documento protocolado nos autos, em adquirir a debênture por R$ 800 milhões, mais que o dobro do valor oferecido pelo banco indicado como stalking horse”, diz a defesa de Eike.