O possível fim do Juros sobre Capital Próprio (JCP) não deve resultar em menor retorno para acionistas da Ambev (ABEV3), avaliou o Bank of America (BofA) em relatório. A otimização da estrutura de capital por meio da alavancagem do balanço é apontada pela instituição bancária como a a principal alternativa para evitar a perda de valor da empresa.
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Na semana passada, a Ambev afirmou com exclusividade ao Broadcast que pode vir a aumentar o endividamento para lidar com eventuais mudanças nas regras sobre o JCP. Foi a primeira vez que a companhia se manifestou sobre o tema.
O BofA endossa a ideia e disse acreditar que a alavancagem é a melhor opção para ofuscar o impacto na companhia, considerando que, ao elevar gradualmente o endividamento para 0,3 vez a dívida líquida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) até 2026, o custo médio de capital da Ambev poderia declinar em 50 pontos base, “o suficiente para compensar o impacto dos pagamentos de impostos sobre o valor patrimonial”. Hoje, a estimativa é de -0,2 vez a dívida líquida pelo Ebitda para o final deste ano.
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O banco vai além e avalia que, “se a Ambev aumentar a alavancagem para 1,5 vez a dívida líquida pelo Ebitda em dois anos e o excesso de caixa captado for usado para pagar dividendos extraordinários, o retorno total aos acionistas poderá ser de 11,5 pontos porcentuais superior aos atuais 39%”. Isso porque, nos cálculos do BofA, o custo médio de capital cairia 120 pontos base, e o rendimento de dividendos em 2024 poderia ser de 17,8%, contra os atuais 8,8%.
Ontem, o relator do projeto de lei que prevê a tributação dos fundos de alta renda, deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), divulgou o relatório preliminar da proposta sem incorporar a medida envolvendo o JCP, uma possibilidade que estava no radar de investidores. Segundo publicou o Broadcast Político, deputados consideram a discussão ainda imatura e lideranças confirmaram que seria preciso construir um “meio-termo”, em vez de simplesmente pôr fim ao mecanismo tributário.
Hoje, empresas que fazem uso do JCP como forma de remunerar acionistas não pagam o imposto de renda (IR) nem a contribuição social (CSLL) sobre o provento, que entra como despesa no balanço e, assim, diminui a base para apuração da carga tributária. No ano passado, a Ambev pagou R$ 12 bilhões em JCP.