A Eletrobras (ELET6) realizou nesta quarta-feira (12) seu primeiro evento fechado para acionistas desde a privatização, concluída em junho do ano passado.
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O “Investor Day” chamou a atenção do mercado por esclarecer as estratégias da companhia, depois de um primeiro semestre marcado por ruídos.
“Toda a alta direção participou, compartilhando o que a empresa entregou desde a privatização e sua estratégia daqui para frente. Ficamos impressionados com a qualidade da equipe contratada, que apresentou uma estratégia coesa que acreditamos que criará valor”, diz um relatório do Itaú BBA sobre o evento. A equipe do banco reiterou a recomendação de compra para a ELE6, com preço-alvo de R$ 61,6.
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Como contamos nesta reportagem, falas do presidente Lula (PT) defendendo uma reestatização da companhia pesaram sobre as ações na Bolsa, fazendo o primeiro ano após a operação ser negativo para os ativos da ex-estatal.
Mas o diretor jurídico da Eletrobras, Marcelo Freitas, apresentou “fortes argumentos” contrários à ação direta de inconstitucionalidade (ADI) da União, destacou o Itaú BBA em relatório após o Investor Day. “O sr. Freitas disse que a privatização seguiu todos os devidos trâmites legislativos e trâmites legais e também foi aprovada pelo TCU (Tribunal de Contas da União).”
Mas os destaques do evento ficaram mesmo na apresentação das estratégias da companhia para gerar valor.
Segundo o Itaú, a eficiência parece “estar avançando” na Eletrobras. A companhia apresentou iniciativas que devem levar a uma redução de 42% nas despesas controláveis da empresa até 2026.
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A expectativa é que esse custo caia de R$ 8,8 bilhões em 2022 para R$ 7 bi em 2024 e R$ 5,6 bi em 2026.
A companhia também tem trabalhado em uma redução dos custos com pessoal. Um primeiro programa de demissão voluntária anunciado anteriormente foi aderido por 2,5 mil empregados, resultando em R$ 1,1 bilhão em poupança anual. No segundo programa semelhante, a Eletrobras espera a adesão de mais 1,5 mil colaboradores, com potencial de economia anual de R$ 0,5 bilhão para R$ 0,8 bilhão.
A Eletrobras também está otimizando o número de subsidiárias não essenciais. O plano é reduzi-las de 73 para 31 até 2024, por meio de venda ou incorporação de ativos, simplificando a estrutura societária.
O Itaú disse ainda que o hidrogênio verde foi pauta no Investor Day. “A Eletrobras acredita que o Brasil está em uma posição única para se beneficiar do boom do hidrogênio verde, dada a abundância de energia renovável do país a custos muito atrativos. A companhia, por sua vez, acredita estar em posição privilegiada para se beneficiar desta oportunidade”, diz o documento.
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Ainda que os preços da energia provavelmente permaneçam baixos nos próximos anos, o cenário de médio prazo pode mudar dependendo das condições hidrológicas e mais forte do que o previsto demanda. A Eletrobras acredita que pode haver demanda adicional se o hidrogênio verde se tornar uma realidade no Brasil, potencialmente consumindo 11-12 GWavg até 2030.
Outro destaque foi a autorização da Aneel, recebida no dia 11 de julho, para que a Eletrobras atue como agente comercializador na CCEE. “Nós vemos esse desenvolvimento como muito positivo, pois permitirá à Eletrobras focar sua atividade comercial em nível de holding, potencializando seus resultados e permitindo maior aproveitamento dos créditos tributários (R$ 4 bilhões em 10 anos)”, destaca o Itaú.