- Em meio às discussões dos últimos dias no Congresso, o rotativo do cartão de crédito tem ganhado destaque nos noticiários
- Os debates em torno do tema envolvem instituições financeiras, varejistas, empresas de pagamentos, políticos e órgãos, como o Banco Central
- Mas, afinal, o que é o rotativo?
Em meio às discussões dos últimos dias no Congresso, o rotativo do cartão de crédito tem ganhado destaque nos noticiários. A linha de financiamento mais cara do Brasil leva muitos brasileiros a se atolarem em dívidas e foi classificada por Fernando Haddad como “o maior problema de juro do País”, em entrevista dada pelo ministro da Fazenda ao programa “Bom dia, Ministro”.
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Os debates em torno do tema envolvem varejistas, empresas de pagamentos, políticos e instituições financeiras como a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e o Banco Central. Há diferentes propostas para resolver os impasses de cada grupo e, conforme apurou o Broadcast, um teto para os juros do rotativo do cartão deve ser discutido em reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) em 90 dias.
Outras possibilidades, colocadas como contrapartidas pelo sistema bancário, incluem limitar o número de prestações do pagamento parcelado sem juros, fazer a migração desse tipo de operação para o parcelado com juros ou realizar a limitação por meio das taxas — isto é, quanto mais parcelas, maiores seriam as taxas.
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Em estudo, a Febraban argumenta que o fim do parcelado sem juros poderia reduzir pela metade o custo com o pagamento de juros nominais no País, dos atuais 12,42% ao mês, para os níveis observados em outros países da América Latina, de cerca de 6,6% ao mês. Confira mais detalhes nesta reportagem.
Mas, afinal, o que é o rotativo?
Esse tipo de crédito é oferecido ao titular do cartão que não consegue pagar o valor total da fatura até a data de vencimento. Dessa forma, o débito passa para a fatura do mês seguinte e são cobrados juros rotativos sobre esse valor.
Mais de 1.000%
O grande problema é que essas taxas são, normalmente, as mais altas do mercado. De acordo com dados do Banco Central, os juros médios estão em 437% ao ano, mas há instituições que chegam a cobrar mais de 1.000%, como é o caso da Omni SA, que pratica um juro de 1093,59% ao ano (22,9% ao mês).
Mesmo com as fortes taxas, o uso do rotativo do cartão de crédito mais do que dobrou nos últimos três anos. Entre junho de 2020 e junho de 2023, a concessão cresceu 108%, alcançando R$ 30,2 bilhões, segundo o Banco Central.
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Mudanças já foram implementadas para tornar o uso do rotativo menos abusivo. Até 2017, os bancos tinham autorização para oferecer cartão de crédito rotativo de maneira ilimitada. Com isso, muitos clientes também não conseguiam pagar a fatura no mês seguinte, já que os juros elevavam o valor total da dívida. A partir da nova dinâmica, aprovada pelo CMN, o limite máximo para a utilização do rotativo passou a ser de 30 dias.
Caso o consumidor não consiga pagar o valor total da fatura com o crédito rotativo a tempo, a instituição financeira deve transferir essa dívida para alguma opção mais barata ao cliente, como o crédito parcelado ou outras modalidades de empréstimo pessoal com juros menores.
Dicas
Para escapar do efeito “bola de neve” gerado pelo rotativo, é fundamental realizar um bom uso do cartão de crédito, acompanhando a fatura ao longo do mês, sempre com um limite pessoal de gastos e o controle das compras parceladas. Dessa forma,o cliente também consegue manter um melhor score de crédito, informação importante na hora de conseguir financiamentos e empréstimos. Nesta matéria, é possível conferir algumas dicas extras para usar o cartão como aliado.