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Petrobras (PETR3; PETR4) faz o maior corte de dividendos no mundo no 3° tri

Relatório da gestora britânica Janus Henderson elenca também as 10 maiores empresas pagadoras de proventos

Petrobras (PETR3; PETR4) faz o maior corte de dividendos no mundo no 3° tri
Petróleo extraído do campo de exploração da Petrobras. (Imagem: Sergio Moraes/Reuters)

Na espera da sua política de investimentos, o cenário para Petrobras (PETR3; PETR4) não parece trazer boas novidades. Pelo segundo trimestre consecutivo, a petrolífera lidera os cortes de dividendos em todo o planeta, segundo a 40ª edição do Índice Global de Dividendos da gestora britânica Janus Henderson, divulgada nesta quarta-feira (15).

Os investidores sentiram mais uma vez no bolso os impactos das mudanças de perfil da companhia, que está menos interessada em remunerar os seus acionistas. Desta vez o corte foi da ordem de US$ 9,6 bilhões na comparação anual. No terceiro trimestre de 2022, a Petrobras havia remunerado os seus investidores com US$ 12,3 bilhões em dividendos, enquanto no mesmo período deste ano o montante recuou para US$ 2,8 bilhões.

A Petrobras que figurava no ano passado como a terceira maior pagadora de dividendos do mundo no terceiro trimestre entrou em queda livre para a 19ª posição.

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A petroleira brasileira não foi, porém, a única a desacelerar no terceiro trimestre, revelam os dados da Janus Henderson, gestora que tem aproximadamente US$ 308,3 bilhões em ativos sob gestão. Outra que recuou foi a mineradora australiana BHP. A companhia cortou seus proventos de US$ 12,659 bilhões para US$ 5,791 bilhões ano contra ano.

Segundo a Janus Henderson, foi graças a Petrobras e BHP que os dividendos globais desaceleraram no trimestre, apresentando uma diminuição nominal de 0,9%, atingindo US$ 421,9 bilhões no período.  Em relação ao crescimento subjacente, que desconsidera dividendos extraordinários, câmbio e outros fatores técnicos, os proventos globais na verdade teriam apresentado um crescimento de 0,3% no terceiro trimestre.

No relatório, que analisa trimestralmente as 1.200 empresas do mundo por capitalização de mercado, a Janus Henderson informa que, sem Petrobras e BHP, o crescimento subjacente teria sido de 5,3%. Estas companhias representaram juntas os maiores cortes de dividendos do mundo no período.

As melhores pagadoras

A China dominou o ranking de maiores pagadoras de dividendos no terceiro trimestre com empresas como o China Construction Bank Corp liderando com US$ 12,989 bilhões, seguido pela Petrochina e China Mobile Limited, que pagaram US$ 6,567 e US$ 6.366 bilhões em proventos, respectivamente.

A predominância de empresas chinesas nesse trimestre resulta de um padrão sazonal, explicado pela Janus Henderson. O terceiro trimestre marca um pico sazonal, refletindo os dividendos anunciados com base nos lucros de 2022. Na China, os pagamentos aumentaram 7,8% em termos subjacentes, alcançando um recorde de US$ 38,2 bilhões.

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A Petrochina teve um impacto significativo ao mais que dobrar seus dividendos em relação ao ano anterior, atingindo US$ 6,5 bilhões, e se tornando a segunda maior pagadora de dividendos do mundo no trimestre. Isso ajudou a mitigar a fragilidade observada nos bancos e empresas imobiliárias chinesas.

Em Hong Kong, o crescimento foi contido devido ao setor imobiliário, com cada empresa reduzindo ou mantendo estáveis seus dividendos.

Globalmente, além da China, os Estados Unidos registraram um crescimento de 4,5% nos dividendos, considerado um aumento saudável. Aproximadamente 98% das empresas americanas aumentaram ou mantiveram seus pagamentos estáveis. Na Europa o padrão de crescimento se manteve forte, contrabalançando a fraqueza observada no Brasil.

Confira as dez maiores pagadoras de dividendos do mundo:

  1. China Construction Bank Corp (US$ 12,989 bilhões)
  2. PetroChina (US$ 6,567 bilhões)
  3. China Mobile Limited (US$ 6,366 bilhões)
  4. BHP Group Limited (US$ 5,791 bilhões)
  5. Microsoft Corporation (US$ 5,052 bilhões)
  6. Evergreen Marine Corporation -Taiwan (US$ 4,741 bilhões)
  7. Cnooc (US$ 4,279 bilhões)
  8. Media Tek (US$ 3,904 bilhões)
  9. Apple Inc (US$ 3,752 bilhões)
  10. Glencore plc (US$ 3,706 bilhões)

Brasileiras e emergentes no ranking

O Brasil sentiu o baque: os dividendos despencaram 67,1%, totalizando R$ 5,8 bilhões no terceiro trimestre de 2023, contra os US$ 16,4 bilhões registrados no mesmo período em 2022, impulsionados principalmente pelos cortes da Petrobras. A Vale (VALE3) também contribuiu para esse cenário ao pagar US$ 1,764 bilhão em 2023, abaixo dos US$ 3,261 bilhões do ano passado.

Apesar disso, algumas companhias brasileiras como Bradesco (BBDC4) e Weg (WEGE3) se destacaram com aumentos saudáveis em seus dividendos, o que ajudou a atenuar as perdas causadas pelas commodities.

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O Bradesco elevou seus pagamentos de US$ 219 milhões para US$ 251  milhões se comparado o terceiro trimestre de 2022 com o mesmo período neste ano, compensando as perdas de alguns dividendos de commodities.

Outras empresas brasileiras presentes no ranking do terceiro trimestre são: Banco do Brasil (BBAS3), distribuindo US$ 678 milhões em dividendos, a B3 (B3SA3) com US$ 138 milhões e a Weg, com US$ 137 milhões em pagamentos de proventos.

O que esperar?

O futuro dos dividendos globais ainda é positivo apesar da queda vista no terceiro trimestre. Projeções da Janus Henderson esperam por um crescimento nominal de 4,4% em relação a 2022, para US$1,63 trilhão, com um leve ajuste diante dos US$ 1,64 trilhão antes projetados.

Já sobre o crescimento subjacente, a expectativa da gestora é de uma aceleração entre 5% a 5,3%. Ben Lofthouse, da Janus Henderson, destaca que apesar dos desafios em setores como commodities, os dividendos continuam fortes em várias regiões e setores, com vários países caminhando para recordes tais como Estados Unidos, França, Canadá, Suíça e China, o que deve potencializar a concretização das projeções.

Ele reforça que a queda no terceiro trimestre de 2023 não é motivo de preocupação, dado que os dividendos costumam ser menos voláteis que os lucros e que é perceptível que nos últimos meses estes se tornaram menos dependentes de eventos pontuais e taxas de câmbio.

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Para Lofthouse, os números mostram que uma carteira global diversificada pode contrabalancear os dividendos em declínio. “O crescimento dos dividendos das empresas continua forte em uma ampla gama de setores e regiões, com exceção das commodities, mineração e química”, pontua.

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