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Selic para baixo, dólar para cima? O que pode acontecer com o câmbio

Queda dos juros pode impactar cotações, mas especialistas ainda veem real valorizado frente ao dólar

Selic para baixo, dólar para cima? O que pode acontecer com o câmbio
Queda dos juros pode impactar câmbio, mas especialistas ainda veem real valorizado. (Foto: Envato)
O que este conteúdo fez por você?
  • O Comitê de Política Monetária (Copom) optou por reduzir a taxa de juros do País e 0.5 ponto percentual, para 13,25% ao ano
  • A queda dos juros pode ter um efeito direto no câmbio, que vinha se valorizando ao longo de 2023
  • Ainda assim, especialistas veem espaço para que o real continue valorizado frente ao dólar

A valorização do real frente ao dólar é uma das boas surpresas no mercado financeiro em 2023. A moeda americana, que começou o ano a R$ 5,23, acumulou uma queda de 9,25% até o fim de julho, quando era cotada a R$ 4,72. Nos dois primeiros dias de agosto, no entanto, o dólar voltou a casa dos R$ 4,80.

O grande destaque que estava pesando na cotação era a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira (2). O mercado aguardava com muita expectativa a redução da taxa Selic em 0.5 ponto percentual, para 13,25% ao ano, depois de 12 meses de juros estacionados.

A taxa de juros do País impacta diretamente o câmbio. Quanto mais alta for a Selic, mais investidores estrangeiros vêm ao mercado brasileiro atrás das operações conhecidas por carry trade.

Na prática, trata-se de uma aplicação financeira que consiste em tomar dinheiro a uma taxa de juros em um país e aplicá-lo em outra moeda, onde as taxas de juros são maiores – e, assim, lucrar com a diferença.

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Como contamos nesta reportagem, o carry trade era um dos principais fatores por trás da apreciação do real no semestre.

“Vimos que entrou muito investimento estrangeiro no País, por conta do diferencial de juros do Brasil em relação a outras grandes economias. Quando isso acontece, o dólar acaba caindo e caiu bem forte”, explica Marcelo Boragini, sócio e especialista em renda variável da Davos Investimentos.

Agora que o Banco Central iniciou o ciclo de afrouxamento monetário, o cenário pode se alterar. A expectativa do mercado é que a Selic encerre para 12% até o fim do ano. Nesse meio tempo, os Estados Unidos ainda podem subir novamente os juros americanos, dado que o aperto monetário por lá não acabou.

Essa semana, o país divulgou dados que mostram que a geração de empregos nos EUA segue mais forte do que o esperado. Um sinal de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) ainda pode ter mais ajustes para fazer nos juros.

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Se isso se confirmar, o diferencial entre as taxas dos dois países ficará cada vez menor. Nesse caso, o real pode ter dificuldade de se manter valorizado frente ao dólar. “Esse pode ser o grande risco para o câmbio do Brasil. Se esse diferencial de juros ficar muito apertado, se em algum momento o carry trade não ficar mais tão atrativo, podemos assistir os estrangeiros deixando o Brasil para investir na maior economia do mundo”, explica Boragini.

Isso significa que o dólar vai subir?

Diego Costa, head de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio, explica que, por ora, não é esperado que a decisão do Copom gere grandes movimentos na cotação do dólar. “O início deste ciclo de corte nos juros já está precificado pelo mercado, e o impacto no câmbio, por enquanto, tende a ser equilibrado pela melhor perspectiva econômica local, que na semana passada teve a nota de crédito elevada pela agência de classificação de risco Fitch Ratings”, diz.

Ainda assim, o mercado espera por certa apreciação da moeda americana frente ao real ao longo deste 2º semestre.

Até o fim do semestre, a projeção do mercado era de um dólar a R$ 5 para o final do ano. Mas essa estimativa vem caindo. Há uma semana, a projeção do Boletim Focus era de um câmbio de R$ 4,97 ao fim de 2023. Agora, já é de R$ 4,91.

Mauriciano Cavalcante, diretor de câmbio da Ourominas, destaca que, apesar de uma possível continuidade da alta de juros nos EUA, a trajetória do dólar até o fim do ano é uma incógnita. Isso porque, no ambiente doméstico, há outros fatores que podem contrabalancear o cenário externo e manter o País atrativo a investidores estrangeiros. Inflação e juros em queda, melhora dos ativos na Bolsa, aprovação do pacote fiscal.

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“Isso pode trazer equilíbrio ou até mesmo uma leve valorização do real. Nesse momento, o cenário é de estabilidade entre R$ 4,70 e R$ 4,90 se os fatores acima forem confirmados”, afirma Cavalcante.

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