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Como investir nos juros dos EUA com menos de US$ 100

Contas internacionais oferecem acesso aos juros americanos com aplicações mais baixas

Como investir nos juros dos EUA com menos de US$ 100
Subida dos treasuries estimula retirada de capital de mercados emergentes. Foto: Pixabay
  • É possível acessar a renda fixa dos EUA sem comprar diretamente os títulos do tesouro americano
  • ETFs de renda fixa são o caminho mais simples para o investidor brasileiro se expor aos juros americanos
  • Diversificação no exterior deve ser pensada como uma estratégia de proteção à desvalorização cambial

O custo de compra de títulos do tesouro americano pode ser elevado para o brasileiro médio, que terá de pagar preços acima de US$ 5 mil. Isso significa um desembolso de mais de R$ 25 mil, que não pode ser fracionado, como acontece em investimentos em bolsas americanas.

Mesmo para quem não dispõe deste montante, ainda é possível acessar a renda fixa dos Estados Unidos por meio das contas internacionais oferecidas pelas instituições financeiras do Brasil.

Nos últimos meses, o aperto monetário nos EUA para segurar a inflação chamou a atenção dos investidores brasileiros para os chamados Treasuries. Os títulos do governo dos EUA são considerados o investimento mais seguro do mundo e pagam hoje, no curto prazo, 5,5% ao ano em dólar. Esse percentual é o mais alto da curva de juros americana neste século.

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Para os menos abastados, há alternativas como fundo  Money Market, da Avenue, com prazo de liquidez D+2 a partir de US$ 1.000. Ainda sim, um valor alto, se considerar que não é todo brasileiro que pode reservar mais de R$ 5 mil em um aporte mensal, depois de pagar todas as suas contas. O dólar varia hoje acima dos R$ 5.

Entre as opções do mercado, clientes da conta internacional do C6 Bank têm duas opções de ficarem expostos aos juros americanos, com investimentos a partir de US$ 100, ou pouco mais de R$ 500. A instituição oferece os chamados TDs (time deposits) de resgate diário, sem taxa de corretagem.

No entanto, há alguns custos envolvidos. A conta internacional do banco tem uma anuidade de US$ 120 (em 12x de US$ 10) com taxa de manutenção de 6% ao ano sobre o patrimônio líquido, isento para correntistas com menos de US$ 10 mil aplicados. Ainda há incidência de Imposto de Renda no resgate.

ETFs são o caminho mais simples

Outros bancos e gestoras que não possuem produtos específicos em suas contas globais dão acesso, ao menos, aos ETFs (Exchange-traded fund), fundos de índice negociados na bolsa americana que permitem a exposição aos títulos de dívida do governo do EUA.

“Com US$ 20, US$ 50, US$ 100 dólares é possível investir em renda fixa americana”, afirma William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue. Os custos deste produto envolvem taxas anuais de administração do fundo (cobradas diariamente) e corretagem na compra e venda do ETF. Caso a venda de ativos não ultrapasse R$ 35 mil em um mês, não há cobrança de IR.

Há inúmeros ETFs atrelados à renda fixa americana. Para quem quer investir pensando no longo prazo (e com alta volatilidade de curto prazo), o TLT, da gestora BlackRock, é um exemplo de ETF com muita liquidez. Para quem pensa num prazo menor e quer ficar atrelado à inflação americana, há outros como o TIP (BlackRock) e o VTIP da Vanguard, maior gestora de fundos de investimento do mundo.

Os cuidados ao investir no exterior

Apesar de ser o caminho mais simples para o investidor brasileiro ter acesso à renda fixa americana, investir em ETFs envolve cuidados. Inclusive, é importante evitar comprá-los em momentos de alta do mercado.

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“O investidor precisa estar ciente do custo de oportunidade. Quando investe num produto, ele deixa de investir em outro”, diz Bruno Perottoni, diretor de tesouraria do Braza Bank. Ele recomenda que o primeiro passo para dolarizar os investimentos, e entender as aplicações de produtos como ETFs, é buscar um bom gestor de investimentos, atrelados a entidades reguladas e supervisionadas pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) aqui no Brasil e a SEC (Securities and Exchange Commission), nos EUA.

Perottoni lembra ainda que, mesmo com os juros americanos pagando algo em torno de 5%, as taxas básicas no Brasil são superiores a 12%, atualmente. “Além disso, há um custo de fechamento de câmbio para enviar dinheiro e trazê-lo de volta, além do IR. É uma conta mais complexa”, afirma.

Proteção em dólar

Celso Pereira, diretor de Investimentos da Nomad, casa que oferece conta internacional ao investidor brasileiro, pondera que é preciso levar em conta a proteção em dólar, quando se fala em investimentos na renda fixa americana. “No último mês, o câmbio variou 1,6%, passou de R$ 4,98 para o atual nível de R$ 5,5. Se anualizar essa taxa, chegamos a 21%, um retorno superior à atual Selic de 12,75%”, argumenta.

Ele defende que a diversificação no exterior deve ser pensada como uma estratégia de proteção à desvalorização cambial e como diversificação de riscos. E, como investir em renda fixa americana envolve o câmbio, o investidor deve estar preparado para uma volatilidade intensa no curto prazo. “É comum o dólar variar 2%, 3% numa semana”, comenta Pereira.

Mesmo considerando que a moeda americana entrou num patamar mais alto desde setembro, acima dos R$ 5 e, ainda, a uma descompressão nas mensagens do Fed em relação ao aperto monetário, Alves reforça que o investimento em títulos americanos são importantes para a diversificação na carteira e apresentam, agora, uma boa oportunidade de entrada.

“Se pensar a longo prazo – em um horizonte de cinco anos -, o nível atual da taxa de câmbio não deve ser um problema. Além disso, as maiores taxas de juros dos últimos anos continuam sendo uma realidade nos EUA”, diz.

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