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Bolsa quer estender horários de pregão. O que as corretoras acham da mudança?

A ampliação do horário ainda não foi definida, mas a medida busca atender as necessidades dos investidores

Bolsa quer estender horários de pregão. O que as corretoras acham da mudança?
Blau (BLAU3) faz pedido excepcional para a B3 (B3SA3); confira. (Foto: Envato Elements)
O que este conteúdo fez por você?
  • Segundo a B3, a princípio, a alteração do horário de negociação deve ser aplicada apenas para alguns derivativos e que a medida será feita de forma gradual
  • Para corretoras, a mudança deve impactar, principalmente, os investidores day trade que compram e vendem ativos no mesmo dia e estão acostumados com o mercado cripto
  • A dúvida que fica é se a medida vai gerar liquidez ao ponto de compensar uma extensão de horários das negociações

O tempo de negociação dos ativos na Bolsa de Valores brasileira deve ficar maior em breve devido ao plano da B3 para ampliar o horário do pregão. A medida busca garantir o maior acesso dos investidores ao mercado de capitais. Neste primeiro momento, a ideia é que apenas alguns derivativos sejam os primeiros a participar desta mudança. No entanto, o novo horário não deve ser implementado de forma imediata porque a companhia ainda precisa avançar as conversas com reguladores e outros agentes do mercado.

Para as corretoras, a mudança gera dúvidas sobre a sua efetividade. André Arantes, diretor dos assessores da EQI Corretora, por exemplo, acredita que a ampliação do horário das negociações da bolsa de valores, a princípio, não faz sentido porque, na avaliação dele, o acréscimo de uma ou duas horas a mais no pregão não será determinante para o aumento de liquidez no mercado de capitais.

“A bolsa de valores precifica as companhias pelo balanços corporativos ao avaliar se estão crescendo ou não”, diz Arantes. O horário de negociação deve influenciar na atividade dos investidores day trade que compram e vendem ativos financeiros no mesmo dia. Felipe Miranda, Co-CEO do Grupo Empiricus, também possui a mesma percepção. Segundo ele, a dúvida que deve ser esclarecida à medida que o projeto piloto for definido pela B3 é se o mercado terá liquidez capaz de compensar a expansão de horário.

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“O pregão brasileiro fecha às 17h, sendo que para investidor que estiver em Londres fecha às 21h. Se encerrar duas horas mais tarde, as pessoas que operam de Londres vão ter que ficar acordadas até que horas? Então, há um risco de afastar alguns investidores internacionais devido ao fuso horário”, destaca Miranda.

O fundador da Empiricus ressalta ainda que o mercado precisa solucionar problemas estruturais que impedem a entrada de maior capital na bolsa de valores, como ampliar a educação financeira para a população brasileira e, principalmente, para os novos investidores além de melhorar as dinâmicas econômicas no cenário doméstico.

Segundo dados da B3, do primeiro trimestre de 2022 até o primeiro trimestre deste ano, entraram mais de um milhão de novos investidores em renda variável no mercado. Com esse acréscimo, a Bolsa brasileira possui 5,3 milhões de investidores pessoa física que investem em um total de R$ 439 bilhões e são responsáveis por 17% do volume de negociações na B3.

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Por outro lado, a possibilidade de ampliar os horários do pregão busca se aproximar com as mudanças tecnológicas no setor financeiro, especialmente com a chegada das criptomoedas que são negociadas 24h por dia. Por esse motivo, Leandro Lopes, gerente de renda variável da Guide Investimentos, avalia que a extensão do tempo de negociação deve atender mais a necessidade dos investidores day trade (compram e vendem ativos no mesmo dia) do que aqueles com visão de médio e longo prazo. “Muitos já investem em criptoativos e estão acostumados com horários “alternativos””, diz Lopes.

Mas o tempo maior de negociação também deve agradar os outros perfis de investidores. Segundo Igor Rongel, head de investimentos do C6 Bank, devido às outras obrigações do dia, esses investidores nem sempre conseguem acompanhar a movimentação da Bolsa. “Os nossos clientes, quando souberam da notícia, enxergaram a ampliação como positiva por terem mais tempo para operar”, afirma Rongel.

Segundo a B3, os avanços do projeto piloto ainda dependem de conversas com reguladores e integrantes do mercado que seguem em andamento. Inicialmente, a previsão é que o novo horário seja aplicado apenas para as negociações de alguns derivativos e, até o momento, não há definição de quantas horas a mais o pregão da bolsa deve ganhar.

“A ampliação traria mais flexibilidade para os investidores operarem, por isso estamos estudando a possibilidade de oferecer essa oportunidade de forma gradativa”, informou a B3 em nota ao E-Investidor. Atualmente, o mercado à vista da Bolsa de Valores brasileira inicia às 10h e encerra às 17h.

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