O Conselho de Administração da Petrobras (PETR3; PETR4) aprovou pagamento de dividendos a acionistas na ordem de R$ 14,8 bilhões relativos ao resultado do segundo trimestre de 2023. O montante equivale a uma remuneração aos acionistas de R$ 1,14 por ação ordinária e preferencial. O colegiado se reuniu nesta quinta-feira (3) para aprovar o balanço da companhia relativo ao período.
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A data de corte será 21 de agosto de 2023 para os detentores de ações de emissão da Petrobras negociadas na B3 e o record date (data de registo dos titulares das ações que conferem direitos) será dia 23 de agosto para os detentores de ADRs (recibos de ações que permitem ao investidor comprar nos Estados Unidos ações de empresas não americanas) negociadas na New York Stock Exchange (NYSE). As ações da Petrobras serão negociadas “ex-direitos” na B3 e na NYSE a partir de 22 de agosto próximo.
Esse é o primeiro anúncio de pagamento a acionistas após a mudança da política de dividendos da companhia, que agora tem previsão de proventos na ordem de 45% do fluxo de caixa livre (diferença entre o fluxo de caixa operacional e os investimentos do trimestre).
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O Broadcast apurou que houve impasse na discussão desse tema na reunião do conselho, tanto que ficou para votação no final e só foi divulgado meia hora após o balanço financeiro entrar no sistema da Comissão de valores Mobiliários (CVM). Normalmente, a divulgação sai minutos antes do balanço.
Frente às incertezas ligadas às intenções do governo, o montante agrada investidores, mas ainda é 83% inferior ao mega dividendo de R$ 87,8 bilhões anunciado na mesma altura de 2022. À época, a Petrobras e outras petroleiras ainda surfavam a disparada do preço do barril tipo Brent no contexto da guerra da Ucrânia.
No primeiro trimestre do ano, a Petrobras pagou R$ 24,7 bilhões em dividendos. Com isso, o montante total anunciado na primeira metade do ano chegou a R$ 39,5 bilhões em dividendos.
Mudança de regra
Até o primeiro trimestre, encerrado em, março, o porcentual mínimo de dividendos era fixado em 60% no caso de dívida bruta menor ou igual a US$ 65 bilhões. Embora menor, o novo porcentual (45%) surpreendeu positivamente os investidores, o que ficou claro pela valorização das ações da companhia nos últimos dias. O anúncio da nova política de dividendos ocorreu no último 28 de julho.
No início do ano, os operadores do mercado financeiro esperavam regra de dividendos mais próxima do mínimo legal, de 25% do lucro líquido. Depois, ante declarações de executivos da Petrobras de que aquela faixa ainda era considerada baixo, o mercado passou a projetar uma regra em torno de 40% do fluxo de caixa livre. Agradou, portanto, a definição de uma faixa de referência ainda maior.
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Segundo fontes da estatal, o valor foi aprovado pelo governo previamente. A diretoria da Petrobras chegou a propor 50% do fluxo de caixa livre contra 40% defendido pela Casa Civil. Ao fim, a decisão pela faixa intermediária de 45% teria vindo para valorizar ações e, também, acomodar interesses de arrecadação do Ministério da Fazenda, de Fernando Haddad.
União
Dona de 36,6% do capital da empresa, via Tesouro, Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e seu braço de participações, o BNDESPar, a União deve ficar com até R$ 5,4 bilhões dos dividendos aprovados. Somando a parcela do Tesouro referente ao primeiro trimestre, R$ 8,8 bilhões, a arrecadação com dividendos já chega a R$ 14,2 bilhões em 2023.
Em 2022, a União ficou com cerca de R$ 79 bilhões do total de R$ 215,7 bilhões distribuídos a acionistas relativos àquele exercício.