- Louise Barsi construiu a Ações Garantem o Futuro (AGF), referência em educação financeira e assessoria de investimentos
- Aviação e varejo são setores da B3 cujas empresas Barsi diz que não investiria
- "Os investimentos são uma alavanca, que permitem a otimização e multiplicação desses recursos", diz ela
Quando pensamos em Warren Buffett brasileiro imediatamente pensamos em Luiz Barsi. Começando com US$ 10 mil hoje tem um patrimônio de mais de R$ 4 bilhões, alocados em diversas empresas do País. Seu nome tem tamanha força que, quando fala que está investindo em uma determinada empresa, diversos investidores também aportam. Do seu lado direito e esquerdo, não está a sua herdeira. Está a sua sucessora Louise Barsi.
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Ela poderia ser apenas uma patricinha vivendo uma boa vida proporcionada pelo patrimônio do pai, mas o sangue fala mais forte. Conheço bem a história dela e o quanto ralou para construir a Ações Garantem o Futuro (AGF), referência em educação financeira e assessoria de investimentos.
Louise Barsi construiu seu próprio patrimônio. Não precisa do dinheiro que herdará para ter uma vida confortável. Você confere abaixo o nosso bate-papo.
1-Quais são os maiores erros dos investidores?
Todo investidor, iniciante ou avançado, já errou. Errar é inevitável e, na verdade, é condição importante para o desenvolvimento da trajetória de longo prazo. A pior coisa que pode acontecer ao iniciante é começar acertando, porque o excesso de confiança e a ganância podem te levar a acreditar, falsamente, que você é um gênio.
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Dito isso, é importante evitar os erros que podem te tirar do jogo definitivamente, como girar a posição frequentemente, não ter uma estratégia e objetivos bem definidos, além de aplicar recursos que serão usados para outros fins no curto prazo, que não deveriam jamais terem sido direcionados para a renda variável. Esses são os erros que, geralmente, fazem os investidores saírem da Bolsa e nunca mais retornarem.
2-E quais foram seus maiores erros na sua vida financeira?
Ter saído da minha estratégia principal por falta de paciência e ganância. Já tive ações de setores que hoje não compraria nem por R$ 1 real, como varejo, aviação e proteína animal. São segmentos que dificilmente se encaixam em uma carteira previdenciária, que prioriza a perenidade e recorrência dos dividendos. Pior, em algum desses casos, insisti no erro e fiz o “preço médio”. Quando se identifica um erro, o melhor a se fazer, muitas vezes, é simplesmente arrancar o band-aid e voltar para o seu objetivo.
3-A maior parte do seu patrimônio você conquistou investindo ou empreendendo?
Trabalhando e empreendendo. Os investimentos são uma alavanca, que permitem a otimização e multiplicação desses recursos. Sem renda ativa é impossível ter renda passiva.
4-Como está hoje sua carteira de investimentos? Quais os tipos de ativos que possui e qual o percentual alocado em cada um deles?
Não tenho uma regra definida, uma receita pronta, mas estou com mais caixa do que gostaria. Tenho 6 meses de custos fixos em reserva de emergência na renda fixa, sendo um valor que nem considero no portfólio total. Investidos, tenho cerca de 15% em caixa e o restante divididos em 16 ações. O percentual entre cada uma varia muito de acordo com os preços, mas boa parte está em Seguros, Bancos, Energia e Defesa.
5-Que tipo de empresa da B3 você jamais investiria e por quê?
Aviação e varejo acho que são clássicos exemplos. São setores frágeis, voláteis, expostos a diversas externalidades que não se pode controlar, além de margens apertadas e geração de fluxo de caixa fraca.
6-Hoje, qual o percentual do que você ganha que você investe e qual o que você guarda?
Já tenho minha reserva de emergência estabelecida, então tudo que sobra, entre 30% e 40%, redireciono para os investimentos. Mantenho meus custos fixos baixos, para poder proporcionar com tranquilidade outros gastos variáveis, a maioria com experiências, como viajar.
7-Se você ganhasse seus primeiros R$ 100 mil hoje, como você investiria?
Vamos considerar que esta pessoa já tenha uma reserva de emergência estabelecida e estejamos falando de recursos para investir? Dividiria este valor em aportes de 24 meses, deixando na renda fixa enquanto não fossem aplicados em renda variável.
8-Se hoje você possuísse os R$ 4 bilhões do seu pai na sua conta, obviamente que a maior parte você investiria em ações. Mas em relação a bens materiais e experiências. Como gastaria parte desse dinheiro?
É curioso se perguntar sobre isso, porque os R$ 4 bilhões não são em “dinheiro”, são a somatória de um patrimônio alocado em empresas. Este valor oscila conforme o humor do mercado.
O que se deve considerar é a renda que este patrimônio gera. Não tenho dúvida que manteria o mesmo padrão de vida que tenho hoje, que já é bastante confortável, reinvestindo os dividendos. Investiria também em uma Fundação que apoia iniciativas de educação financeira para jovens e capacitação de professores. É um desejo que pretendo realizar no futuro.