- As ações da Magazine Luiza (MGLU3) subiram inacreditáveis 61,68% em janeiro, a 4ª maior alta nos papéis desde a estreia da varejista na Bolsa
- O grande catalisador do desempenho? O rombo bilionário encontrado na concorrente Americanas
- Embora o espaço deixado por Americanas ainda continue a ajudar a Magalu no curto prazo, o cenário macro ainda torna as coisas difíceis para as varejistas em 2023, destacam analistas
As ações da Magazine Luiza (MGLU3) subiram inacreditáveis 61,68% em janeiro. É a quarta maior alta mensal dos papéis desde que a companhia estreou na Bolsa de Valores brasileira, em 2011, mostra um levantamento feito por Einar Rivero, do Trademap. Um desempenho especialmente positivo tendo em vista que, em 2022, a MGLU3 caiu mais de 60% no ano.
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Mas qual foi o grande catalisador do desempenho? O rombo de R$ 43 bilhões descoberto em sua principal concorrente, a Americanas (AMER3). Na noite do dia 11 de janeiro, a companhia comunicou ao mercado que havia encontrado “inconsistências contábeis” bilionárias em seus balanços, uma história que foi ganhando novos capítulos até terminar em uma recuperação judicial, com as ações fora do Ibovespa e uma lista de credores desconfiados.
Para as outras varejistas, no entanto, o espaço até então ocupado pela Americanas abriu uma oportunidade – e foi nela que as ações da Magazine Luiza conseguiram arrancar a maior valorização do Ibovespa no primeiro mês do ano. Veja nesta outra reportagem quem mais foi destaque em janeiro.
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“Sem sombra de dúvidas, foi por causa da questão da Americanas”, diz Angélica Marufuji, sócia e analista da Meraki Capital. A especialista destaca que as altas nas ações da Magalu foram acontecendo gradativamente à medida que o mercado entendia que o que a situação da Americanas era mais grave do que o divulgado inicialmente.
“Quando começamos a entender que havia ali uma questão de uma fraude contábil muito grande e que não estava muito claro como a empresa ia ter caixa para a passar por esse período, o mercado fez um raciocínio que de que a Magazine Luiza seria a primeira a capturar o ‘benefício’ desse movimento”, explica Marufuji.
A analista traça um paralelo com outras situações do setor de varejo: quando a B2W decidiu reduzir a operação no e-commerce, foi a Magalu quem melhor capturou o espaço deixado. A mesma coisa aconteceu na falência da Máquina de Vendas ou quando o Walmart decidiu sair do e-commerce no Brasil. “Olhando o histórico recente, vemos que a Magazine Luiza historicamente vem sendo a ganhadora de mercado em movimentos como esse”, destaca a analista da Meraki.
Esse é um dos motivos, inclusive, que fez com que a MGLU3 tivesse um salto muito superior ao dos pares. As ações da Via (VIIA3), por exemplo, encerraram janeiro cotadas no mesmo patamar de preço com que encerraram 2022: R$ 2,40 por papel.
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“Comparando Magazine Luiza e Via, a Magalu já era quem tinha uma participação de mercado maior e agora isso vai aumentar. A Via ainda é quem tem a maior exposição a itens de grande valor e será invariavelmente mais impactada por conta do cenário macro”, destaca Flávia Meireles, analista da Ágora Investimentos.
A analista destaca ainda que a Magazine Luiza vem há alguns anos diversificando suas fontes de receita – comprou a Época, um braço de cosméticos, a Netshoes, de itens esportivos, e a KaBuM!, de games. Um modelo de negócios que, no cenário econômico atual, é mais vantajoso que o da Via. “A Magalu soube explorar muito bem esses outros segmentos para diminuir sua dependência de produtos de tíquetes altos”, diz Meireles.
Tem espaço para novas altas?
Em fevereiro, as ações da Magazine Luiza estão passando por uma leve correção. Até o fechamento desta segunda-feira (6), os papéis acumulavam uma queda de 6,77%, cotadas a R$ 4,13.
As analistas explicam que ainda há espaço para novas valorizações de curto prazo por causa do caso Americanas. No longo prazo, porém, o cenário macroeconômico deve continuar fazendo pressão nas ações das varejistas, seja Magalu ou Via.
“Para MGLU3, seguimos com a nossa perspectiva um pouco mais neutra, mais cautelosa. Apesar de imaginarmos que os resultados sejam beneficiados no curto prazo pela fraqueza da Americanas, essa alta de janeiro já refletiu isso em grande parte”, explica Danniela Eiger, head de Varejo da XP.
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A especialista destaca que a dinâmica de concorrência entre as varejistas ainda é bastante dura, mesmo com a perda de mercado de Americanas. “Tem grandes players expandindo, como o Mercado Livre, e os menores como Shoppe e Amazon, podendo fazer bastante diferença caso venham investir mais”.
Além da dinâmica da concorrência, pensando no longo prazo, o cenário de inflação ainda elevada e juros de dois dígitos sem perspectivas de queda deve penalizar o modelo de negócios. Na Ágora Investimentos, o preço-alvo das ações da Magazine Luiza e da Via foram revisados para cima por causa desse entendimento de curto prazo mais positivo. Ainda assim, a corretora não alterou sua recomendação para os papéis, que segue neutra.
“No curto prazo, sim, essas empresas vão se beneficiar e ter um ganho operacional em virtude do que está acontecendo com a Americanas. Mas não mudamos a recomendação, porque a visão de longo prazo não mudou e continua sendo cautelosa em relação a taxas de juros mais altas em um cenário de inflação alta”, explica a analista Flávia Meirelles.