O que este conteúdo fez por você?
- A Via Varejo divulgou noTwitter uma série de informações operacionais que indicavam crescimento de vendas de até 2.500% nos meses de maio e junho de 2020
- Normalmente, essas informações são repassadas ao mercado por meio de fato relevante
- A atitude da companhia acendeu um sinal de alerta para a CVM, que abriu um processo administrativo para analisar a divulgação dos resultados
A Via Varejo (VVAR3) publicou na tarde desta segunda-feira (20) uma série de informações operacionais que indicavam crescimento de vendas de até 2.500% nos meses de maio e junho de 2020, em comparação ao mesmo período do ano passado.
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A atitude da companhia – dona das varejistas Casas Bahia e Ponto Frio – não foi vista com bons olhos e acendeu um sinal de alerta para a Comissão de Valores Monetários (CVM), que abriu um processo administrativo para analisar a divulgação dos resultados via rede social.
A sequência de dados foi apagada, mas analistas avaliam que o mercado reagiu positivamente à divulgação. Tanto que a companhia teve uma alta de 7,96% nas ações, que renovaram a máxima história em R$ 21,29 no primeiro pregão da semana.
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Os tuítes citavam, por exemplo, alta de 1.900% nas vendas on-line de aparelhos de TV e de mais de 2.500% em games, câmeras e drones. Segundo Marcel Zambello, analista da corretora de investimentos Necton, os números impressionantes vêm de bases fracas em 2019, quando o e-commerce da companhia era pouco desenvolvido. Para ele, a maior parcela das vendas eletrônicas na receita da empresa é uma tendência em todo o setor.
A CEO da AGR Consultores, Ana Paula Tozzi, concorda que os números indicam uma nova tendência de consumo, provocada pela pandemia de covid-19. “Estamos acompanhando o crescimento das vendas on-line e de todos os produtos que fazem da vida do consumidor uma estadia dentro de casa melhor”, diz.
O analista Henrique Esteter, da Guide Investimentos, viu com estranheza a divulgação dos dados na rede social, uma vez que normalmente essas informações são repassadas ao mercado por meio de fato relevante, com aval da CVM. Para ele, investidores tiveram uma boa receptividade.
“Foram números muito expressivos de aumento de vendas em diferentes segmentos na comparação com o mesmo período do ano passado. Obviamente, o investidor olhou para essa notícia com um viés muito positivo”, afirma Esteter.
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O analista destaca que a notícia também trouxe ânimo para os papéis das concorrentes da Via Varejo. As ações da Magalu (MGLU3), por exemplo, avançaram 6,29% e chegaram a R$ 87,16, a terceira maior alta do dia na bolsa. Já os papéis da B2W (BTOW3) registraram alta de 3,31%, e uma cotação de R$ 119,30.
O que esperar do próximo balanço
O suposto “vazamento” das informações aumenta as expectativas de investidores para a divulgação do balanço do segundo trimestre da varejista. Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos, lembra que o mercado já vem nutrindo um bom olhar pela empresa desde o início de sua reestruturação, ainda em 2019.
“A penetração do on-line garantiu destaque no resultado do primeiro trimestre. A empresa voltou a gerar lucro líquido para os seus acionistas, o que não era visto há algum tempo.”
Carvalho lembra que os dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o varejo reforçam essa leitura. Em maio, ante abril, as vendas do comércio varejista subiram 13,9%. “Os números do segundo trimestre vão mostrar um impacto maior, no sentido do varejo físico, que ficou praticamente inoperante durante a crise. A exposição on-line deve aumentar de forma bem importante, mas pode ser que venham números bem fortes, consolidando ainda mais a empresa no segmento de vendas eletrônicas”, conclui Lucas.
Procurada, a Via Varejo não respondeu até a publicação da reportagem.
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