A Black Friday, anualmente celebrada na última sexta-feira de novembro, é conhecida por oferecer descontos imperdíveis e movimentar o varejo ao longo do penúltimo mês do ano. Atraídos pelos preços baixos, consumidores podem aproveitar a data para garantir os presentes de Natal. Mas, nesse caso, será que vale a pena?
Leia também
Especialistas recomendam que a oportunidade de desconto seja vista com cautela. Sem planejamento para as compras, o benefício nos preços pode se tornar prejuízo para o bolso. Para que o consumidor não se afogue em dívidas no futuro, é preciso que ele faça uma reflexão sobre suas necessidades, depois liste seus objetivos de compras e pense em quem deseja presentear no mês de dezembro.
“Geralmente as oportunidades são boas. O ponto de cuidado está relacionado às compras por impulso, que podem desestabilizar o orçamento das famílias, já que nenhum juro de cartão de crédito vai ser menor do que os descontos”, alerta Carlos Castro, planejador financeiro pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar).
Publicidade
Conteúdos e análises exclusivas para ajudar você a investir. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Feito uma organização inicial, é hora da pesquisa. Com os preços anotados antecipadamente, fica mais fácil para o consumidor saber se o desconto é real ou se foi “mascarado” – ou seja, se a loja ou empresa prestadora de serviços subiu gradualmente os preços ao longo das semanas anteriores para, no dia da Black Friday, passar a sensação de descontos agressivos.
“Infelizmente, essa ainda é uma prática comum. Não é à toa de que a expressão ‘tudo pela metade do dobro’ está tão atrelada ao evento do varejo”, observa Claudia Yoshinaga, coordenadora do centro de estudos em finanças da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo.
Uso do ‘colchão de segurança’
Na hora de pagar, os cartões de crédito devem ser usados com moderação para evitar a bola de neve do parcelamento e a possibilidade de criar dívidas que apertam o orçamento. O pagamento à vista é uma excelente opção sempre, até para, em alguns casos, garantir mais descontos.
Se o consumidor tem uma reserva, talvez seja a hora de usá-la para aproveitar aquela oportunidade de ouro que já estava em vista. Apesar de o conselho parecer precipitado, o planejador explica que a verba deve ser utilizada majoritariamente para cobrir imprevistos. Contudo, em caso de boas oportunidades para a compra de produtos e serviços que já estavam no radar, como uma viagem de férias, talvez seja a hora de fazer uso daquilo que ele chama de “colchão de segurança”.
“Se o desconto for atrativo, você pode e deve usar esta reserva como oportunidade para comprar o serviço ou o produto com desconto. A reserva financeira tem também essa finalidade. Claro, que depois será necessário recompor esse montante”, orienta Castro.
Vai presentear? Então veja esses alertas
Geralmente, os produtos eletrônicos costumam ficar com preços mais atraentes durante o mês de novembro. Por isso, é comum que alguns consumidores já pensem em comprar um celular novo, uma televisão ou um tablet. Claudia Yoshinaga alerta para a questão da garantia dos produtos e o prazo de troca deles. “Isso é importante de lembrar para que não vire mais um problema”, frisa.
Publicidade
O código do consumidor permite que o cliente faça a troca de compras online por um prazo de até 30 dias, contado a partir da chegada do produto. Para lojas físicas, isso varia. Nem todas permitem trocas e algumas só autorizam em até sete dias, mas em caso de defeitos.
Já serviços como passagens e hotéis podem ser experiências interessantes de presentear. Nesses casos, a recomendação é checar a política de remarcação ou cancelamento, para evitar que a oportunidade vire prejuízo.
De todo modo, a docente ressalta que os presentes de Natal não chegam a ser uma compra essencial, mas um desejo de agradar e de demonstrar amor. “Por mais que você queira demonstrar carinho, é importante não comprometer sua finança. Essa é a reflexão”, alerta.