O fundo Verde, da gestora que tem como sócio-fundador Luis Stuhlberger, anunciou manter suas posições aplicadas (que apostam na queda) em juros reais nos Estados Unidos, além de ter retomado as posições aplicadas em juros reais no Brasil. A informação consta na mais recente carta mensal da Verde, divulgada nesta segunda-feira (9).
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“O preço mais importante do mercado global, na grande maioria do tempo, é a taxa de juro do dólar. É a partir dele que praticamente todos os outros são derivados. Todas as taxas de desconto, ou custo de capital, ou qualquer outra forma de se descontar fluxo de caixa, das mais simples às mais sofisticadas ou esotéricas, em última instância dependem de qual é a taxa de juro da moeda mais importante. Essa lógica explica em grande medida o mês de setembro nos mercados: este tal preço mais importante do mundo subiu, e muito”, afirma a equipe de gestão da Verde.
Segundo a carta mensal, as taxas de longo prazo subiram “de maneira significativa” nas últimas semanas, embora os juros americanos já estivessem em um ciclo de alta. O título de dez anos avançou 46 pontos-base (pbs) no último mês e mais 20 pbs nos primeiros dias de outubro, o que está “impactando todas as classes de ativo e forçando reavaliações de cenário e portfólio”.
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Dentre os motivos para esse movimento das taxas, a Verde menciona a resiliência da economia norte-americana, com uma recessão que “insiste em não acontecer”; a incerteza fiscal, com a maior emissão de títulos após o aumento “substancial” dos déficits fiscais dos Estados Unidos; e o desequilíbrio com a redução da demanda por parte de compradores tradicionais.
“Olhando para a frente, nos parece que os níveis de preço atuais (próximos ou acima de 5% em toda extensão da curva nominal americana, ou acima de 2,50% de juros reais até onde a vista alcança) já embutem boa parte de um cenário ao mesmo tempo otimista com crescimento e pessimista com os outros pontos. E vemos várias pequenas rachaduras neste quadro, especialmente fragilidades acumuladas ao longo de uma década de juros baixíssimos, que podem reequilibrar o cenário”, avalia a gestora.
Ainda, a carta destaca que os “períodos de alta violenta de taxas de juros americanas costumam ser bastante perniciosos para mercados emergentes, e setembro seguiu este padrão”.
Redução de risco no Brasil
A gestora reduziu o risco na alocação vendida (que aposta na queda) no dólar contra o real e marginalmente em ações brasileiras, e aumentou o risco em juros, segundo a carta mensal. “O cenário fundamental para o Brasil não mudou, mas as condições de contorno globais estão impondo restrições mais fortes”, descreve.
Além disso, o fundo está com uma exposição menor em ações, tendo reduzido a carteira no Brasil e aumentado as proteções no mercado global. “Aproveitamos a alta das taxas de juros para transformar parte da posição comprada (que aposta na alta) em inflação implícita no Brasil em uma posição aplicada em juros reais”, diz a carta mensal.
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A posição em ouro foi zerada e a pequena alocação em petróleo foi mantida, assim como as posições em crédito high yield (ativos de remuneração acima da média) local e global.
Resultado em setembro
Em setembro, o Verde FIC FIM apresentou valorização de 0,85%, abaixo do indicador de referência, o CDI, que alta de 0,97%. Segundo a carta mensal, houve ganhos nas posições de inflação implícita no Brasil, proteções (hedge) com bolsa global, petróleo e moedas. As perdas vieram das posições em ouro, Bolsa local e juros em mercados desenvolvidos. No ano, o fundo acumula um avanço de 8,17%.