- Às 11h20 desta quarta-feira (23), as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3/PETR4) acumulavam queda de 27,48% e 29,82% nos últimos 30 dias, respectivamente
- Um sinal de como os ventos podem estar mudando para papéis que até então vinham como figurinha brilhante nos portfólios
- Para analistas, incertezas sobre a continuidade do PPI e possíveis intervenções políticas na estatal tornam as ações menos atrativas
A Bolsa de Valores brasileira foi atingida por um mau humor do mercado com a eleição de Lula no final de outubro, um cenário que foi ainda pior para as estatais brasileiras. Às 11h20 desta quarta-feira (23), as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3/PETR4) acumulavam queda de 27,48% e 29,82% nos últimos 30 dias, respectivamente. Um sinal de como os ventos podem estar mudando para papéis que até então vinham como figurinha brilhante nos portfólios.
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Em relatório, a equipe de research do Itaú BBA destaca que a implementação da atual política de preços na companhia, em 2016, que acompanha os preços de paridade internacional, foi uma “reviravolta inquestionável” para a rentabilidade da Petrobras. Agora, porém, a possibilidade de alteração nessas diretrizes acende um alerta para o futuro da estatal.
“Qualquer proposta que sugira desvincular os preços domésticos da referência de paridade de importação implicaria em mudanças significativas na política de preços e nos resultados da empresa”, diz o documento assinado pelos analistas Monique Greco, Bruno Amorim e Eric de Mello. “Dada a falta de clareza sobre o futuro da política de preços da empresa, acreditamos que este seja um grande risco para a história de investimento da Petrobras”.
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A equipe do Itaú mantém a recomendação de market perform (neutra) para as ações da Petrobras, até que seja possível ter uma visão mais clara das novas diretrizes da companhia sob o novo governo. Mas destaca: “Dada a incerteza, é cedo para afirmar que o preço atual das ações está descontado o suficiente para acomodar todos os desfechos possíveis para o risco”, diz o relatório.
É essa incerteza em como o novo governo Lula vai direcionar a empresa que faz alguns analistas terem visões até mais pessimistas para as ações da Petrobras. Para Flávio Conde, analista de ações da Levante Ideias de Investimentos, não vale mais a pena manter PETR3 e PETR4. “O risco é muito grande e todas as indicações são de que a situação para o acionista vai piorar”, pontua.
Na visão do analista, nem mesmo o pagamento de dividendos, que era um grande atrativo desses ativos, justifica as posições. Depois dos resultados referentes ao terceiro trimestre de 2022, a Petrobras anunciou a distribuição de R$ 43,7 bilhões em proventos – um valor de R$ 3,34 por ação preferencial e ordinária para acionistas com posição até a segunda-feira (21).
Agora, passado esse período de corte para receber os dividendos, pode ser um bom momento para quem quiser se desfazer das posições, afirma Conde. “Essa política de dividendos vai acabar. Não vale a pena manter as ações na carteira, principalmente agora que passou a data limite para receber os R$ 3,34″.
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