- O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) divulgado nesta quinta-feira (27) apresentou um resultado inesperado
- É a primeira vez, desde fevereiro de 2018, que a taxa em 12 meses fica negativa
- Mesmo sendo uma notícia aparentemente boa para os brasileiros, o termo deflação nem sempre é visto com bons olhos pelo governo e por economistas
O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) divulgado nesta quinta-feira (27) apresentou um resultado inesperado. O indicador, utilizado muitas vezes como referência para reajustes de aluguel, teve queda de 0,95% em abril, após alta de 0,05% em março. É a primeira vez, desde fevereiro de 2018, que a taxa em 12 meses fica negativa, em -2,17%.
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Mesmo sendo uma notícia aparentemente boa para os brasileiros, o termo deflação nem sempre é visto com bons olhos pelo governo e por economistas. Isso porque a palavra se refere à queda generalizada dos preços de produtos e serviços por um tempo prolongado, quando a oferta supera a demanda. Ou seja, quando existem mais itens à venda do que as pessoas querem ou têm condições de comprar.
Vale ressaltar que deflação e desinflação são coisas diferentes, já que a primeira representa uma redução sistemática dos preços de uma variedade de produtos e serviços, enquanto a segunda indica uma queda pontual do ritmo da inflação, que ocorre de um mês para o outro.
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Caso a deflação persista por um longo tempo, ela pode refletir uma queda no poder de compra da população e gerar retração na economia, com corte de produção, empregos e investimentos por parte de empresas, o que interfere no Produto Interno Bruto (PIB) do País e pode levar a um quadro de recessão.
No caso do IGP-M, a deflação registrada em abril sinaliza o recuo de um grupo específico de produtos – os itens industriais e agrícolas comercializados por produtores. Esse setor é representado pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que compõe o cálculo do indicador e recuou 1,45% no mês.
“Os preços de importantes commodities para o setor produtivo seguem em queda. Soja (-9,34%), milho (-4,33%) e minério de ferro (-4,41%), abrem espaço para descompressão dos custos de importantes segmentos varejistas favorecendo a chegada desses efeitos nos preços ao consumidor”, explica André Braz, Coordenador dos Índices de Preços da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
No entanto, outros grupos que também fazem parte do cálculo do IGP-M, mantiveram-se em alta no período, evidenciando que não há uma tendência generalizada de deflação. “Os serviços livres persistem com inflação em elevado patamar. Entre os itens deste segmento, vale destacar o aluguel residencial com alta de 1,31% em abril”, afirma o especialista.
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É importante ressaltar que o cálculo do IGP-M ocorre a partir da média aritmética ponderada de três índices coletados pela FGV: o IPA, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). Os dois últimos subiram 0,46% e 0,23% em abril, respectivamente.
O IPA tem peso de 60% para o cálculo do IGP-M e monitora a variação de preços percebida por produtores. Já o IPC, com peso de 30%, acompanha os preços de bens e serviços que impactam diretamente o consumidor final, enquanto o INCC, com peso de 10%, representa os custos para a construção civil.