- Ibovespa costuma apresentar um desempenho positivo de outubro a dezembro
- A perspectiva real de uma recessão na maior economia do mundo segura a Bolsa brasileira
- Preço descontado dos ativos brasileiros explica o sentimento de otimismo moderado
Era para ser um fim de ano sem muitas amarras e coroado por um rali de alta. Afinal, o Ibovespa costuma apresentar um desempenho positivo de outubro a dezembro, especialmente em períodos de queda de juros, como o atual, com a perspectiva de novos cortes da Selic em novembro e dezembro. Mas no mercado o que impera mesmo é o “otimismo moderado”.
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O que segura a Bolsa de Valores brasileira neste momento é ainda a perspectiva real de uma recessão na maior economia do mundo, que teima em não acontecer. “Existe a chance de o movimento ser reflexo de algo mais profundo e duradouro, como o temor de inflação elevada por mais tempo. Além da possibilidade de que os juros mais altos acabem por causar um dano colateral, afetando, por exemplo, bancos médios nos EUA. Neste caso, o ambiente poderia se deteriorar mais”, diz Luíz Moran, head da EQI Research.
Desde o final de setembro, o Ibovespa vem em tendência de baixa. Iniciou outubro abaixo do piso dos 115 mil pontos. Fechou nesta quinta-feira (5) em seu pior nível desde junho, na casa dos 112.880 pontos, mas com uma diferença: no meio do ano, o índice apontava para cima.
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“No Brasil, o cenário é favorável para um rali de fim de ano, com o início de um ciclo de corte de juros e a possibilidade de recuperação da economia global. Contudo, a dinâmica da taxa de juros global pode alterar essa percepção a qualquer momento”, explica o analista da Ouro Preto Investimentos, Sidney Lima.
Preço descontado atrai risco
O clima, no entanto, não é de pessimismo. Mesmo com as incertezas vindas de fora, o preço descontado dos ativos brasileiros em Bolsa é um belo atrativo, o que explica o sentimento de otimismo moderado.
A XP soltou relatório nesta quinta (5), assinado pelo head de alocação e fundos, Rodrigo Sgavioli, demonstrando esse percepção. O chefe de alocação da gestora diz que começou a tomar mais risco nas carteiras de clientes de perfil mais moderado e agressivo.
“Entendemos que ainda há espaço para a valorização do Ibovespa e de muitas das ações brasileiras daqui pra frente”, escreve Sgavioli. Sobre a lateralização do Ibovespa e até a recente queda no índice, ele diz que são eventos pontuais. “Vemos a performance do ciclo atual mais recente como uma pausa, não como uma mudança de tendência”, avalia.
Luiz Moran, da EQI, concorda que as ações brasileiras parecem baratas, desde que as incertezas no ambiente externo diminuam. “Neste caso, o Ibovespa poderia rapidamente ir para 135/140 mil pontos e fechar o ano em 120 mil seria plenamente factível”, diz.
Varejo sofre mais
Setores que poderiam estar bem nesta época do ano estão não outra ponta, naquela dos que mais sofrem. Devido a datas comemorativas como Dia das Crianças, Black Friday e Natal, o varejo era um dos setores preferidos neste período, já que a tendência é de receitas crescentes. “No entanto, é preciso considerar que este é um setor que foi prejudicado pela alta taxa de juros que vemos nos EUA”, diz Sidney Lima, da Ouro Preto.
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O reflexo disso é que o índice de consumo (Icon) da B3 bateu a mínima na sessão desta quinta, caindo 1,50%, com a maior parte das varejistas virando para o negativo. Os títulos do Tesouro americano se refletem na taxa DI e orientam o comportamento dos ativos domésticos mais sensíveis a juros.