- Os juros americanos estão em um nível histórico de remuneração
- Confira alguns dos ETFs de renda fixa mais conhecidos
- Os ETFs de renda fixa privada oferecem exposição a títulos corporativos de empresas americanas e internacionais
Os juros americanos chegaram em um nível histórico de remuneração que fica difícil de ignorar, até mesmo pelo investidor pessoa física. Com retornos de 5,5% no curto prazo, o investidor pode deixar parte do patrimônio protegido em dólar por meio de ETFs (fundos de índice) e, ainda por cima, acessar esse mercado sem precisar mover quantias impraticáveis de recursos, com bastante segurança.
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“O ETF constitui o veículo mais eficiente, democrático e simples para acessar diversas classes de ativos no Brasil e no exterior”, diz o Caio Zylbersztajn, consultor e sócio da Nord Investimentos. “Nos Estados Unidos este é um veículo amplamente divulgado, acessado e desenvolvido”, completa.
Há uma série de ETFs de diferentes classes de ativos e exposições e, no caso da renda fixa, há a vantagem do acesso a variadas estratégias e volumes de investimentos.
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Um TFLO, fundo da iShares da BlackRock, uma das maiores gestoras do mundo, tem um custo unitário de US$ 50, algo próximo a R$ 250. O produto dá exposição a títulos do Tesouro americano, com taxa flutuante muito semelhante ao LFTS11, ETF brasileiro que replica o Tesouro Selic.
Este valor é bem diferente de boletas de US$ 5 mil, US$ 50 mil, US$ 200 mil exigidas pelas corretoras americanas para entrar nos bonds (títulos de renda fixa) de lá. “O melhor é que essa exposição se dá de forma segura, porque tem um especialista olhando e fazendo a gestão dos ativos dentro do ETF”, lembra Rodrigo Aloi, chefe de estratégia da HMC, representante da First Trust no Brasil, gestora global de inúmeros ETFs na bolsa americana.
Contas internacionais
O acesso aos produtos ocorre por meio de contas internacionais cada vez mais acessíveis, inclusive por meio das corretoras brasileiras. Basta depositar reais e convertê-los em dólares na conta, para iniciar as negociações. Entre os produtos mais citados pelos gestores brasileiros estão os ETFs lançados pela iShares da BlackRock e os da Vanguard, outra gigante americana do mercado financeiro.
Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research, conta que outra possibilidade para acessar o mercado de renda fixa americano se dá por meio dos ETFs com vencimento, que permitem ao investidor fazer um paralelo com o Tesouro Direto brasileiro, dando a opção de carregar o produto até o vencimento ou se desfazer dele ao longo do caminho a preço de mercado.
A diferença para o mercado brasileiro é que a curva de juros nos EUA está invertida, com os títulos de longo prazo pagando menos que os curto prazo. Isso acontece porque a perspectiva do mercado era de que a elevação dos juros no curto prazo levariam à recessão no futuro. O problema é que a economia segue rodando bem.
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Um cenário que à primeira vista é bem mais interessante, visto que os títulos mais curtos são menos voláteis. O problema de manter o investimento no curto prazo é que, quando os juros começarem a cair, o investidor vai pegar a taxa nova. “Títulos de curto prazo estão pagando 5,5%, mas são de três meses e é necessário investimento recorrente”, diz Enzo.
Enquanto isso, há ETFs de longo prazo pagando 5,12%. No entanto, o investidor que aposta no longo prazo verá seu título valorizar na marcação a mercado quando os juros começarem a baixar. O risco desta estratégia, no entanto, é que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) ainda dá sinais de mais aperto monetário e até onde vão os juros dos EUA é hoje a grande questão da economia mundial.
Outro ponto importante para ter em mente ao pensar em investir nos juros americanos por meio de ETFs é que há dois tipos, um de fundos atrelados aos títulos públicos e outro ligado ao crédito privado de empresas norte-americanas ou de economias desenvolvidas.
Renda fixa corporativa
A renda fixa corporativa, no entanto, não está tão atrativa, pois está pagando uma taxa de carrego um pouco superior aos de títulos públicos, numa relação de risco de crédito que, para muitos especialistas, não compensa. “Na opinião da Nord o mercado de crédito de empresas dos EUA e países desenvolvidos está com um spread (diferença entre o preço de compra e o preço de venda) muito baixo, então preferimos a exposição aos títulos soberanos.”
O risco cambial também se impõe como fator a ser levado em consideração, mesmo que no longo prazo o dólar tende a bater o real. Há, ainda, os custos: o governo americano taxa a renda na fonte em 30%.
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Ao trazer de volta o dinheiro para o Brasil, o investidor poderá indicar que pagou o Imposto de Renda do lado americano e utilizar este porcentual como crédito do lado brasileiro. “Como a alíquota brasileira é de 27,5%, o investidor não terá mais nenhum valor adicional a recolher no Brasil sobre o rendimento gerado pelo ETF”, diz Luis Guilherme Gonçalves, sócio da BT7 Partners.
Segundo Gonçalves, a utilização do imposto americano como crédito é possível com base no reconhecimento de reciprocidade entre os países conforme Ato Declaratório SRF Nº 28/2000.
Além dos impostos, há as taxas de serviço das corretoras e gestoras, com um funcionamento bem transparente. A coleção iShares de ETFs da BlackRock, por exemplo, calcula na página de cada um de seus produtos o valor médio porcentual que será pago até o vencimento do ativo em relação ao seu valor de compra, o custo da operação e o rendimento líquido depois das taxas, na casa dos 0,15%.
ETFs de renda fixa mais conhecidos
TFLO
O ETF iShares Treasury Floating Rate Bond busca acompanhar os resultados de investimento de um índice composto por títulos de taxa flutuante do Tesouro dos EUA . Em outras palavras, busca a taxa básica, como a LFTS11 busca a Selic no Brasil. Até 19 de outubro pagava um retorno de 4,18%, menos 0,15% de taxas e tinha US$ 50,64 de custo unitário.
SHV
O ETF iShares Short Treasury Bond acompanha os resultados de índice composto por títulos do Tesouro dos EUA de curto prazo com vencimentos de até um ano. Pagava retorno de 5,47% e custo unitário de US$ 110,29.
SHY
O ETF iShares 1-3 Year Treasury Bond busca acompanhar os resultados de investimento de um índice composto por títulos do Tesouro dos EUA com vencimentos entre um e três anos. Com remuneração esperada de 5,64%. São títulos mais curtos que o SHV e o TLFO.
TLT
O ETF iShares 20+ Year Treasury Bond busca acompanhar os resultados de investimento de um índice composto por títulos do Tesouro dos EUA com vencimentos superiores a vinte anos. Está com uma taxa média esperada de 5,21% com preços dos bonds de 16 anos. É possível entrar a partir de US$ 83,40
IBTH
Replica títulos do Tesouro dos EUA com vencimento entre 1º de janeiro de 2027 e 15 de dezembro de 2027 por meio de um único ticker. É projetado para amadurecer como um título e negociar como uma ação. Tem uma duration (prazo médio para recuperar o investimento realizado na compra do ativo) de 3,48 anos e uma rentabilidade esperada de 4,83% ao ano até o vencimento.
ETFs de renda fixa privada
BND
O Vanguard Total Bond Market ETF replica a média de bonds emitidos por empresas americanas. O produto – da gestora Vanguard, outra gigante do setor financeiro americano – tem um prazo médio de duration de 7,1 anos e taxa de 5,3% até o vencimento.
NDX
O Vanguard Total International Bond ETF tem a mesma característica do BND, com a diferença de que trabalha com bonds emitidos por empresas não americanas de países desenvolvidos. Como tem um risco de crédito um pouco maior incorporado ao prêmio de risco, paga um pouco mais: 5,4%.
IBDP
Dá acesso a um portfólio de títulos corporativos com grau de investimento, com vencimento entre 1º de janeiro de 2024 e 15 de dezembro de 2024. Previsão de retorno em 5,98% até o vencimento, com um duration de 0,66 ano.