- Empresa tem andado de lado na bolsa desde 2021.
- Ação é atrativa, mas analistas preferem esperar.
- Mercado estima uma baixa no lucro dos próximos trimestres.
No final dos anos 1950, três amigos decidiram iniciar um negócio próprio na bucólica Jaraguá do Sul (SC). Depois de acertados os detalhes, Werner Ricardo Voigt, Eggon João da Silva e Geraldo Werminghaus fundaram a WEG (WEGE3), em 1961, inclusive utilizando a primeira letra do nome de cada um dos sócios para batizar a companhia.
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Passados 62 anos, a empresa de motores elétricos do norte catarinense alcança a segunda posição global ao adquirir da concorrente norte-americana Regal Rexnord (EUA), por US$ 400 milhões, as operações de mesmo nicho, conforme anunciado em 25 de setembro. A empresa, que já era um dos principais players globais, deu um salto com a compra.
Isso porque com o movimento corporativo acessou clientes e indústrias que, em outro contexto, demoraria a entrar, visto que a transação envolveu a Marathon Motors, marca consolidada no mercado dos Estados Unidos e pertencente à Regal. Agora, a catarinense pode reforçar seu cross-selling (venda cruzada, complementares à principal).
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Vale lembrar que a companhia tem mais de 40 mil empregados distribuídos nos 15 países onde tem fábricas. A empresa tem presença comercial em 135 países e faturamento líquido de R$ 29,9 bilhões, dos quais 59,3% são proveniente das vendas realizadas fora do Brasil, segundo o site de Relações com Investidores da WEG.
A ação WEGE3 fechou do dia 17 em baixa de 0,75%, cotada a R$ 34,39. O ativo reporta alta superior a 272% nos últimos cinco anos, ainda assim, por mais atrativo que seja o papel, há quem o considere caro e aguarde uma correção no preço.
O Banco do Brasil (BBAS3), por exemplo, divulgou relatório na manhã de ontem recomendando a venda da ação como estratégia de swing trade. O posicionamento do BB se contrapõe aos recentes anúncios por parte da WEG.
WEGE3: cara ou barata?
A Nord tem recomendação neutra para WEGE3 por considerar que o ativo está caro quando comparado a outras empresas que também reportam potencial de crescimento. A afirmação é de Bruce Barbosa, sócio-fundador e analista de ações, que reconhece o bom desempenho da companhia.
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“A WEG é a melhor empresa do Brasil no segmento industrial, reportando crescimento médio de 20% ao ano, e sequer depende do mercado interno, visto o volume de exportação anual”, destaca Barbosa, acrescentando que a empresa é altamente geradora de caixa, mas tem andado de lado desde que os juros começaram a subir em 2021.
Faz mais de dois anos, elenca, que as ações não conseguem subir e nem vencer o fluxo negativo da Bolsa brasileira, e isso fez com que ela ficasse até um pouco mais barata, pois negociava, anteriormente, a múltiplos mais altos. “Mas ainda assim está cara”, destaca.
Para os próximos 12 meses, Barbosa acredita que a companhia voltará a subir na esteira da normalização do mercado, que deve ocorrer nesse período e, do lado da inovação, ele ressalta que a empresa faz um produto que está em alta demanda, que é o motor elétrico, e está sempre presente nos grandes mercados mundiais, ou seja, vende para o mundo inteiro.
A recomendação dos analistas
O sócio e analista de bens de capital da Perfin, Marcelo Inoue, não tem uma visão muito otimista assim para a WEGE3 nos próximos 12 meses. Ele explica que a companhia irá começar a pagar um imposto de renda maior por efeito da taxação de preço de transferência.
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Segundo ele, para o Brasil se adequar à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), foi determinado que as companhias observassem o transfer price, ou valor cobrado por uma empresa na venda ou transferência de bens, serviços ou propriedade intangível. “Essa mudança tende a aumentar a tributação de quem usa subsidiárias com alíquota de imposto de renda menor, como é o caso da Áustria, país onde a WEG atua”, afirma
O executivo elenca que a WEG também se utiliza da distribuição de rendimentos aos acionistas por meio de juros sobre capital próprio (JCP) que, no Brasil, está em vias de ser modificado pelo Congresso e governo. “Estes dois fatores podem impactar o lucro da companhia entre 10% e 15%”, ressalta.
A Perfin tem recomendação neutra para a WEGE3, e o analista frisa que a empresa está com uma valorização relativamente alta. “A expectativa é que a companhia cresça seu lucro, em 2024, abaixo dos 10%, sendo que sempre performou acima dos 20%”, diz.
Ele ressalta, no entanto, que a WEG está exposta a mercados e tendências muito promissoras, como energia renovável, linhas de transmissão e eletrificação de veículos, e tem um público fiel, dentre os quais muitos estrangeiros. “Tem, ainda, muita pessoa física em sua base de acionistas.”
Queridinhas
Para Gabriel Rezende, analista do Itaú BBA, a A WEG permanece como uma das queridinhas dos investidores, um status obtido com um excelente track record (histórico de desempenho) ao longo dos últimos anos, que combina: aceleração de crescimento, avanço da rentabilidade e exposição a temas que vêm ganhando notoriedade (eletrificação, energias renováveis, etc.).
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Por conta disto, o banco de investimentos tem um rating de market perform (performance em linha com o mercado) com preço alvo em R$ 46 para a ação. “Os investidores costumam buscar papéis com perspectivas de boa performance no curto prazo, o que tem deixado a jaraguaense fora da lista de opções dos analistas”, diz.
Ele acrescenta que a empresa atingiu um patamar de rentabilidade que deve arrefecer nos próximos trimestres e o crescimento visto ao longo dos últimos anos está se acomodando em um patamar mais baixo. “Esses são os principais fatores deixando o mercado um pouco menos animado com a ação”, afirma.