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Com foco na PEC da Transição, Ibovespa sobe 2,03%, aos 106,8 mil pontos

Índice retomou, mas não reteve, a linha dos 107 mil pontos

Com foco na PEC da Transição, Ibovespa sobe 2,03%, aos 106,8 mil pontos
Foto: Robson Fernandjes/Estadão

O Ibovespa retomou, mas não reteve, a linha dos 107 mil pontos, não vista em fechamento desde o último dia 9. De olho nos desdobramentos em torno da PEC da Transição em Brasília, a referência da B3 oscilou entre mínima de 104.606,87 e máxima de 107.792,12, saindo de abertura aos 104.739,56 pontos nesta terça-feira, em que o giro ficou em R$ 29,0 bilhões.

Ao fim, o Ibovespa mostrava alta de 2,03%, aos 106.864,11 pontos, acumulando ganho de 3,90% nas duas primeiras sessões da semana, que limitam a perda do mês a 5,00%. Após ter virado para o negativo no ano na terça passada, o índice volta a avançar, hoje, 1,95% em 2022. Em porcentual, o ganho na sessão foi o maior desde 24 de novembro (+2,75%). Ontem, o Ibovespa já havia subido 1,83%, de forma que, em relação ao fechamento da última sexta (102.855,70), recupera 4 mil pontos.

O avanço moderado dos preços do petróleo e do minério de ferro nesta terça-feira contribuiu com Petrobras (ON +2,43%, PN +3,08%) e Vale (ON +0,45%), assim como para as ações de siderurgia (CSN ON +3,89%, Gerdau PN +2,35%). Mas o ponto forte, como ontem, foram as do setor de varejo, como Via (+10,81%) e Magazine Luiza (+8,05%) que lideraram os ganhos do dia, nos melhores momentos na casa de dois dígitos, hoje ao lado de Gol (+11,18%), Natura (+8,59%) e Azul (+7,58%).

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No lado oposto, cinco ações do Ibovespa fecharam o dia em baixa, com destaque para Qualicorp (-3,07%), devolvendo pequena parte da alta de 14,68% do dia anterior quando o papel havia reagido à aprovação com restrições, pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), da compra da SulAmérica pela Rede D’Or. Cederam terreno hoje, também, Fleury (-3,34%), Marfrig (-1,59%), Suzano (-0,59%) e Ambev (-0,43%).

O movimento de acentuação de ganhos na B3 veio ainda no começo da tarde, com os investidores reagindo à notícia de que, em acordo de líderes na Câmara, a PEC da Transição terá validade de apenas um ano – e não de dois, como havia sido aprovado no Senado. O acordo, anunciado inicialmente por um parlamentar, pareceu ter sido confirmado logo depois pelo futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad – mas a assessoria de Haddad, rapidamente, desmentiu tal confirmação, alegando que os jornalistas haviam entendido mal.

Ainda assim, o sinal de que a PEC pode passar por nova desidratação na Câmara, a começar pelo prazo, deu impulso adicional ao apetite por risco na B3, que mostrou ganhos firmes na sessão, mesmo nos momentos em que os índices de ações em Nova York titubeavam, chegando a oscilar para o negativo por lá. Ao final, mostravam leves ganhos, entre 0,01% (Nasdaq) e 0,28% (Dow Jones), nesta terça-feira.

“Desde o resultado da eleição no fim de outubro sucedeu-se uma série de falas e de sinais que foram mal recebidos pelo mercado, resultando em acúmulo de descontos, de prêmios de risco, nos ativos brasileiros. Agora, há um ajuste, uma revisão desses prêmios, que pareceram excessivos”, diz Nicolas Farto, head de renda variável da Renova Invest, chamando atenção para os juros futuros, que refletem de forma mais imediata os receios sobre a situação fiscal.

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“A atenção segue concentrada na PEC da Transição, é o que tem movido os mercados, e os sinais de mudança têm se refletido no fechamento da curva de juros, que prosseguiu hoje com o relato sobre a diminuição de prazo, de dois para um ano”, acrescenta Farto, destacando em especial o efeito da melhora na perspectiva para os juros sobre as ações do setor de consumo, que vinham muito “amassadas”. “Até o Congresso entrar em recesso, ainda há coisa para acontecer, então não se tem como afirmar muito: nem se o Ibovespa está ensaiando um rali, como nessas duas últimas sessões, ou se pode vir nova correção, para baixo.”

O enfraquecimento do volume de negócios, normal à medida que se aproxima o fim do ano, tende a amplificar os movimentos de ajuste, observa também Farto.

“É consenso que a política é o que tem ditado o tom dos mercados por aqui já há bastante tempo. E ainda há anúncios para serem feitos sobre a composição da equipe (de governo), especialmente para as estatais, o que pode ainda trazer volatilidade nesse fim de ano. A esfera política é o que deve continuar a ditar o tom”, observa João Vítor Freitas, analista da Toro Investimentos.

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