- Guga contou que tem um perfil de investimentos conservador e que 70% da carteira está na renda fixa
- Ele disse que o suporte financeiro foi determinante para que chegasse em condições de ganhar o primeiro título de Roland Garros, em 1997
- Hoje sócio e embaixador de corretora de investimentos, Guga afirmou que tenta contribuir para a educação financeira do País
A simplicidade com que Gustavo Kuerten conquistou o mundo nas comemorações dos títulos de Roland Garros, um dos quatro torneios que compõem o Grand Slam, principal circuito do tênis mundial, ele leva também para o trato com o dinheiro e o seu patrimônio.
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Assim, o multicampeão que já chegou ao posto de número 1 do mundo não tem vergonha nenhuma de contar que tem um perfil conservador. Ele relata que depende de uma rede de apoio, que inclui seu assessor de investimentos para decidir onde alocar seus recursos e não mede esforços para defender a educação financeira no Brasil.
Guga reconhece que uma boa gestão do dinheiro desde a época juvenil deu suporte para ele se dedicar ao que sabia fazer de melhor: jogar tênis. E deseja que essa consciência faça parte da vida profissional de jovens atletas e da população brasileira como um todo, para que cada indivíduo possa brilhar seja lá qual for a área de atuação.
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Nesta entrevista, ele relembra os primórdios, quando todo o dinheiro que ganhava do tênis era “contadinho” e reinvestido inteiramente no desenvolvimento da sua carreira. Até que, aos poucos, o patrimônio cresceu e virou o conglomerado Grupo Guga Kuerten, que engloba imóveis, franquias de escola de tênis, investimentos em startups, energias renováveis e posições no mercado financeiro.
Ele fala também do seu papel de embaixador da Genial Investimentos, empresa da qual é sócio, do que pensa sobre criptomoedas e abre ainda a sua carteira de investimentos. Confira os principais trechos da conversa que o E-Investidor teve com o ídolo brasileiro.
E-Investidor – Como que você começou a investir no mercado financeiro?
Gustavo Kuerten – A maioria das pessoas entra sem saber direito o que está fazendo e o meu caso não foi diferente disso. No começo do meu projeto com o tênis, o dinheiro era contadinho, até os centavos. Eu precisava fazer escolhas. Vamos ficar num hotel ou em casa de família? Vamos apostar nesse torneio ou no outro? Tudo era registrado em planilhas com preço da latinha de bola, com o par de tênis que eu devia trocar a cada dois meses, tudo no pé da letra. Aprendi a valorizar o dinheiro em todos os momentos da vida. E isso significa se envolver, de alguma forma, com o mercado financeiro.
Dá para dizer que o suporte financeiro foi determinante para você vencer Roland Garros?
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Kuerten – Qualquer esporte profissional de alto rendimento tem uma lógica de organização financeira. Por isso o atleta precisa ser assistido porque ele já tem muita coisa para fazer numa profissão que envolve alto risco de dar tudo errado. O nosso projeto funcionou muito bem com o envolvimento da família e isso me deu base para chegar pronto em 1997 para vencer o Roland Garros pela primeira vez.
Estava surfando esses dias na Praia da Joaquina com um menino daqui de Florianópolis que passou para a divisão que fica logo abaixo do WCT [principal categoria do surf mundial]. Ele falou que precisava de ajuda na parte financeira e estava perdido nesse assunto. E é o que acontece. Como é que ele vai cuidar dos contratos, onde ele vai investir, como vai construir um patrimônio, onde pode e onde não deve arriscar em meio a treinos e competições? Um menino desse, de 19 anos, vai performar por mais 20 anos se montar uma boa equipe em torno dele, e com uma estrutura bacana que cuide de tudo que ele necessita.
Você se considera um investidor conservador, moderado ou arrojado?
Kuerten – Sou conservador para moderadinho, ali de cutuco (risos). Nesses ciclos de altos e de baixas, o conservador vai estar sempre brilhando. Fazendo um paralelo entre o esporte e as finanças, a lógica de um atleta de alto desempenho vai no sentido de querer arriscar mais. Mas ele tem que aprender a controlar toda essa vontade porque as armadilhas também estão presentes. Por isso ele precisa se cercar de pessoas que estão preparadas.
Isso também se aplica com o dinheiro e hoje temos opções de encher o balde [no mercado financeiro]. O mais difícil é dar o primeiro passo, sair da lógica de que não sobra nada. Mas se cuidar direitinho, se organizar a vida e depois de um tempo começa a sobrar um pouquinho. E aí vai investindo aqui, lá e o bolo vai crescendo. Por isso que meu principal conselho é esse: cuida. Se conseguiu fazer um bolo, cuida bem dele. E obviamente esse modo de pensar cai bem no perfil conservador.
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O que tem na sua carteira de investimentos?
Kuerten – Eu tenho um perfil conservador, então na minha carteira tem 70% de renda fixa. O grupo tem uma parte imobiliária grande e agora estamos iniciando um projeto bem bacana com energia sustentável, criando usinas. As franquias de escolinhas de tênis estão bastante consolidadas depois de dez anos. Tenho investimentos até em startups por meio de um fundo.
O que você pensa sobre o mercado de criptoativos?
Kuerten – Eu não entendo tecnicamente, mas sei que eles fazem parte de um processo natural (de evolução do mercado financeiro) que vai acontecer em algum momento. Chegamos a nos aventurar em um projeto e foi bem interessante montar máquinas lá nos Estados Unidos para minerar e foi super rentável por certo tempo. Hoje esse projeto não existe mais. Se tivéssemos o parceiro adequado na época, continuaríamos. Se tivéssemos uma forma mais segura e estrutural de dar os próximos passos, nós daríamos.
Você tem parte na sociedade da Genial Investimentos e atua como embaixador da marca. Para quem você fala?
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Kuerten – Eu falo abertamente para as pessoas que têm condições de ouvir. Eu tive o privilégio de começar a carreira trabalhando com a lógica da educação financeira, mas quantas pessoas estão aí correndo atrás do próprio rabo? Ainda hoje não chega a 15%, a 20% da população as pessoas que descobriram a possibilidade de ter rendimentos mais favoráveis, que conhecem alternativas e, principalmente, que têm educação financeira.
Quero que a mensagem chegue ao máximo de pessoas possível. Hoje, com a facilidade dos aplicativos, a acessibilidade existe. Só que o paradigma ainda é muito grande. A cada episódio como esse que aconteceu com jogadores e ex-atletas do Palmeiras bate um desespero em muita gente: “Ai meu Deus do céu, o que é que eu vou fazer?”. E aí elas misturam todos os temas. A reação é proporcional ao que a gente precisa, de educação, do conceito de equilíbrio.
Mas esse conhecimento tem se expandido com uma velocidade bastante interessante. Tentamos simplificar a fala para trazer confiança, porque o planejamento precisa ser seguro.