- ESG das empresas é acessível para os investidores e a informação pode ser consultada de diversas maneiras
- Dados podem ser acessados diretamente pelos relatórios das empresas e notícias sobre as companhias ou por análises e certificações de terceiros
- Apesar disso, especialistas afirmam que disseminação da informação pode ser melhorada
Cada vez mais empresas têm assumido o compromisso com a pauta ESG (sigla em inglês para Environmental, Social and Governance) em seus negócios. Porém, será que os investidores têm acesso aos dados e conseguem acompanhar de perto a sustentabilidade prometida pelas companhias ou a transparência em relação ao assunto acaba na página dois?
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A resposta de especialistas consultados pelo E-Investidor é que é, sim, possível ter acesso a essas informações, que podem ser feitas de diversas maneiras. “As instituições têm demonstrado interesse cada vez maior em levar esses dados aos investidores”, diz Ricardo França, analista de research da Ágora Investimentos.
Neste cenário, o analista ressalta que este movimento está acontecendo, porque é demanda crescente dos investidores e as companhias estão percebendo que além de ser bom para a imagem dela, o ESG também agrega valor econômico.
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“A boa prática ambiental, social e de governança corporativa gera toda uma cadeia de valor, pois reduz risco operacional, de corrupção e é bem visto socialmente”, afirma França. Segundo estudo da Ágora, companhias que adotam as práticas ESG têm rentabilidade acima do Ibovespa.
Relatórios e notícias
A forma direta de acessar todas os planos e impactos ligado ao ESG das empresas são relatórios anuais/sustentabilidade. Padronizados pelo modelo Global Reporting Initiative (GRI), está presente nele as informações referentes aos impactos e resultados causados por toda a cadeia produtiva das companhias.
“A empresa explica tudo o que realiza, a forma como isso é feito e como gerenciar o impacto disso, seja internamente, com seus parceiros ou na comunidade onde está”, afirma Meire Ferreira, líder de sustentabilidade da Grant Thornton Brasil, salientando que até as precauções que a instituição não adota sobre o tema são apresentadas no relatório.
Assim, além dos resultados econômicos, também é divulgado o balanço ESG dentro dos relatórios anuais. Algumas empresas preferem separar os dados para que qualquer pessoa possa acessar pelo site da companhia. “A principal ferramenta para acompanhar isso é pelo seu relatório de anual/sustentabilidade”, concorda Leonardo Marques especialista em sustentabilidade & supply chain do Coppead/UFRJ.
Além disso, outra forma de ficar atento aos desdobramentos relacionados ao ESG das companhias é acompanhar as notícias relacionadas a elas na mídia. Assuntos ligados a problemas ambientais, sociais e de governança sempre são destaque entre os veículos de comunicação.
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Portanto, os investidores também têm acesso por esta frente se as empresas estão com problemas relacionados a corrupção, poluição, desmatamento, etc… “Antes de um investidor aplicar em uma empresa ele consegue uma robustez muito grande de informações ligadas ao assunto”, diz Ferreira.
Há informação disponível para os investidores avaliarem o ESG da empresa. Porém, os especialistas pontuam que ela ainda é muito condensada para o investidor comum. “A informação existe, mas precisa ser mais diluída”, afirma Ferreira.
Marques explica que, em sua maioria, os relatórios são muito extensos e o pequeno investidor não tem tempo para analisá-lo com o devido cuidado. “A pessoa não vai ler 20 relatórios de 100 páginas para comparar a empresa A com a B na questão ESG e escolher as 10 empresas que ele vai investir”, diz o professor da Coppead/UFRJ.
Apesar disso, os especialistas pontuam que está sendo feito um trabalho de melhorar a informação para deixar os indicadores ESG mais claros aos investidores. “Ainda tem muito espaço para crescer na disseminação dessa informação e ela deve melhorar com o tempo, pois é de interesse das duas partes”, comenta França, da Ágora.
Análise terceirizada
Outra forma para saber quais são as melhores empresas nas questões ESG é buscar por análises de casas de investimentos e certificações. Dessa forma, o investidor terceiriza sua pesquisa e escolhe as empresas com base em diagnósticos de profissionais do mercado. “As gestoras e corretoras contam com um time competente para fazer esse trabalho”, afirma Marques.
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Assim, os investidores contam com essa ajuda e tem acesso diretamente as ações com com um bom ESG ou por meio de fundos de investimentos que priorizam estas empresas. “É apresentado para a pessoa uma forma que ela consegue entender de maneira mais fácil como a empresa atua de fato sobre o assunto e quais os profissionais consideram as melhores”, diz França.
Outra forma de saber quais são as empresas mais comprometidas com a agenda ESG é o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3. Criado em 2005, ele é composto pelas 30 companhias listadas na bolsa que tem as melhores práticas relacionadas ao tema. “O investidor pode usar como referência esse selo de qualidade que a B3 deu para essas empresas”, esclarece o professor da Coppead/UFRJ.
Além disso, existem outras certificações nacionais e internacionais que premiam as empresas com os melhores comprometimentos com a causa. Uma das certificações mais conhecidas é a do Sistema B, que é concedida pelo laboratório americano B-Lab – uma organização sem fins lucrativos que audita empresas para avaliar a relação delas com o meio ambiente, os colaboradores, os clientes e a comunidade, além das práticas de governança corporativa.
A Natura (NTCO3) e a Movida (MOVI3) são as únicas empresas de capital aberto que possuem a certificação. “Existem muitos caminhos para acessar a informação das empresas com boa agenda ESG e cada vez mais as companhias se esforçam para divulgar isso”, afirma Ferreira, da Grant Thornton Brasil.
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