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BTG diz que Gerdau pode ser mais agressiva na remuneração aos acionistas

O banco avalia ainda que as ações da empresa são negociadas com múltiplos baratos

BTG diz que Gerdau pode ser mais agressiva na remuneração aos acionistas
Vista interna de usina da siderúrgica Gerdau. Foto: REUTERS/David McNew
  • O BTG reiterou a recomendação de compra da Gerdau (GGBR4) após receber o CFO da empresa Rafael Japur em conferência do banco, e receber uma sinalização da administração de que os resultados devem ser mais resilientes do que o mercado está esperando
  • O banco reitera a compra das ações da Gerdau, com preço-alvo de R$ 43 para a ação na B3 e US$8,14 para a ADR (potencial de alta de 54% e 60.9%, respectivamente)
  • “Em última análise, vemos potencial para o retorno de caixa render acima de 15% em 2023, o que coloca a empresa como uma das melhores em nosso universo de cobertura”, avaliam os analistas em relatório

O BTG reiterou a recomendação de compra da Gerdau (GGBR4) após receber o CFO da empresa Rafael Japur em conferência do banco, e receber uma sinalização da administração de que os resultados devem ser mais resilientes do que o mercado está esperando. O banco avalia ainda que as ações da empresa são negociadas com múltiplos “baratos”.

Enquanto a empresa reconhece que a base atual de resultados é muito alta (Ebitda na faixa de R$ 22-24 bilhões), ela não está vendo sinais relevantes de uma grande correção de rentabilidade nos EUA, permanecendo bastante otimista com as perspectivas no Brasil – “será que vem uma nova rodada de aumentos de preços no quarto trimestre?”, questionam os analistas do banco Leonardo.

A administração ainda está focada na execução de um balanço patrimonial sub-alavancado e não deve se envolver em grandes investimentos greenfield nem M&A, avalia o BTG, que sente, porém, que ainda há muito espaço para acelerar os retornos de caixa para os investidores (recompra é a rota preferida).

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“Nós reiteramos nossa visão de que o ritmo de normalização será gradual e a queda deve ser superficial, com uma faixa de Ebitda de R$ 14 bilhões a R$ 15 bilhões em 2023 parecendo cada vez mais conservadora”, dizem Correa e Greiner. “Esse cenário conservador colocaria a empresa confortavelmente abaixo de 3 vezes o Ebitda de 2023, e com FCFE yields perto de 20%, o que é inigualável em nosso universo de cobertura”, completam.

O banco diz ainda que, com a empresa se aproximando de zero (líquido) de dívida, uma área chave de foco dos investidores tem sido no potencial para a Gerdau aumentar significativamente os retornos aos acionistas. Enquanto alguns têm defendido uma nova política de dividendos ultimamente, a mensagem da Gerdau foi clara, afirma o BTG: uma nova fórmula de dividendos não está sendo discutida neste momento, com administração confortável com seu índice de distribuição atual de 30% do lucro líquido; recompras são a rota preferida para distribuição de caixa excedente, com gerenciamento acelerando as recompras ultimamente (um novo programa pode ser aberto até o final do ano) e; a empresa não pretende tornar-se caixa líquido.

“Em última análise, vemos potencial para o retorno de caixa render acima de 15% em 2023, o que coloca a empresa como uma das melhores em nosso universo de cobertura”, avaliam os analistas em relatório.

O BTG acredita que a administração da companhia deve permanecer focada em despesas de capex de baixo tíquete, com capex total permanecendo em torno de R$ 4,5-5 bilhões no médio prazo, o que se compara a geração de Ebitda na faixa de R$ 12-15 bilhões (na modelagem da casa até 2025).

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Além disso, o banco pontua que a mensagem da empresa sobre a sustentabilidade dos resultados nos EUA foi bastante tranquilizadora, considerando que os spreads de metais estão subindo devido aos preços resilientes do vergalhão e queda nos preços da sucata, agora sendo negociada perto dos níveis mais altos de vários anos, acima de US$ 600 no curto prazo; a carteira de pedidos saudável, com boa visibilidade e perspectivas de demanda até o final do ano; e mercado imobiliário representando menos de 10% do volume total no região, minimizando as preocupações dos investidores com o aumento das taxas de hipoteca.

A empresa disse que ainda não está sentindo nenhum dos “ventos favoráveis” do pacote de infraestrutura nos EUA – e o BTG não prevê alterações na Seção 232 em breve, que considera favorável ao ciclo. No Brasil, o CFO Japur concorda com a visão do banco de que os preços dos aços longos domésticos estão com descontos excessivos em relação às importações (-5%), e o banco diz que “ouviu” sobre novos aumentos de preços tentativas para outubro de 5-7% (não confirmados). Em geral, todos esses fatores podem gerar resultados mais próximos de R$ 20 bilhões de EBITDA por mais tempo, acrescenta.

Os analistas têm a impressão de que os resultados de curto prazo da Gerdau devem ser pressionados por pressões de custo momentâneo no Brasil, o que deve reduzir as margens EBITDA para cerca de 19% no terceiro trimestre (de 24%). Essa contração de margem é explicada principalmente pelo preço mais alto do carvão metalúrgico fluindo pelo P&L em sua unidade de Ouro Branco no Brasil.

Por outro lado, o BTG antecipa resultados muito fortes nos EUA, mostrando rentabilidade relativamente estável no país e “resultados decentes” em outros lugares. Ao todo, a geração EBTIDA deve subir um pouco acima de R$ 5 bilhões, mostrando uma contração sequencial de cerca de 20% no comparativo trimestral.

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“No final das contas, acreditamos que isso reforça nossa visão de que a base é tão alta que mesmo em meio a alguns desafios, a base/métrica resultante permanece altamente atraente”, concluem Correa e Greiner.

O banco reitera a compra das ações da Gerdau, com preço-alvo de R$ 43 para a ação na B3 e US$8,14 para a ADR (potencial de alta de 54% e 60.9%, respectivamente), pois apesar do enfraquecimento da indústria siderúrgica global, vê a Gerdau bem posicionada para enfrentar a tempestade, devido ao seu modelo de negócios resiliente, diversificação, qualidade de ativos e flexibilidade – o impulso dos lucros está diminuindo para o todo o setor, mas em menor escala para a Gerdau, afirma o BTG.

A Gerdau negocia em múltiplos “baratos”, de acordo com o banco, de 2,5 vezes o EV/Ebitda de 2023 e espera-se que a empresa gere aproximadamente 20% FCF de rendimentos.

“Os preços das ações foram corrigidos antes de fundamentos, e agora estão descontando uma correção de Ebitda de 60-70%, que vemos como agressiva. O mercado também vem ganhando mais clareza sobre a empresa no que diz respeito a alocação de capital (uma preocupação importante anteriormente): com uma meta de dívida bruta fixada em R$ 12 bilhões, vemos potencial para a empresa se tornar mais agressiva na remuneração dos acionistas”, argumentam os analistas.

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