O Desenrola Brasil pode ter impacto importante nos índices de inadimplência das carteiras de pessoas físicas dos bancos brasileiros, mas influenciar em escala menor os lucros e as métricas de capital. A avaliação é do Bank of America (BofA), que considera que a inadimplência combinada dos cinco maiores bancos pode cair de 3,2% para 1,9% com as renegociações do programa.
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“De acordo com nossas estimativas, se os bancos negociarem R$ 50 bilhões [montante esperado pelo governo], o índice de inadimplência combinado dos cinco maiores bancos cairá de 3,2% para 1,9%”, afirma o analista Mario Pierry. “Em consequência, a carteira renegociada subiria de 3,2% para 4,1% da carteira total.”
Para Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal (CEF), Bradesco e Santander Brasil, o BofA estima uma redução de até 1,25 ponto porcentual nos índices de inadimplência de cada um.
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Iniciada nesta semana, a primeira fase do Desenrola é focada em dívidas bancárias de clientes com renda mensal entre R$ 2.600 e R$ 20.000. Ao participarem, os bancos ganharam do governo a possibilidade de excluírem do cálculo de seus índices de capital o ativo fiscal diferido gerado pela renegociação. Ou seja, em tese, o programa ajudará a aumentar os índices de capital, o que o governo espera que se traduza em maior concessão de crédito.
“Esperamos uma melhoria marginal nos índices de capital”, afirma o BofA. O banco afirma que o aperto na concessão de crédito visto neste ano está mais relacionado às condições desfavoráveis de mercado, dado que as instituições de maior porte estão bem capitalizadas.
No relatório, Pierry diz ainda que embora as renegociações melhorem os índices de inadimplência, não alteram o provisionamento dos bancos, que continua seguindo as expectativas de perda vistas pelas instituições.