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Ibovespa fecha o último pregão do mês em leve queda

Ações da Petrobras (PETR3;PETR4) prejudicaram o desempenho do índice

Ibovespa fecha o último pregão do mês em leve queda
Operador em frente a painel da Bolsa de Valores (Foto: Shutterstock)

O Ibovespa iniciou a semana em tom menor, com três perdas, mas passada a expectativa, no fim da tarde de ontem, para a deliberação do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre a meta de inflação (tornada contínua a partir de 2025, e mantida a 3% para o ano seguinte), o índice parecia a caminho de engrenar dois dias de leve recuperação. Nesta sexta-feira, a forte correção em Petrobras (ON -5,13%, PN -4,83%) impediu que o Ibovespa tocasse 10% de ganhos no mês, como sugeria mais cedo, quando ainda mostrava avanço moderado na sessão. No fechamento, prevaleceu perda de 0,25%, com o Ibovespa na mínima do dia, aos 118.087,00 pontos, e recuo de 0,75% para o índice na semana, o que interrompe série de nove ganhos semanais iniciada ainda em abril.

Hoje, a reação negativa do mercado a novo corte de preço da gasolina, anunciado ainda pela manhã, foi o mote para um ajuste mais profundo nos papéis da Petrobras que, ainda assim, acumularam ganho na casa de 19% para a ON e a PN no mês – e de 37% e 43%, respectivamente, no ano. O anúncio reforça a reocupação em torno do aumento da defasagem entre o preço doméstico do combustível e a cotação externa do petróleo, em dia de alta moderada para o Brent e o WTI, em Londres e Nova York.

O dia foi negativo para o setor metálico (Vale ON -1,97%, mínima do dia no fechamento; CSN ON -6,19%) e misto para os grandes bancos (BB ON -1,20%, Itaú PN -0,25%, Bradesco PN +1,73%). Na ponta do Ibovespa, Hapvida (+4,29%), MRV (+3,58%) e Energisa (+3,38%), com Renner (-6,50%), CSN (-6,19%) e Petrobras (ON -5,13%) no canto oposto.

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Ainda assim, com a gordura que havia acumulado até o dia 21 – que o colocou aos 120,4 mil pontos, no maior nível de fechamento desde abril do ano passado -, o índice da B3 avançou 9,00% em junho, superando o desempenho dos três principais índices de Nova York, que ficou entre +4,56% (Dow Jones) e +6,59% (Nasdaq) no mês. Hoje, oscilou entre a mínima do fechamento e máxima de 119.447,25, saindo de abertura aos 118.387,53 pontos. O giro subiu a R$ 32,7 bilhões nesta última sessão de junho.

O ganho de 9% foi o melhor desempenho mensal para a Bolsa brasileira desde dezembro de 2020, quando o Ibovespa subiu 9,30% – na ocasião, ainda no contexto da forte volatilidade global que marcou o primeiro ano da pandemia de covid-19. Curiosamente, está agora perto do nível em que se encontrava no fechamento daquele ano, então aos 119 mil pontos.

No semestre que chega ao fim – os melhores primeiros seis meses desde 2019, quando havia subido 14,88% no mesmo intervalo -, o Ibovespa acumula alta de 7,61%, comparada a uma retração de 5,99% entre janeiro e junho do ano passado, quando temores fiscais domésticos se combinavam a incertezas quanto ao grau de desaceleração da economia mundial, pautada então pelo ciclo de aperto monetário, especialmente nos Estados Unidos.

Um ano depois, a inflação dá sinais de arrefecimento no Brasil e também no exterior, reforçando a expectativa de que os juros americanos estão bem perto – a um ou dois ajustes – do fim do ciclo de alta. Aqui, declarações desta semana do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a própria ata do Copom, da última terça-feira, recolocaram na mesa a expectativa de corte da Selic na próxima reunião, em agosto, após o comunicado da semana anterior ter adiado as projeções de uma primeira redução, de 0,25 ponto porcentual, para setembro.

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Assim, junho de 2023 chega ao fim de forma oposta ao que se viu no mesmo período do ano passado, quando havia cedido nada menos de 11,50%, em seu pior desempenho para o mês em 20 anos – em junho de 2002, havia colhido perda de 13,39%. Agora, tanto o Ibovespa como o câmbio e os DIs futuros mostram uma recuperação de confiança dos investidores: a percepção é de resiliência da economia global, distanciando-a de temores quanto a um baque mais profundo, recessivo, e de correção de rota também no espaço doméstico, corroborada ontem pela deliberação do CMN, que tirou da sala os ruídos do governo sobre o trabalho do Banco Central.

Com a recuperação gradual ao longo do segundo trimestre (2,50% em abril, 3,74% em maio e 9,00% em junho), o Ibovespa fechou o intervalo com ganho de 15,9%, vindo de desempenho negativo nos primeiros três meses de 2023, quando cedeu 7,16%, a pior abertura de ano desde 2020 – em que o começo da pandemia lançou o Ibovespa no abismo, entre fevereiro e março.

Em 2023, em dólar, após ter chegado ao final do primeiro trimestre aos 20.100.65 pontos, o Ibovespa foi a 21.355,22 pontos no fechamento de maio e agora, no fim de junho, chega aos 24.654,87 pontos, refletindo não apenas o avanço nominal do índice da B3 no mês, mas também a apreciação do real frente ao dólar – hoje, a moeda americana, à vista, fechou em baixa de 1,19%, a R$ 4,7896.

“Mesmo considerando tudo o que se andou até os 120 mil pontos, a Bolsa não está cara, o que se reflete também no fluxo positivo do investidor estrangeiro, que tem acompanhado de perto, mostrando interesse pelo País. Vale lembrar que México está caro, Rússia não é opção e a China tem mostrado PMIs negativos, com ritmo de atividade ainda em contração”, diz Cesar Mikail, gestor de renda variável da Western Asset, contrapondo o bom momento dos ativos brasileiros.

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“Aqui, as projeções para o crescimento econômico têm melhorado, e a inflação arrefecido, o que se reflete não só no comportamento da Bolsa mas também no câmbio e nos juros longos”, observa o gestor, destacando que o mercado começa a separar “ruído” ante o que é “efetivo” na condução da política econômica. “Haddad tem sido uma grata surpresa”, acrescenta.

No exterior, a chave também tem se mostrado favorável especialmente nos Estados Unidos, com a resiliência da atividade econômica e dos resultados corporativos mesmo em ambiente de juros bem elevados pelo padrão histórico do país.

“Se considerarmos as empresas de maior capitalização de mercado, o que se tem hoje é um grupo de nomes bem distintos do que prevalecia na recessão de 2008. O setor de tecnologia ganhou muito mais peso, o que se reflete no desempenho bem superior do Nasdaq e do S&P 500 em comparação ao tradicional Dow Jones no semestre. Inteligência artificial é algo que, agora, pode desempenhar o papel que a internet teve nos preços dos ativos, tempos atrás”, aponta Mikail.

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