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- Celebridade no universo cripto e evangelista do Bitcoin, o programador americano Jimmy Song defende que moedas digitais não podem ter “donos” ou ser centralizadas
- A premissa vale para as moedas digitais de bancos centrais (CBDCs, na sigla em inglês), uma tendência na economia
- Pelo mesmo motivo, a tokenização de ativos também entra na lista de desconfianças de Song
Celebridade no universo cripto e evangelista do Bitcoin, o programador americano Jimmy Song defende que moedas digitais não podem ter “donos” ou serem centralizadas. De acordo com ele, é uma questão de confiabilidade.
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A premissa vale para as moedas digitais de bancos centrais (CBDCs, na sigla em inglês), uma tendência na economia. Somente neste ano, 56 países anunciaram que começaram a implementar suas CBDCs, incluindo Reino Unido e Japão. O Brasil deve ter o Real digital em 2024. E se estende, claro, para as altcoins, como são chamadas as sucessoras do Bitcoin, caso da Ethereum e do Cardano, por exemplo.
Pelo mesmo motivo, a tokenização de ativos também entra na lista de desconfianças de Song. “Se você está com um desses tokens, você está confiando na pessoa que o criou e controla”, justifica o programador. “Se você possui Ethereum, você está confiando em Vitalik Buterin. Se você está segurando o Cardano, você está confiando em Charles Hoskinson e assim por diante. O único que não é assim é o Bitcoin.”
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Song participa do Bitcoin Core, software de código aberto para desenvolvedores da comunidade Bticoin. E diz que iniciativas como as CBDCs só vão acabar levando mais pessoas para o Bitcoin. Confira, abaixo, os principais trechos da entrevista:
Estadão/Broadcast: Bancos tradicionais e governos que estão procurando entrar no mundo das criptomoedas. Qual a avaliação do senhor?
Song: Os bancos tradicionais que entram em cripto serão destruídos, assim como as exchanges (corretoras de criptomoedas) e outros que estão passando por problemas agora. Com os governos será a mesma coisa. Quem montar posições de Bitcoin e usar essa criptomoeda como uma tecnologia e reserva de valor vai se sair bem, inclusive os governos.
Como o senhor vê iniciativas como a do Brasil, onde o Banco Central está desenvolvendo sua própria moeda digital?
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Song: Acho que as CBDCs (moedas digitais de bancos centrais, na tradução livre do termo em inglês) vão levar as pessoas mais para o Bitcoin. Não acredito em nenhuma das outras moedas porque elas não são diferentes. Todas são controladas centralmente, assim como o real brasileiro ou o peso argentino ou qualquer outra. Acho que o que vai acontecer com as CDBCs é que elas serão vistas como o tipo de ferramenta de vigilância que são – e darão ao governo controle sobre tudo. E as pessoas não vão gostar disso. Elas vão querer ter sua própria soberania. Bitcoin será a principal moeda. Já se vê isso em muitos países da América Latina, onde as pessoas usam dólares em vez de sua própria moeda oficial. Apenas digitalizar, não vai resolver muito. O que as pessoas não percebem é que, ao usar o dólar, você está confiando no Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Se você olhar para os últimos dez anos, o poder de compra do dólar caiu significativamente. Sua própria moeda está derretendo como cubo de gelo, assim como o dólar. A única coisa que não funciona assim é o Bitcoin. Por isso, acho que é inevitável que as pessoas fluam para o Bitcoin, mesmo quando as CDBCs se tornarem populares.
Qual é o futuro, a tokenização da economia?
Song: Acho que os tokens são uma farsa e isso está sendo mostrado agora. Com os tokens, você tem de confiar no controlador central dele. E vimos isso com a FTX (segunda maior corretora de criptomoedas do mundo, que entrou em falência recentemente). Não apenas as pessoas que tinham conta na FTX se deram mal, mas também as que detinham o token FTX, emitido por Sam Bankman-Fried (fundador da corretora). Se você está com um desses tokens, você está confiando na pessoa que o criou e controla. Se você possui Ethereum, você está confiando em Vitalik Buterin. Se você está segurando o Cardano, você está confiando em Charles Hoskinson e assim por diante. O único que não é assim é o Bitcoin.
Quanto mais desastres desse tipo houver no espaço de tokenização, melhor será porque as pessoas aprenderão a lição. Podem perder algum dinheiro, mas, em última análise, isso lhes levará a melhores decisões no futuro. O token beneficia apenas as pessoas que o criam. Isso é o que eu penso de todas as moedas. Claro, as pessoas que podem emitir os tokens adoram e têm todos esses incentivos para exagerar e dizer: ‘Oh, vamos tokenizar essa indústria’. Estou nesta indústria há 11 anos e todas essas altcoins prometem a você a lua e nenhuma delas faz nada. São castelos de areia.
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O senhor costuma declarar ser contra a regulamentação do Bitcoin, por qual motivo?
Song: Não acho que a regulamentação seja necessária para nada, na verdade. Sou um libertário. Então, geralmente desaprovo a regulamentação que tende a favorecer as empresas que já estão no poder e não as iniciantes ou as pessoas que estão tentando entrar. Isso (a regulação) prejudica a inovação, em geral. O problema é que os mercados tendem a descobrir as coisas. As altcoins (outras criptomoedas que não o Bitcoin), serão regulamentadas após o caso FTX. Muitas pessoas perderam dinheiro e altcoins com falhas centrais desaparecerão do mercado. Já o Bitcoin continuará performando bem, pois é realmente descentralizado. Então, realmente não acho que a regulamentação do Bitcoin seja necessária.
O que falta para o Bitcoin fazer parte do dia a dia do consumidor?
Song: Os comerciantes vão passar a receber Bitcoin quando estiverem cansados de serem prejudicados pelos bancos centrais, incluindo o Fed. Eles não parecem entender que o dólar está perdendo muito valor, especialmente nos últimos três anos. Assim que eles perceberem isso, acho que a demanda dos comerciantes (por Bitcoin) começará a aumentar. Estive em vários eventos sobre Bitcoin pelo mundo e eu consegui pagar por qualquer coisa com ele. Quanto tempo vai levar para ser a moeda principal, não sei, mas acho que é inevitável, só uma questão de tempo. Não me surpreenderia, por exemplo, que bandeiras de cartão de crédito, que já suportam muitas moedas diferentes, adicionem Bitcoin.
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