- Sob o código LJQQ3, a Quero Quero teve uma oferta pública inicial razoável, com preço por ação definido em R$12,65. Juntas, as ofertas primária e secundária movimentaram cerca de R$1,95 bilhões
- Localização das lojas, Selic baixa e a falta de concorrentes na Bolsa podem beneficiar a varejista de materiais de construção, eletrodomésticos e imóveis
- Apesar de ser cedo para falar em recomendação de compra, os especialistas apontam o LJQQ3 como um papel para manter no radar
O Ibovespa em trajetória ascendente começou a atrair novas companhias para a Bolsa, mesmo em meio à pandemia do coronavírus. É o caso da varejista de materiais de construção, eletrodomésticos e imóveis Quero Quero, que lançou seu IPO (Oferta Pública Inicial de ações) na B3 na última segunda-feira (10).
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Sob o código LJQQ3, a Quero Quero teve uma oferta pública inicial razoável, com preço por ação definido em R$12,65 – resultado no centro da faixa indicativa, entre R$11,30 e R$14, de acordo com as estimativas da empresa em relação ao preço considerado adequado para os ativos.
As ofertas primária e secundária movimentaram, juntas, cerca de R$1,95 bilhões – uma das maiores aberturas de capital do ano. Na primeira, foram vendidas cerca de 22,1 milhões de ações, que resultaram em 280 milhões para o caixa da companhia. Os recursos serão destinados para abertura de novas lojas nos estados de Mato Grosso e São Paulo, fortalecimento de capital de giro e investimentos em centros de distribuição.
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Em relação à oferta secundária, foram 154 milhões de ações. O vendedor foi o fundo de private equity Advent International, que, após 11 anos como controlador da empresa, aproveitou o evento para deixar a varejista e embolsou cerca de R$ 1,66 bilhão nesta operação.
A Quero Quero encerrou o pregão de estreia com alta de 1,11%, aos R$12,79, com giro financeiro de R$462,5 milhões.
Quero Quero pode ter potencial
Com atuação focada no sul do País, a Quero Quero possui 353 lojas espalhadas em cidades no interior do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. De acordo com Mario Goulart, analista do Polyface, não há concorrentes diretos listados na B3, o que pode tornar o papel mais interessante.
“Os concorrentes são Balaroti, Telhanorte, Leroy Merlin, todas sem capital aberto no Brasil”, diz Goulart. Outro fator apontado pelo especialista é a estratégia de focar em cidades pequenas. “Muitas vezes a empresa é o maior negócio daquela região”, afirma.
Segundo o especialista, a localização das lojas também poderá ser uma vantagem para a varejista. “No interior, à medida que o fazendeiro tem uma boa safra, ele vai querer ampliar a casa e construir um galpão”, explica Goulart. “A empresa pode se beneficiar da única coisa que dá certo no Brasil, que é o agronegócio.”
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Na visão de Márcio Loréga, analista da Ativa Investimentos, a Quero Quero também pode surfar na onda de investimentos em infraestrutura, que devem ocorrer para dar gás à retomada econômica do País no pós-pandemia. A taxa de juros a 2% é mais um fator que pode favorecer os negócios do setor de construção.
“A Selic baixa pode estimular a compra de imóveis e consequentemente a construção de casas”, diz Loréga. “A empresa tende a viver um momento interessante no mercado, considerando todo esse cenário de recuperação econômica.”
Apesar de ser cedo para falar em recomendação de compra, os especialistas apontam o LJQQ3 como um papel para manter no radar. “Talvez valha a pena comprar antes que ela entre na moda, principalmente para quem busca diversificação”, conclui Goulart.
No segundo trimestre de 2020, a Quero Quero apresentou lucro líquido de R$1,5 bilhão e o EBITDA (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) de R$500 milhões.
Um momento desfavorável para IPOs
Segundo os especialistas consultados pelo E-Investidor, mesmo com o resultado satisfatório da Quero Quero na abertura de capital, o período segue desfavorável para os IPOs.
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“A retomada dos IPOs acontece em um momento conturbado. No cenário externo, há briga entre EUA e China e dúvidas sobre pacotes de estímulos. No mercado doméstico, também lidamos com conflito interno em relação ao teto de gastos”, explica Lórega. “Temos uma enxurrada de empresas querendo se capitalizar de maneira mais fácil, o que acirra a competição nesses IPOs.”
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