- Cada vez mais pessoas têm se tornado autônomas ou vêm sendo contratadas pelo sistema PJ
- O mapeamento das despesas permite entender a quantia de dinheiro necessária para viver ao longo de um mês
- Por fim, é preciso se atentar não apenas para as emergências, mas também para o futuro no longo prazo
O mercado de trabalho tem mudado e cada vez mais pessoas se tornam autônomas ou estão sendo contratadas pelo sistema PJ (pessoa jurídica), quando se tornam prestadores de serviço e não funcionários da empresa. Tal movimento avança por conta da diminuição dos custos com contratação nas empresas de médio e pequeno porte que tentam sobreviver em um cenário econômico desafiador, mas também por causa de uma mudança comportamental na sociedade.
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Hoje, muitas pessoas preferem trabalhar em modelos flexíveis, terem autonomia sobre a sua própria agenda e empreender. Esse caminho pode ser bacana pela maior liberdade e pela possibilidade de ganhos que extrapolam o valor fixo do salário que a CLT oferece. Porém, demanda muita organização.
“O trabalhador que não tem um modelo de trabalho CLT precisa se antecipar a eventos que podem levar a desembolsos”, diz Juliana Inhasz, professora de economia do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper). “Ele passa a ser o único responsável pelo seu planejamento financeiro, por isso, a reserva
de emergência é essencial.”
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Segurança x liberdade
Na CLT, o Estado e a empresa assumem o papel de garantir segurança financeira aos cidadãos, entendendo que muitos deles não são capazes ou têm dificuldade em fazer isso por conta própria. Em modelos PJ ou informais, o próprio trabalhador assume toda a responsabilidade sobre sua vida financeira. É preciso criar o próprio fundo de garantia, auxílio desemprego, fundo de aposentadoria e décimo terceiro.
O trabalhador ganha em liberdade, mas perde a segurança garantida pelo Estado. Guilherme Pereira, de 19 anos, assistente de seguros e ex-aluno da Multiplicado Sonhos – que hoje trabalha no modelo CLT, mas já foi trabalhador informal –, sente claramente a diferença entre os dois regimes.
“A maior dificuldade que eu sentia quando era totalmente responsável pela minha segurança financeira era definir prioridades e viver sem garantias. Como eu não tinha nenhum dos direitos oferecidos pelo governo, precisava saber exatamente o que fazer com o dinheiro que eu ganhava informalmente, que infelizmente era bem pouco”, conta Pereira.
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Hoje, 69% das empresas ativas no Brasil são de microempreendedores individuais (MEIs) e a realidade desses profissionais varia muito. Alguns têm uma renda alta o suficiente para compensar a falta de direitos, mas infelizmente não é o caso da maioria.
Para profissionais com alta escolaridade, que oferecem um serviço especializado, o mercado pode até pagar bem pelo trabalho, mas para trabalhadores de baixa escolaridade a precarização é um sinal de alerta ainda sem solução.
Entendendo e mantendo o padrão de vida
Quem não tem as garantias do Estado precisa fazer o seu próprio colchão para amortecer possíveis quedas. Na educação financeira, chamamos esse colchão de reserva de emergência – o primeiro passo para um planejamento financeiro eficiente, depois da quitação de dívidas, se elas existirem.
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“A primeira coisa a se fazer na hora de criar um planejamento financeiro é se conhecer: entender quais são os seus gastos e para onde o dinheiro está indo”, aconselha Inhasz. A partir disso, cria-se uma lista de prioridades para entender o que é essencial, o que não é tão importante e o que é supérfluo.
Com o mapeamento das despesas e do comportamento financeiro, o trabalhador autônomo terá uma noção da quantia de dinheiro que precisa para viver ao longo de um mês. O ideal é guardar o suficiente para viver pelo menos por seis meses em caso de perda da renda.
No geral, trabalhadores autônomos não têm uma garantia fixa de recebimento todos os meses, como acontece com o salário no regime CLT. Pergunte-se: “Na média, quanto que eu ganho?”, “Quais são os elementos que me fazem acreditar que determinados meses eu vou receber mais e em outros, menos?”
A partir das respostas a essas perguntas é possível equilibrar as contas, guardando mais quando se recebe mais para criar a reserva disponível para os meses em que o recebimento for menor. “O dinheiro da reserva de emergência deve ser aplicado e guardado de forma segura em uma aplicação conservadora com liquidez alta, para que seja possível resgatar de maneira rápida em caso de emergência”, diz a professora do Insper.
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Aposentadoria
Por fim, mas não menos importante, fique atento não só às possíveis emergências, mas também ao futuro no longo prazo. A aposentadoria básica oferecida pelo governo provavelmente não será suficiente para uma vida digna e tranquila na terceira idade. Por isso, além de ter o dinheiro da reserva de emergência, faça um plano de previdência privada ou crie um patrimônio a longo prazo, investindo o dinheiro de forma diversificada.
Aqui no E-Investidor você encontra diversos conselhos de investimentos a partir do seu perfil. Agora, se você não tem disciplina suficiente para investir sozinho, recomendo que faça uma previdência privada e pague-a mensalmente. Não se esqueça de ler atentamente o contrato e lembre-se: ele não serve para te garantir altos ganhos, mas como um plano de segurança para o futuro.
Bons investimentos!
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