O dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira (7), em queda de 0,26%, cotado a R$ 4,8750 – menor valor de fechamento desde 19 de setembro. Foi o quinto pregão consecutivo de baixa da moeda americana no mercado doméstico, que já acumula desvalorização de 3,30% em novembro. Na mínima, a divisa rompeu o nível de R$ 4,86 (R$ 4,8593).
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Operadores apontam a perspectiva de manutenção de diferencial de juros interno e externo favorável nos próximos meses, o fluxo expressivo de recursos via comércio exterior e o andamento da agenda econômica no Congresso como pontos que impulsionaram a moeda brasileira. Foi aprovado à tarde na Comissão Mista de Orçamento (CMO) o relatório preliminar da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) com meta de déficit zero em 2024.
Ao alívio nas taxas dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano) nos últimos dias, após dados abaixo do esperado do mercado de trabalho nos EUA na semana passada reforçarem a aposta de manutenção dos juros pelo Federal Reserve em dezembro, soma-se a perspectiva de que não haverá aceleração do ritmo de queda da taxa Selic. A avaliação é a de que ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada hoje pela manhã, trouxe um tom levemente mais duro. No documento, o comitê diz que o ambiente externo se tornou mais desafiador, o que “exige cautela por parte de países emergentes”.
O head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, observa que hoje apenas o real e o peso mexicano apresentaram ganhos em relação ao dólar entre as divisas emergentes e de países exportadores de commodities mais relevantes. “Houve um alívio das taxas americanas e aqui parece que vamos ter juro elevado por um bom tempo. Temos taxas reais elevadas um diferencial de juros ainda muito alto, que estimula a busca por carry trade. É a mesma condição do México”, afirma Weigt, acrescentando que o saldo expressivo da balança comercial garante um fluxo contínuo de dólar e dá mais conforto aos investidores.
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O tesoureiro do Travelex observa que a mudança de nível das taxas longas nos EUA foi bem pronunciada nos últimos dias, tirando pressão sobre as divisas emergentes. O retorno da T-note de 10 anos, que chegou a atingir 5,00% no fim de outubro, furou no fim da semana passada o piso de 4,60%. As taxas longas americanas recuaram em bloco mais uma vez hoje, com a T-note de 10 anos ao redor de 4,58%, em meio ao tombo das cotações internacionais do petróleo e consequente alívio das pressões inflacionárias.
Por aqui, em evento pela manhã, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu que o ritmo de corte da Selic em 0,50 ponto porcentual é, por ora, apropriado, considerando a “visibilidade” para as próximas duas reuniões do Copom. Ele ressaltou que, embora tenha diminuído, o diferencial entre juros interno e externo ainda é alto. O real, disse Campos Neto, tem se destacado como moeda relativamente estável entre emergentes. O pior cenário para o mundo emergentes, segundo o presidente do BC, seria um cenário em que o prêmio de risco nos países desenvolvidos comece a subir. Se, ao mesmo tempo, houver piora fiscal no Brasil, o cenário pode ficar mais complicado, alertou.